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Após criar franquia de R$ 65 mi, ex-ambulante abre 2º negócio de sucesso

Luzia Costa já teve lanchonete, pizzaria e fabricou compotas de tomate seco, mas foi no ramo da estética que ela se tornou uma empresária de sucesso - Arquivo pessoal
Luzia Costa já teve lanchonete, pizzaria e fabricou compotas de tomate seco, mas foi no ramo da estética que ela se tornou uma empresária de sucesso Imagem: Arquivo pessoal

Léo Marques

Colaboração para Universa

16/05/2018 04h00

Quando Luzia Costa foi morar numa casa de pau a pique na beira de um rio no interior de São Paulo - depois que sua pizzaria faliu -, não poderia imaginar que um dia se tornaria uma das empresárias mais bem-sucedidas no ramo de estética. Depois de criar uma rede de franquias que já tem 180 unidades espalhadas de Norte a Sul do país - e faturar R$ 65 milhões em 2017 com o Sóbrancelhas - ela ampliou os negócios de seu grupo Cetro e lançou a Beryllos. Com apenas um ano de funcionamento, a nova empresa já lhe rendeu R$ 2 milhões no ano passado.

“Um dia, fui levar minha filha ao dentista e, observando aquele motorzinho que eles utilizam, eu tive a ideia de adaptá-lo para as unhas, onde desbastaria as cutículas sem infecções e machucados”, conta Luzia sobre como, em 2016, ela teve a ideia de criar o negócio.

Vale lembrar que, ainda em 2014, Luzia tinha um faturamento de R$ 1,5 milhão e apenas 17 franquias. Desde então, além do aumento expressivo no faturamento, ela ampliou os negócios para Bolívia e Argentina e agora tem planos de conquistar Europa e Estados Unidos.

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A paixão pela estética vem desde a adolescência

Mineira da cidade de Passa Quatro, Luzia, de 38 anos, começou sua relação com o mundo da beleza já na adolescência. “Eu fazia as unhas, sobrancelhas e depilação das vizinhas e primas. Chegava a ganhar um troquinho, mas fazia mesmo porque me identificava”, lembra.

Casada com apenas 18 anos de idade, se viu na obrigação de ajudar a sustentar a casa. Na época, deixou o local onde morava com os pais para viver na cidade de Taubaté, em São Paulo, junto com o marido. Aos 20 teve a ideia de montar um carrinho de lanches. “Cresci ajudando minha mãe na cozinha e peguei gosto. Vendia em frente à minha casa e também em frente ao quartel em que meu esposo trabalhava. Deu tão certo que abri uma lanchonete”, conta. O ponto fixo ficava na rodoviária da cidade e, além de vender os lanches, também comercializava passagens.

Mas a alegria não durou muito. Depois de uma denúncia, Luzia se viu obrigada a parar de vender passagens dentro do estabelecimento. A solução foi abrir um segundo boxe que funcionava como uma espécie de agência de viagens. Tudo ia muito bem até a mudança da cidade, quando seu companheiro, que trabalhava como funcionário público, conseguiu transferência para Tremembé (SP).

“Quebrei de um jeito que não tinha como me reerguer tão cedo”

Com o dinheiro da venda dos seus dois negócios, ela abriu logo de cara uma pizzaria. O sucesso foi garantido. O estabelecimento chegou a faturar R$ 3 mil por noite. Deslumbrada, tocou a pizzaria com uma gestão pouco profissional. “Não fazia ideia de que se você recebe R$ 2 mil, R$ 1.500 são para manter a operação ativa”, reconhece. “Faltou administração. Eu misturei os bolsos e não separei as finanças do negócio e pessoal”. Daí para a falência foi um pulo.

Ex-ambulante cria franquia no setor de estética e faz R$ 67 milhões por ano - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
A rede de fraquias Sóbrancelhas já tem 180 unidades no Brasil e está presente também na Argentina e na Bolívia
Imagem: Arquivo pessoal

Depois de um ano de malabarismos no caixa, Luzia saiu com mais de R$ 30 mil em dívidas com os fornecedores e funcionários. Para resolver a questão, pegou empréstimo com um banco. “Quebrei de um jeito que não tinha como me reerguer tão cedo”, lembra.

Já mãe do primeiro filho, ela e toda a família foram morar em uma casinha de pau a pique na beira de um rio em Cruzeiro, interior de São Paulo. “Foi uma época muito difícil, porém tudo isso me deu forças para querer sempre mais e o melhor para meu filho.”

Males que vem para o bem

Um fogão a lenha largado nos fundos da casa foi a inspiração para Luzia voltar a empreender. Ela começou a fazer tomates secos em compotas e vender na região. Depois de levantar algum dinheiro, se mudou para a cidade de Roseira, próxima de Taubaté. Porém lá, os tomates não tinham tanta saída e foi preciso se reinventar mais uma vez, passando a vender pirulitos de açúcar.

Foi em uma das entregas que Luzia, alertada por uma cliente, soube que a prefeitura estava oferecendo um curso gratuito de massagem. “Com três semanas estava fazendo massagem em cima da mesa, porque não tinha maca”, diz. Para levantar mais dinheiro e pagar a dívida que ainda tinha com o banco, a mineira resolveu ir para Ubatuba, litoral norte de São Paulo, oferecer seu serviço em uma tenda.

Trabalhava 12 horas por dia, atendendo manhã e tarde na praia e a noite fazia unhas, sobrancelhas e depilação em domicílio. Na época, o filho já tinha sete anos e Luzia ainda precisava cuidar da filha de apenas um.

O plano deu certo. As dívidas foram pagas e o casal voltou com as crianças para Taubaté de cabeça erguida. Para angariar clientes, a tática de Luzia foi atender de graça os funcionários de escolas públicas da cidade. Sua habilidade se tornou assunto na região do Vale do Paraíba e o atendimento passou a ser em casa. O sucesso foi tanto que não havia mais espaço por lá e, junto com o marido, alugaram uma salinha. “Foi assim que comecei a me destacar pelos serviços que oferecia de estética, principalmente sobrancelhas”, recorda. Com o boca a boca, a cartela de clientes foi crescendo e passou a alcançar também profissionais que queriam se especializar no ramo das sobrancelhas. 

“Fui orar e Deus me deu uma palavra”

A alta demanda transformou o espaço em centro de treinamento e Luzia passou a ser procurada por redes de franquias. “Sempre me especializei e ainda melhorava as técnicas que aprendia. Foi então que um franqueado de um dos meus concorrentes ligou pedindo para eu auxiliar na formação das colaboradoras da sua loja e isso passou a ser frequente”, comenta e complementa: “Fui orar e Deus me deu uma palavra de que eu deveria montar a minha própria rede”.

Não tardou para a abertura da primeira loja. “O suporte e todo o treinamento, que são dois pontos essenciais de uma franqueadora, eu já fornecia”, ressalta. Foi então que em dezembro de 2013 ocorreu a inauguração da primeira unidade da Sóbrancelhas em um shopping de Taubaté (SP), loja que oferece serviços de embelezamento do olhar e da face. A partir desse momento, o marido passou a trabalhar com ela no administrativo.

A primeira franqueada foi uma antiga cliente e veio logo em abril de 2014, na cidade de Guaratinguetá, São Paulo. Hoje, além das 180 unidades espalhadas pelo Brasil, a Sóbrancelhas também está na Argentina (11 lojas) e na Bolívia. Os planos agora são conquistar os Estados Unidos e a Europa.