"Desmaiei quando um cachorro se aproximou"; histórias de quem tem cinofobia
Você se derrete ao ver um cão? Pois saiba que existem pessoas que chegam a desmaiar de medo ao se deparar com um. Quem sofre de cinofobia, medo incontrolável de cachorros, não consegue se aproximar desses bichos. Diferente do medo, que não impede a pessoa de agir, a fobia paralisa. É um medo irracional que chega a afetar a rotina do indivíduo e demanda tratamento psicológico para aprender a enfrentar a situação. A seguir, duas mulheres contam como convivem com o problema e com o julgamento de quem não compreende a fobia.
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Desmaio e medo de sair de casa
“Acho que o meu medo de cachorros veio da minha família, porque a minha mãe tem e algumas tias também. Mas o que sinto é mais intenso. Desde que me lembro, ao ver um cachorro o meu corpo tem as seguintes reações: começo a suar frio, às vezes fico tonta, tenho taquicardia e fico muito nervosa.
Eu acho bonitinho, vejo fotos e vídeos, mas nunca consegui encostar em um. Uma vez, fui a um sítio que tinha um cachorro. Pedi ao meu namorado para segurá-lo e fui direto para o quarto. A dona do sítio soube e resolveu ir até o quarto com o ele, alegando que eu tinha de perder o medo. Quando ela entrou com o cachorro, o colocou em cima da cama. Ele chegou do meu lado e eu desmaiei. Fui acordada pelo meu namorado. Ainda tive que ouvir da que desmaiar foi exagerado da minha parte.
Esse é um problema comum na minha vida: as pessoas minimizam o que eu sinto, não respeitam. O que eu mais escuto é ‘mas ele não morde’. Ou ‘como pode ter medo de um bicho tão fofinho?’.
As pessoas acham que eu escolhi ter medo de cachorro É por isso que eu deixo de ir na casa de amigos ou parentes que têm cachorros –eu também não quero incomodar.
Hoje eu moro em um condomínio e sempre que vou sair, tenho que olhar da janela se não há cachorro solto no estacionamento –o que é bastante comum. Já cheguei a esperar por duas horas para sair de casa. No fim, tive que pedir para o meu pai descer os andares comigo e me ‘proteger’ até que eu entrasse no carro. Agora, se tenho que estar em um lugar dali uma hora, duas horas antes já estou pronta, porque sei que posso demorar para conseguir sair de casa.”
Giovana Paula Nascimento, 21, estudante.
Tremor e vontade de chorar
“O meu medo é constante, desde a infância. Se eu sei que onde estou indo tem um cachorro, eu repenso meus planos. Na época do colégio, eu estudava no período de manhã e havia dias que meu pai não podia me levar de carro. Eu ia andando e no caminho sempre tinha um mesmo cachorro.
Era um cachorro pequeno e, aparentemente, sem agressividade. Mas eu acordava e lembrava que iria encontrá-lo e já entrava em pânico. Para fugir dele, eu mudava o caminho –caminhava por uma rota sem movimentação de pessoas. Quer dizer, de certa forma eu me colocava mais em risco ao mudar de caminho e andar por um local deserto do que se tivesse cruzado com o cachorro. Mas o medo não me deixava agir diferente. Na volta para casa, eu fazia a mesma coisa.
Nunca tive nenhum trauma relacionado a cachorros e cresci ouvindo que era frescura e uma hora perderia esse medo. Até hoje, não aconteceu
Já tentei me aproximar, porque eu acho os cachorros fofos, mas na hora eu entro em crise de ansiedade, tremo muito e tenho vontade de chorar. Já aconteceu de eu chegar em uma casa em que o cachorro não estava preso e nem entrar, ir embora direto. Não há outra palavra que descreva melhor o que sinto do que pavor.
Sempre acho que serei atacada ou que eles me seguirão. O medo só foi maior quando me forçaram a tocar em um. Já com gatos e coelhos, por exemplo, eu não tenho medo. Evito a aproximação, mas é um temor muito reduzido se comparado ao que eu tenho com cachorros. Já pensei em procurar ajuda, mas até agora não fiz. E também não tenho estratégias para lidar com o medo ao ver os bichinhos, pois eu acabo fugindo e mudando os meus planos, sejam quais forem.”
Amanda Cruz, 19, estudante.
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