Filme pornô de mulher para mulher: entrevista com a diretora Paulita Pappel
Paulita Pappel adora sexo e se autointitula exibicionista e voyeur. Aos 30 anos, trabalha como produtora, atriz e diretora de filmes pornôs e se destaca como um dos principais nomes da pornografia feminista.
Espanhola radicada na Alemanha, começou atuando e produzindo na XCONFESSIONS, de Erika Lust, que faz filmes ficcionais de sexo improvisado, e na alemã Ersties.com, de abordagem documental, duas importantes plataformas de filmes eróticos feitos por e para mulheres. Hoje, é uma das curadoras do Porn film festival Berlin e toca sua própria produtora, a Lustery, com mais de 100 vídeos disponibilizado por meio de uma assinatura mensal - uma espécie de Netflix pornográfico com casais reais, sem roteiro e sem objetificação.
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“Depois de consumir muitos tipos diferentes de pornografia, percebi que gostava mais de assistir a vídeos de sexo que não são feitos apenas para o espectador, mas onde quem está à frente das câmeras realmente goste do que está fazendo. Tem que refletir de verdade a paixão e luxúria da vida real.” Paulita se diverte fazendo pornôs e busca criar filmes que a emocionem. Para ela, a sexualidade é um dos maiores sistemas de opressão estrutural que mulheres ainda enfrentam e por isso considera a indústria pornográfica tão importante e celebra que mais mulheres estejam criando esses conteúdos.
Veja o papo que a Universa teve com Paulita.
Por que os filmes que você produz são pornôs feministas?
Sou feminista e minha abordagem é positiva em relação ao sexo. Meus filmes incluem diferentes corpos, identidades de gênero e preferências sexuais, focam no prazer de todos os envolvidos e permitem muita liberdade a quem está atuando, sem padrões sexistas.
O que você considera ser um “pornô ético"?
Acredito que todas as produções pornográficas devem ser éticas. Isso significa que os envolvidos devem ser tratados com respeito, que existam condições de trabalho seguras e consensuais, transparência durante todo o processo e compensação justa pelo trabalho.
Na luta contra a objetificação das mulheres, muitas pessoas criticam os filmes pornôs. Como você vê essa questão?
As mulheres não são má representadas só na pornografia, mas em toda a indústria cultural. Vivemos num mundo que é, muitas vezes, negativo em relação ao sexo. Falta também uma educação sexual saudável e inclusiva. Precisamos trabalhar em prol da diversidade e do imaginário feminista em todas as áreas, incluindo a pornografia.
A pornografia deve ter alguma função no sexo na vida real?
Ela tem um grande potencial para ser educacional, inspirar e apoiar, ajudando as pessoas a explorar suas preferências de maneira segura. Como vivemos em um mundo que reprime o sexo, ela pode ter uma função libertadora. Quanto mais pornografia eu vejo, mais confortável me sinto com meu próprio corpo e minha sexualidade, melhor sei o que gosto e, assim, aprendo a comunicar meus desejos aos meus parceiros.
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