Dicas da consagrada "La Casa de Papel" impulsionam sua carreira
Uns amam os protagonistas (ou melhor, os anti-heróis) e a estética marcante; outros reclamam do excesso de drama e de alguns furos da história. Porém, quem já viu ou ainda está acompanhando os 22 episódios divididos em partes 1 e 2 de "La Casa de Papel", à disposição na Netflix, provavelmente considera a série viciante, mesmo alternando pontos altos e baixos.
O fato é que a atração espanhola ostenta o título de produção de língua estrangeira mais vista desde a inauguração do serviço de streaming e tem inspirado a moda, a música e a cultura pop. Não à toa, a história de um grupo de bandidos que ocupa a Casa da Moeda espanhola para imprimir bilhões de euros sob o comando do Professor (Álvaro Morte), uma espécie de gênio do crime, conduz a diversas teorias, análises, perguntas e, claro, paralelos com situações da vida real - como técnicas para adotar no trabalho e gerenciamento de crise.
A Universa ouviu alguns especialistas em carreira sobre quais são as ideias positivas e negativas que "La Casa de Papel" apresenta às pessoas, seja qual for a sua área de atuação. Confira:
PONTOS POSITIVOS
Pessoas com habilidades, com conhecimentos variados e distintos tornam qualquer equipe mais forte. Ao recrutar o grupo de assaltantes, o Professor foi atrás de quem tivesse experiência e determinados conhecimentos para compor um time coeso, onde um completa o outro. Assim, cada um poderia atuar bem numa determinada função necessária para o assalto. Para quem ocupa um cargo de chefia, extrair o melhor de cada membro da equipe é uma atitude que pode gerar bons resultados.
Ter um mentor ajuda muito. Nem sempre as pessoas têm consciência dos próprios talentos e da melhor forma de aproveitá-los. E ficam empacadas, anos a fio, sem usar o que têm de melhor, sem potencializar a carreira e o desenvolvimento profissional. Contar com a orientação de um mentor como o Professor ajuda não só a descobrir e a valorizar as competências como aquilo que mais gosta de fazer e os diferenciais que guarda na manga.
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Planejamento estratégico é fundamental. Visão sistêmica também. Além de planejar bem cada passo do golpe, o Professor também avaliou vários cenários distintos. Com isso, pôde antecipar situações e se preparar para lidar com imprevistos. Aqui cabem algumas perguntas: o quanto planejamos assim, de forma detalhada, nossas carreiras? Temos clareza de nossas metas e dos passos necessários para alcançá-las ou ficamos nas mãos de terceiros ou das empresas em que trabalhamos?
Conhecer bem a empresa em que está ou onde planeja trabalhar é fundamental. No esconderijo em Toledo, o "Professor" mantinha uma maquete bem detalhista da Casa da Moeda. E também sabia os nomes, cargos, hábitos e atividades de cada funcionário do local. Manter o senso de observação bem aguçado e estudar minuciosamente como a linha de atuação da empresa, bem como conhecer quem possui cargos-chave, são passos certeiros para quem deseja uma carreira calcada no sucesso.
Assumir riscos calculados pode gerar bons resultados. Em diversos momentos, o Professor colocou seus pupilos - e a si mesmo também - em circunstâncias bem tensas, mas sempre com objetivos definidos em mente, como captar informações da polícia e ter uma visão mais clara sobre como e quando a inspetora Raquel (Itziar Ituño) pretendia agir. Num paralelo com a rotina numa empresa, as pessoas podem não só estudar e ler para captar tendências e mudanças no mercado, como se precaver sobre possíveis perrengues.
Treinamentos são fundamentais para ampliar a visão do todo e adquirir novas competências. O time foi treinado durante meses, tempo necessário para ampliar o repertório de habilidades e conquistar mais aprendizado. Fica a lição: buscar o aprimoramento sempre, até mesmo de coisas que não têm a ver com sua área.
PONTOS NEGATIVOS
As relações humanas são imprevisíveis. Por mais metódico e rigoroso que o Professor tenha sido durante o treinamento do grupo, inclusive proibindo de manterem qualquer tipo de relacionamento mais estreito e profundo, o ser humano é movido pelas emoções e volta e meia tem condutas inesperadas. Tóquio (Úrsula Corberó) e Rio (Miguel Herrán) se envolveram, Denver (Jaime Lorente López) não teve sangue frio para matar Mónica (Esther Acebo) e o próprio Professor, na companhia de Raquel, se deixou levar pelo chamado do desejo. A mensagem é clara: quando a emoção suplanta a razão, a competência e o traquejo profissional acabam sendo prejudicados. É extremamente valioso construir relações de proximidade e confiança com os colegas, mas a intimidade excessiva pode desandar tudo.
Quem está no comando deve ser congruente. Se o chefe ou a pessoa que estão à frente de um projeto estabelecem certas regras ou comportamentos, precisam segui-los também. Exemplo? O professor determinou que não houvesse envolvimento emocional entre os bandidos e ele mesmo sucumbiu à tentação. Berlim (Pedro Alonso), no comando da operação, sabia que a vida de todos os reféns devia ser poupada e ordenou a execução de Mónica. E por aí vai.
Empatia vale ouro. Por mais que uma situação profissional exija jogo de cintura ou até mesmo uma boa dose de frieza, praticar a empatia é essencial para que tudo corra bem para a empresa e os envolvidos. Berlim não é nada empático, muito pelo contrário: amedronta as pessoas sempre que possível e adora fazer joguinhos de poder e atiçar os nervos dos colegas. E mais: centralizador ao extremo, desconsidera a opinião alheia mesmo ciente de que seus planos não trarão os resultados desejados.
A resiliência precisa ser trabalhada sempre. Em muitos momentos, em função da pressão e de todo o contexto do assalto, os personagens se desestabilizam e deixam de seguir o plano estratégico estabelecido. Eles apresentaram atitudes incoerentes e poucos racionais, quando comparadas ao treino recebido. Por mais que o Professor tenha previsto que isso poderia acontecer, algumas situações saíram do controle. A capacidade de se adequar aos momentos pesados deve ser aprimorada diariamente, já que em qualquer carreira as circunstâncias e a alta pressão podem levar ao desvio das metas - e até a um erro de percurso. A falta de inteligência emocional de Tóquio, por exemplo, mais de uma vez coloca o grupo e o plano do Professor em risco.
FONTES: Alexandre Prado, coach e presidente da consultoria Núcleo Expansão, no Rio de Janeiro (RJ); Cícero Andrade, psicólogo formado pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) com especialização em Coaching, Liderança e Mudanças Sabáticas, e Renata Aranega, especialista em Inteligência Emocional e consultora da Ciclos de Vida e Carreira, do Rio de Janeiro (RJ)
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