GP de Mônaco contraria regra e decreta o retorno das grid girls
Alinhada às “novas normas da sociedade”, a organização da Fórmula 1 divulgou que, a partir de 2018, iria abolir as grid girls das competições. A decisão desagradou as modelos, que se sentiram injustiçadas. Ainda assim, tudo aconteceu como o prometido. No GP da Austrália, primeiro do ano, a ausência foi notada. E quando tudo caminhava para o fim definitivo das mulheres decorativas no esporte automobilístico, o GP de Mônaco furou a programação e decidiu polemizar ao decretar o retorno das garotas do grid em sua etapa.
O presidente do Automóvel Clube de Mônaco (ACM), Michel Boeri prometeu nesta quinta (05), em uma exceção ao calendário oficial, que elas estarão presente na largada de uma das mais tradicionais corridas da temporada, que acontece no dia 27 de maio.
“Nossos amigos americanos achavam que empregar mulheres jovens para segurar um número ajudaria a reduzir o status das mulheres. Nossas recepcionistas vêm de escolas de modelagem e comunicação. Elas fazem estágios durante o Grande Prêmio, faz parte de seus estudos, e elas são pagas por isso”, justificou Boeri ao jornal francês “Nice-Matin”. “As meninas estarão lá no grid, mas não segurando nenhum quadro de avisos. Serão como hospitaleiras de comunicação. Elas são bonitas e fazem parte da paisagem da F1. As câmeras estarão nelas.”
A proibição havia provocado críticas por parte de diferentes profissionais da área. O tricampeão mundial Niki Lauda chegou a declarar que se tratava de uma atitude “estúpida” e “contra as mulheres”. O ex-chefe de F1 Bernie Ecclestone chamou a mudança de “pudica”.
Em entrevista a Universa, a brasileira Natasha Santos, que trabalha há dez anos como grid girl, demonstrou seu descontentamento. “Achei tão desnecessário”, disse. “Me incomoda um pouco quando nos reduzem ao estereótipo de rostinho bonito, não somos só isso.” Seu maior lamento era o de perder um dia de trabalho, que lhe rendia o cachê de R$ 450.
Por quê Mônaco pode fugir à regra?
A exceção de contrariar a Fórmula 1 cabe ao GP de Mônaco pois o principado não paga para sediar a prova. A corrida, que acontece por lá desde 1950, tem autonomia sobre as questões relacionadas à organização. A etapa, inclusive, é a única cuja transmissão televisiva não é produzida pela Formula One Management (FOM).
O mais curioso dessa “contravenção” está no fato de a organização do GP de Mônaco ter sido a primeiro a abolir as grid girls, em 2015, quando homens foram colocados para segurar as placas dos pilotos. E ao que tudo indica a atitude deve gerar precedentes.
A Rússia também está disposta a resgatar a prática em sua próxima corrida, que acontece em setembro. “Se conseguirmos chegar a um acordo, vamos reviver essa tradição. Além disso, nossas garotas são as mais bonitas”, disse o vice-primeiro-ministro do país Dmitry Kozak, em entrevista à agência de notícias Interfax.
Os substitutos das modelos
Por hora, a F1 decidiu adotar o que chamam de “grid kids” (crianças do grid) escolhidas pelas federações de automobilismo locais. Como no futebol, elas entrarão com os pilotos na pista e poderão acompanhar a preparação de seus ídolos para a prova. “Será uma inspiração para que continuem pilotando”, afirmou Sean Bratches, diretor comercial da F1.
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