Sem tesão? Falta de libido tem causas biológicas, psicológicas e sociais

A cada dia que passa, você tem menos vontade de fazer sexo? Nem mesmo a masturbação te anima? Saiba que sentir pouco ou nenhum desejo sexual é algo mais comum do que parece entre as mulheres. As causas vão muito além daquelas de ordem biológica. Dormir mal, estresse, drogas, pílula anticoncepcional, menopausa, disfunções sexuais, vergonha e até mesmice estão entre as possíveis causas para não querer transar.

Por isso vale identificar o que pode estar te levando ao caminho de uma vida sem prazer ou apetite sexual. Um palpite é que, provavelmente existam causas, no plural, já que o motivo dificilmente é um só. E, ao contrário do que muitos pensam, a abstinência prolongada não aumenta a libido.

Então, que tal entender o que está acontecendo com você?

Hormônios & Cia

A disfunção sexual hipoativa (nome da ausência persistente ou recorrente de desejo) pode ser consequência de desordem glicêmicas, como diabetes, alterações da tireoide e hiperprolactinemia, o excesso de produção de prolactina, hormônio responsável pela produção do leite. A prolactina, responsável pelo aumento das glândulas mamárias e produção láctea, é também um bloqueador da estimulação das gônodas (nas mulheres, o ovário), diminuindo a produção dos hormônios sexuais.

A mudança hormonal intensa também causa transtornos de humor, mas existem duas outras explicações para uma mãe em período de amamentação não ter desejo: há o cansaço causado pela rotina do bebê e as questões físicas das dores pós-parto.

Desconforto na penetração

Quando a falta de libido vem associada a dor na hora do sexo (dispareunia), as causas podem envolver infecções dos órgãos pélvicos. Nesses casos, ou são consequência de infecções sexualmente transmissíveis, como clamídia e gonococo (bactéria causadora da gonorreia), ou decorrência de processos inflamatórios, como pós-cirúrgicos, endometriose e tuberculose pélvica.

A pílula

Alguns anticoncepcionais também estão relacionados pois reduzem a libido por aumentar o SHBG (proteína carregadora de hormônios sexuais) gerando uma menor oferta de testosterona livre no sangue. Alguns métodos contraceptivos apresentam baixas doses de estrogênio, o que promove uma diminuição da lubrificação vaginal e o trofismo da parede vaginal. No último caso, também pode ocorrer dor durante o ato sexual.

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Não devemos isolar o método anticoncepcional hormonal como causa única. Existem outros fatores que podem se associar e instalar a disfunção sexual, que vão de causas ambientais, como no uso de drogas/álcool, a causas psicossomáticas, ligadas a depressão e estresse.

Câncer

Alguns tratamentos, principalmente contra câncer nos órgãos pélvicos, podem gerar fatores que dificultam o prazer. A radioterapia local, por exemplo, pode causar o estreitamento e o ressecamento vaginal. Em alguns cânceres, também utilizamos hormonoterapia, gerando a diminuição orgânica da libido.

Depressão

Tristeza, desânimo, fadiga e falta de motivação... A depressão é uma doença da mente que, infelizmente, também afeta e muito a vida sexual. Para se ter uma ideia, 40% das mulheres que se queixam de falta de libido são diagnosticadas com depressão, segundo Projeto de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (ProSex).

Não se trata apenas de falta de interesse puro e simples pelo sexo. O problema é, acima de tudo, biológico. Isso porque o distúrbio pode gerar uma diminuição dos níveis de dopamina no cérebro, um hormônio importante para a libido.

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A ansiedade e o estresse

Ansiedade elevada também afeta negativamente o sexo. As mulheres com esse mal sentem dificuldades de alcançar o orgasmo, podem até ter dores na relação sexual e, principalmente, têm falta de desejo.

O casamento cria outras prioridades e a mulher passa a enxergar seu companheiro muitas vezes como parte de suas obrigações, diminuindo o tempo para o desejo e para o sexo.

Fatores socioculturais

Lembra quando falamos que o transtorno do desejo sexual hipoativo não tem uma única causa, mas sim várias? Pois é, a maioria das mulheres que enfrentam alguma das situações apontadas anteriormente, enfrentam também os aspectos sociais. Isso porque a sexualidade feminina sofre repressão, segundo ressalta a psicóloga Naiara.

Basta observar que o diálogo sobre sexo com os homens é estimulado desde a infância. Com as mulheres, a simples menção ao corpo sexual gera constrangimento, insegurança e timidez.

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Tudo isso é refletido na vida sexual da mulher, que pode se tornar uma adulta reprimida. Vale lembrar das cobranças relacionadas a padrões estéticos inalcançáveis e a ideia de que apenas corpos perfeitos podem sentir prazer e são sensuais.

Relacionamentos longos

Os problemas com a sexualidade são uma grande dificuldade dentro da relação conjugal, principalmente nas duradouras. Uma pesquisa feita pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 2008, demonstrou que o relacionamento de longa data interfere negativamente no sexo, na opinião de 34,8% dos homens e 33,4% das mulheres.

Após um tempo juntos, chega a famosa rotina: as 'confidências', o companheirismo e a amizade prevalecem, mas o sexo passa a ser deixado para o dia seguinte. É justamente a segurança do relacionamento estável que faz reduzir os momentos de sedução entre o casal. Ademais, todos os afazeres e preocupações rotineiras se tornam mais importantes do que o sexo. "'O 'deixar para amanhã' ou 'para a próxima semana' nutre não só a rotina, como o comodismo", finaliza. A consequência: o desejo por algo que já foi conquistado diminui.

Como melhorar a libido?

Depois de feitos exames e descartadas as causas médicas, é preciso tratar as causas ambientais e psicossomáticas. Uma delas é a psicoterapia direcionada à sexualidade, seja da mulher ou do casal. Também vale apostar em práticas para se reconectar com o corpo, ioga, dança, meditação, além de fisioterapia, medicamentos fitoterápicos e homeopatia (com indicação médica), podem ajudar.

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