Está se relacionando com alguém do trabalho? Veja como lidar com o romance
Um cenário onde a maior parte do nosso tempo acordado se passa no local de trabalho, sugere que as chances de um relacionamento nascer nessas condições são grandes. Uma pesquisa realizada pela empresa americana de recolocação profissional, Challenger, constatou, em 2017, que 25% dos trabalhadores americanos já se envolveram ou estão atualmente em um relacionamento com um colega de trabalho.
A mesma pesquisa diz ainda que um a cada três desses relacionamentos terminou com pelo menos uma pessoa sendo demitida. Mas e aqui no Brasil, quais são os riscos tanto para a vida profissional quanto para a amorosa do casal? Os especialistas respondem.
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Demissão por justa causa
Namorar um colega de trabalho, por si só, não constitui motivo para demissão por justa causa. O trabalhador tem a seu favor tanto a Constituição Federal, através da garantia à intimidade e a vida privada, como leis que protegem contra discriminações que envolvem, por exemplo, laços familiares. “A subordinação decorrente do contrato de trabalho não chega ao ponto de inviabilizar ou impedir relações afetivas lícitas, devidamente protegidas pelo ordenamento jurídico”, relata o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, Sebastião Geraldo de Oliveira.
Portanto, demitir alguém por esse critério pode ser considerado invasão de intimidade e gerar pedido de indenização por danos morais e denúncias no Ministério Público do Trabalho.
Mas, é claro, beijos, carícias intimas ou relações sexuais são proibidos durante o expediente. Se os namorados forem flagrados nessas circunstâncias podem ser demitidos. “Neste caso, a justa causa se enquadra na chamada incontinência de conduta ou mau procedimento, prevista na legislação trabalhista, que significa tomar atitudes exageradas, como motivação relacionada à sexualidade, e que não condizem com o ambiente de trabalho”, alerta o advogado trabalhista Humaitá Ribeiro.
Fique atendo às políticas da empresa
A primeira coisa a se fazer ao iniciar um relacionamento com o colega de trabalho é descobrir o que a empresa pensa disso por meio do código de ética interno. Não que ela possa proibir o relacionamento, como já foi dito, mas algumas regras de conduta podem nortear certos comportamentos. “O regulamento pode coibir o uso de apelidos mais íntimos, as trocas de e-mails de cunho amoroso entre os empregados, possíveis encontros casuais nos corredores, brigas ou qualquer manifestação característica dos casais”, exemplifica Humaitá.
“Para evitar qualquer interpretação precipitada, considere a hipótese de comunicar o fato ao seu chefe imediato, demonstrando assim sua lealdade e transparência”, aconselha o desembargador Sebastião. Porém, é importante ressaltar que a existência de norma interna solicitando que os funcionários comuniquem aos superiores sobre a existência de relacionamento afetivo entre empregados não caracteriza, por si só, violação à intimidade ou à honra. Na dúvida, antes de sair espalhando a notícia do namoro, procure o RH.
Roupa suja se lava em casa
Os casais devem ter muito cuidado para não transformar assuntos pessoais da vida a dois em questões de trabalho. Isso pode afetar tanto o desempenho da função, quanto a imagem deles diante da equipe e do chefe. “Por isso, é importante não trocar carícias e não revelar detalhes da vida do casal para os colegas. Assim você não dará liberdade para fofocas que podem chamar a atenção da direção da empresa”, recomenda a consultora de imagem e comportamento corporativo, Cris Dorini.
Evitar ciúmes e qualquer enredo novelesco no escritório também é bem visto pelo chefe e mantém o clima amistoso no trabalho e em casa. “Os parceiros precisam ter a disciplina de separar os assuntos profissionais do amoroso, tanto dentro como fora do local de trabalho. Isso evita perda na qualidade do tempo de intimidade e diminui o estresse”, ressalta a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management do Brasil (Isma-BR). A associação, voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento do estresse, realizou uma pesquisa em 2016 onde constatou que os casais que trabalhavam numa mesma empresa acabavam falando mais sobre assuntos profissionais do que sobre a própria vida particular quando estavam em momentos de lazer. Por isso, esse equilíbrio é tão importante.
A psicóloga Rosana Trindade, coordenadora do curso de Psicologia da Universidade Anhembi Morumbi, levanta ainda outra questão. “O indivíduo que namora alguém do trabalho pode se sentir tolhido em suas ações e reações, transformando suas atitudes e tornando o relacionamento artificial e pouco espontâneo, que com o tempo pode se desgastar e trazer frustrações desnecessárias”, alerta.
Relacionamento com o chefe
Um dos maiores complicadores é quando a relação ocorre entre o gestor e o subordinado. Muitas vezes, isso acaba criando na equipe um sentimento de que o relacionamento traz certo favoritismo. Para evitar passar essa mensagem, muitos chefes podem cair em outra armadilha, agindo com rigor excessivo a fim de mostrar à equipe que não beneficia ninguém. Ou podem até mesmo ameaçar de forma direta ou indireta o companheiro de demissão caso acabe o namoro. Em todos esses casos, o chefe pode ser processado por assédio moral ou sexual. Muitas empresas, para evitar esse tipo de situação, acabam transferindo um dos empregados para outro departamento.
Tomando cuidado, é só curtir o lado bom
Compreender melhor o trabalho do outro, assim como a carga horária e o estresse do dia a dia estão entre as principais vantagens de ter o parceiro trabalhando na mesma empresa. Pelo menos é o que aponta 80% dos entrevistados da pesquisa realizada pelo Isma-BR, cuja conclusão é de que casais que trabalham em uma mesma companhia possuem um relacionamento mais agradável. “Além disso, esses casais trabalham normalmente em parceria dentro da empresa”, comenta Ana Maria.
Para os profissionais que trabalham em departamentos diferentes, o relacionamento pode ser ainda mais tranquilo e até mesmo passar despercebido diante dos colegas, já que muitas vezes o casal não é visto junto com regularidade, fora que a possibilidade de trocas de olhares e carícias se torna muito rara.
Mas para aqueles que preferem manter o namoro escondido, Ana Maria tem um recado: “Cuidado com as redes sociais. Uma foto publicada por descuido pode acabar gerando ainda mais problemas para o casal”.
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