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Ativista e mãe de filho autista agora quer representar causa na câmara

A blogueira Andréa Werner, mãe de um garoto autista - Arquivo pessoal
A blogueira Andréa Werner, mãe de um garoto autista Imagem: Arquivo pessoal

Marcela Paes

Da Universa

09/05/2018 04h01

Foi uma crise no repasse de dinheiro às escolas públicas para alunos com autismo no início deste ano que fez com que Andréa Werner decidisse: vai entrar para a carreira política. A mãe do garoto Theo, que tem autismo, mantém o blog "Lagarta Vira Pupa" desde janeiro de 2012 - onde discute questões relativas à maternidade "atípica" e suas descobertas diárias.

"Participei de audiências públicas junto com outras mães de crianças autistas para discutir o problema do repasse da verba. Depois, recebi convites de alguns partidos e resolvi investir na ideia, que era algo que eu já pensava, mas não imediatamente", explica Andréa, que concorrerá ao cargo de deputada federal pelo PSOL de São Paulo.

Além de ter como principal meta o auxílio de pessoas com deficiência em todas as fases da vida, a blogueira e youtuber também tem como meta aumentar a representatividade das mulheres na política, que hoje é de cerca de 10%.

"Durante as audiências públicas, um dos deputados me confidenciou não fazer ideia de que uma das principais preocupações de mães de crianças com autismo era o que aconteceria com seus filhos depois que elas morressem. Realmente, é difícil para um homem de classe média alta, que não vive esse tipo de problema, entender o que uma família carente com um filho autista passa", diz.

Para driblar a falta de experiência no campo político e conseguir aprovar projetos voltados para os direitos das mães e pessoas com deficiência em uma câmara "com maioria masculina, de meia idade e condições financeira favorável", Andréa já tem em quem se espelhar: o deputado Jean Wyllys (PSOL) e a vereadora Marielle Franco, executada em março deste ano.

"O Jean consegue, mesmo tendo projetos que não agradam à maioria da câmara e sendo de um partido de esquerda minoritário, aprovar pautas. Vou aprender com ele e conseguir fazer também. A Marielle eu não conhecia, mas várias mães de crianças autistas cariocas me falavam de como ela as ajudava e era ativa nessa questão", afirma.

Ela também se apoia em sua capacidade de mobilizar pessoas e na experiência em participações de atos de protesto. "A pressão popular funciona demais. Nós, mães de autistas, já conseguimos algumas vitórias assim. O importante é não ter medo. E também não achar que só porque sou mãe e não posso estar lá, tenho que estar só em casa. Família é um time e, se  eleita, meu marido vai continuar me apoiando nos cuidados com o Theo."