#SóMulherSabe: "Curto sexo casual com homem e mulher e exijo respeito"
A favor da liberdade sexual, a professora e feminista Renata Oliveira, 31, sempre gostou de sexo casual. “Separo sexo de sentimento. Já transei sem estar apaixonada e já me apaixonei por pessoas com quem nunca transei”. Adepta de um relacionamento aberto com o ex-marido por sete anos, por iniciativa dela, ela conta o preconceito e as dificuldades que teve nesse tipo de relação por ser mulher. Leia o depoimento de Renata.
“Minha sexualidade sempre foi ativa. Na época de solteira, gostava de sair e fazer sexo com todo mundo. Comecei a namorar com o meu ex-marido e, por oito meses, nossa relação foi monogâmica. Ficamos separados por um tempo e, quando ele me pediu para voltar, eu disse que só voltaria se nosso relacionamento fosse aberto. Nunca fui ciumenta e após algumas cenas de ciúme dele, falei que não via sentido naquilo. Não tinha paciência.
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Ele ficou encanado e disse que não aceitaria, pois se sentiria humilhado de saberem que eu o traía. Eu expliquei que não seria traição, uma vez que ele teria conhecimento e consentiria que eu saísse com outras pessoas e vice-versa. Ele topou e o esquema funcionou durante sete anos, nos três anos de namoro e quatro de casados.
Eu e meu marido podíamos sair sozinhos ou juntos para fazer sexo com outros
O acordo era que podíamos sair sozinhos ou juntos para fazer sexo com outras pessoas, mas nada além disso. Não podíamos levar para jantar, ir ao cinema e nem ter amizade. A cumplicidade, o companheirismo e o amor era algo que deveria existir somente entre nós.
Quando contamos a novidade para algumas pessoas, as reações foram diferentes. Inicialmente, os amigos dele morreram de inveja, mas quando ele disse que eu também faria isso, eles falaram que não era tão legal e alguns perderam o respeito por mim. Não queriam mais que eu fosse amiga das esposas deles por terem medo de eu incentivá-las. Elas também ficavam preocupadas quando sabiam que ia participar de um encontro com os rapazes. Não rolou nenhum receio do pessoal da parte do meu ex, mas eu era considerada a ‘maligna’.
Meu marido tinha que agitar os caras para mim
Encontrei outras dificuldades por ser mulher nesse tipo de relação. Era difícil convencer os caras a saírem comigo; eles queriam ter certeza de que meu ex não se importaria. Teve uma vez que estávamos na balada e meu ex estava com uma menina. Cheguei num conhecido, disse que queria fazer sexo com ele. Ele falou que era uma sacanagem fazer isso com meu marido. Só aceitou quando meu ex disse que estava liberado. Nesse dia, nós quatro fomos para casa. Fiquei com o cara no quarto e meu ex e a menina ficaram na sala.
Teve uma outra situação em que meu ex estava com uma moça e os colegas dele comentaram como ela era gostosa, mas quando eu comecei a pegar um cara, um dos amigos quis bater nele, porque ele tinha ‘ficado com a ‘mina’ do meu amigo’. Meu ex teve de intervir e dizer que estava tudo bem.
Alguns homens queriam me tratar como prostituta
Os homens ficavam assustados quando eu chegava neles porque era incomum uma mulher ter uma iniciativa assim. Também ficavam surpresos quando eu dizia que era bissexual. Alguns se sentiam lisonjeados e outros me achavam fácil demais. Ao aceitar sair comigo, alguns queriam me tratar como se eu fosse uma prostituta. Como eu estava disponível, eles achavam que podiam fazer o que quisessem comigo. Eu me impunha e tratava-os como objeto.
Os caras nunca confiavam que eu queria só sexo. Eles achavam que eu iria me apaixonar e ficar grudenta, mas eu falava que não era assim. Na minha opinião, isso acontece porque a maioria das mulheres ainda se comporta desse jeito.
Eles achavam que podiam fazer o que quisessem comigo.
Quando o sexo está ruim, finjo orgasmo
Virar adepta do relacionamento aberto melhorou muito minha vida sexual. Eu me sentia constantemente desejada pelo meu ex-marido e por outras pessoas. Isso ajudava a quebrar a rotina chata do casamento e aumentava a minha libido. Mas eu também já tive experiências ruins. Quando saía com dois caras, um dos dois sempre brochava. Os homens adoram sair com duas mulheres, mas o contrário é complicado para eles.
Quando curto transar com alguém, tomo a liberdade de dar instruções e falar o que eu gosto e o que não gosto. Quando o sexo está ruim e o cara não aceita sugestões, eu finjo orgasmo, digo que foi ótimo e dou tchau.
Estou separada há três anos e continuo com a minha sexualidade ativa. Na nossa cultura, o homem que pega todo mundo é foda a mulher que faz isso é ‘vadia’.
Homens adoram sair com duas mulheres, mas o contrário é complicado para eles.
Não concordo. Gosto de fazer sexo casual com homens e mulheres e quero ser respeitada por isso. Todas as mulheres devem ser livres para exercer a própria sexualidade do jeito que preferirem”.
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