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"Nossa história durou 13 anos: fui traída o tempo inteiro e aceitei"

Getty Images
Imagem: Getty Images

Letícia Rós

Colaboração para Universa

11/04/2018 04h00

Ninguém sabe como vai reagir a uma traição amorosa. Algumas mulheres, por razões diferentes, se mantiveram com o parceiro infiel até que tivessem força para sair de um relacionamento tóxico. A relação da social media Ana* e do ex-marido durou 13 anos e foi recheada de traições e supostos casos da parte dele. “Eu tinha sido ‘a outra’ enquanto achava que era a oficial”, conta. Veja o relato dela:

"Eu tinha 21 anos quando o conheci. Ele era três anos mais velho do que eu. Conversamos pela primeira vez na balada, um dia depois de eu terminar um noivado. Todos os dias ele me mandava mensagem e umas quatro vezes na semana a gente se via. Era namoro. Só que seis meses depois ele me disse que teria de fazer uma viagem a trabalho e ficaria um mês incomunicável.

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Na época não tinha WhatsApp nem Facebook, mas já tinha SMS, Messenger e Orkut. Não justificava o sumiço, mas eu não discuti. Não tinha conhecido ninguém da família dele e ele me dizia que não tinha muitos amigos. Eu considerava aquilo aceitável, me parecia ser um cara mais reservado. Nesse um mês ele realmente não mandou nem sinal de fumaça e acabei conhecendo outro cara.

"Eu tinha sido a outra nos últimos dois anos"

Quando ele voltou, não disse onde estava e eu terminei o que tínhamos. Mas seis meses depois me arrependi, porque ainda gostava dele. Terminei com o cara que eu estava e fui falar com ele, que me disse estar namorando também e, por isso, não ficaria comigo.

Passado um mês nos encontramos por acaso e voltamos a ficar com frequência, mas eu era 'a outra'. Depois de um tempo, dei um ultimato: ou ele sumia de vez ou tinha de contar à namorada que estava saindo comigo. Então, ele revelou que logo que me conheceu era noivo. Quer dizer: eu tinha sido ‘a outra’ nos últimos dois anos! Enquanto achava que era a oficial...

Aquela viagem a trabalho, disse ele, era o tempo que precisava para terminar com a noiva e ficar definitivamente comigo. Mas como ele voltou e eu estava com outra pessoa, ele tentou se dar uma nova chance para o amor, me disse.

"Engravidei e três meninas me enviaram e-mail para revelar os casos que tinham com ele"

Ainda assim, falou que não parava de pensar em mim, que queria ficar comigo. Hoje enxergo que isto era uma manipulação mas, na época, achava um conto de fadas, pensava que estávamos destinados a ficar juntos. Eu dei uma nova chance. Logo ele se mudou para minha casa e foi aí que passei a enxergá-lo com outros olhos. Era obsessivo, ciumento e me perseguia. Sempre que eu saía sem ele, dava uma desculpa de passar onde eu estava para checar se eu estava sendo sincera. Mexia no meu celular e nas minhas redes sociais – talvez por ter o rabo preso, desconfiava até da própria sombra.

Eu nunca fui ciumenta e sempre confiei em quem estivesse comigo, ainda que ele tivesse o histórico de traição. Engravidei e, durante a gestação, três meninas que eu não conhecia me enviaram e-mail para revelar os casos que tinham com ele. Elas me encontraram porque ele postava várias declarações no Facebook para mim. Eu li e não respondi a nenhuma delas. Imprimi os e-mails e mostrei para ele. Ainda assim, ele negou. E resolvi levar nossa história adiante.

Era obsessivo, ciumento e me perseguia. Sempre que eu saía sem ele, dava uma desculpa de passar onde eu estava para checar se eu estava sendo sincera. 

Eu pensava que ele ficava comigo enquanto era comprometido porque gostava realmente de mim e quando estivéssemos juntos seria diferente. Mas agora a traição era diretamente comigo.

Algum tempo depois encontrei outra troca de e-mails dele com uma quarta mulher. Só que eu ainda achava que ele poderia ser um bom pai e, por isso, mais uma vez continuei com ele.

Quando minha filha completou um ano passei a me sentir muito sozinha e já não confiava mais nele. Aos poucos, minha paixão foi esvaindo. Foi quando nos separamos.

A meu ver, uma traição ocasional pode acontecer e ser perdoada, mas em alguns casos ela é falta de índole, isso não muda. Eu fui traída por ele o tempo inteiro, desde que o conheci. Nossa história durou 13 anos. Quando minha filha completou um ano eu passei a me sentir muito sozinha e já não confiava mais nele. Aos poucos, minha paixão foi esvaindo. Foi quando nos separamos.

Hoje faz um ano que moro junto com outro homem. As traições dele não me mudaram. Continuo pensando como antes, que não adianta bitolar e precisa haver confiança, porque quem quer trair, vai sempre arrumar um jeito.”