Causa hemorragia? É proibido? 5 fatos sobre o Cytotec, remédio para aborto
Quase toda mulher já ouviu falar do Cytotec. O medicamento foi até assunto de debate entre Lula e Bolsonaro na disputa presidencial.
Hemorragia, aborto malsucedido e má-formação do feto são os perigos mais comumente falados sobre o medicamento. Mas o que pouco se diz é que o remédio, de comercialização ilegal no Brasil, é recomendado pela Organização Mundial de Saúde como método farmacológico para um aborto seguro. E, também, que é usado no SUS para os casos de aborto legal.
A interrupção de uma gestação no Brasil é considerada crime, a não ser em casos de anencefalia do feto, estupro ou quando a vida da mãe está em risco. Mesmo assim, o Misoprostol (nome da principal substância que compõe o Cytotec) é amplamente usado por mulheres que desejam realizar um aborto.
Ciente dessa realidade, Universa conversou com especialistas para desmistificar o medicamento e o uso dele.
Ele é usado no SUS
O Misoprostol não pode ser vendido em farmácias e nem comprado por pessoas físicas, mas tem seu uso liberado em hospitais autorizados no Brasil.
Nos hospitais, além do aborto legal, ele é utilizado em dois tipos de indução de partos: o de fetos mortos antes de 30 semanas de gravidez e em gestações em que a mulher não entra naturalmente em trabalho de parto dentro do prazo limite.
Está em guia da OMS
Para o aborto seguro, a OMS tem um guia com orientações técnicas e políticas públicas de saúde. O uso de Misoprostol, combinado ou não com outros medicamentos, é indicado nas diretrizes.
Risco de hemorragia é pequeno
O uso do remédio para induzir um aborto pode, sim, provocar uma hemorragia, mas a frequência desses casos é pequena. As mulheres costumam se assustar porque, no aborto, elas sangram muito. Mas a maioria desses sangramentos não significa riscos graves à saúde. O problema é que, no Brasil, a mulher tem medo de recorrer a um hospital quando começa a sangrar e não sabe se está tendo uma hemorragia.
Aborto malsucedido e má-formação do feto
O Misoprostol pode falhar entre 5% e 10% dos casos. Mulheres que têm o organismo mais resistente às doses mais indicadas podem não abortar com o remédio. No entanto, não se conhece a relação entre esse quadro e a má-formação de fetos. A maior parte das complicações decorrentes de aborto no Brasil vem de procedimentos feitos sem condições de higiene e em clínicas ilegais.
Trazer, distribuir, vender ou usá-lo pode dar cadeia
Se pega com o remédio, a mulher pode ser enquadrada em um tipo de crime contra a saúde pública, cuja pena vai de 10 a 15 anos de prisão e multa. Já a mulher que for denunciada pelo uso do medicamento comete o crime de autoaborto, que dá pena de um a três anos de cadeia.
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Quero receberFontes: Maria das Dores Sousa Nunes, ginecologista; Gabriela Rondon, advogada, pesquisadora do Instituto de Bioética ANIS.
*Com informações de matéria de junho de 2018
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