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Auschwitz dá aval para jovem brasileira colorir 39 mil fotos do holocausto

Vítima polonesa do holocausto em foto colorida pela artista mineira - Marina Amaral/Arte
Vítima polonesa do holocausto em foto colorida pela artista mineira Imagem: Marina Amaral/Arte

Marcos Candido

Da Universa, em São Paulo

16/04/2018 04h01

Janina Nowak foi uma das 50 mulheres a fugir de um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Ela fazia parte de um quadro composto por 200 mulheres do partido polonês Kommando. Os soldados da polícia nazista interrogaram suas companheiras, também presas, que se recusaram a entregá-la.

Quase 80 depois, a história de Janina é uma das que motivaram a mineira Marina Amaral, 23, a colorizar fotos dos campos de extermínio. Originalmente, a imagem é em preto e branco.

A artista Marina Amaral, 23 anos - Divulgação - Divulgação
A artista mineira Marina Amaral
Imagem: Divulgação

Após cerca de um ano de negociações, a artista terá agora à disposição um acervo de 39 mil fotos cedidas pelo Memorial de Auschwitz, na Polônia, onde existiu o maior campo de concentração nazista. A intenção é colorir fotos de grandes personagens cujas narrativas trágicas e de coragem ecoam há quase 80 anos do início da Segunda Guerra.

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Entre as fotografias que coloriu, a que mais a chocou foi a de Czeslawa Kwoka, polonesa de 14 anos assassinada com uma injeção no coração no campo de Auschwitz. “A história é terrível em todos os aspectos, mas o fato de ela ser tão jovem e ainda assim demonstrar tanta coragem, como visto na foto, me impactou muito”, destaca Marina à Universa.

Segundo ela, a intenção é levantar dados históricos para mostrar as cenas “como os fotógrafos a viram”, colorindo-as no computador com o Photoshop. Não à toa, pesquisas no campo da neurologia afirmam que nosso cérebro desenvolve uma empatia maior com imagens coloridas -- e o sucesso endossa a conclusão.

Trabalho viralizou na rede -- e no mundo

Desde 2016, quando publicou as primeiras fotografias com eventos e protagonistas históricos na rede, o trabalho viraliza em todo o planeta. A recepção positiva foi um dos motivos para que o museu de Auschwitz abrisse seus arquivos e ela. As negociações foram lentas e tiveram algumas condições.

“Eles tinham medo que as pessoas assumissem que as fotos coloridas eram originais, mas eu propus que incluíssemos uma marca d'água explicando que a foto foi colorida por mim, e que a foto original em preto e branco fosse sempre compartilhada junto à versão restaurada”, explica. Marina trabalha com uma cópia digitalizada: a foto original é mantida.

Álbum colorido do passado vai virar livro

Apesar de mulheres com enredos trágicos, ela também já ‘pintou’ fotos de uma mais jovem Rainha Elizabeth II, Audrey Hepburn, Priscila Presley e de heroínas de guerras.

Em agosto, a artista vai lançar na Europa um livro que cobre de 1850 a 1960, a partir de 200 fotos coloridas. A obra tem lançamento previsto para o dia 23 de agosto, mas ainda sem previsão de lançamento no Brasil. Já as imagens de Auschwitz ficarão restritas à divulgação nas redes sociais.