Ela testa sex toys: "Trabalho 4h por dia e ganho dinheiro pra ter orgasmo"
“Criei o blog em 2009 depois de atingir o fundo do poço na minha vida. Não tinha dinheiro, uma geladeira vazia e uma infestação de ratos no meu apartamento durante o calor sufocante de agosto em Barcelona, na Espanha. Estava emocionalmente esgotada de dedicar tempo e energia ao meu trabalho em imóveis de luxo no auge da crise financeira”, diz a blogueira e escritora sexual Venus O’Hara no seu texto de apresentação.
Mas o cenário mudou e desde então, a inglesa vem trabalhando como testadora profissional de brinquedos sexuais e também é colunista da revista “GQ” da Espanha. Sem revelar sua idade e quanto fatura mensalmente, ela explica que tem como missão ensinar mulheres a conhecerem o próprio corpo, dominarem sua sexualidade e seu poder orgásmico.
“Sou uma mulher independente que ganha seu próprio dinheiro por meio de orgasmos e estou muito feliz com isso. Trabalho 4 horas por dia, não tenho agenda, sou minha própria chefe, pratico esportes todos os dias e medito”, conta ela em entrevista à Universa.
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A especialista ainda defende que possíveis relacionamentos abusivos podem ser evitados se a mulher obter consciência sobre seu corpo e desejos. “Muitas mulheres, incluindo eu mesma, vivem em relações tóxicas somente por conta do sexo. Isso é mais improvável de acontecer se você tem controle de sua própria sexualidade. A mulher não fica dependente de ter um relacionamento só por sexo e é capaz de explorar seu próprio corpo”, diz.
Tabus
Ainda que viva em um país ocidental e tenha crescido em países de primeiro mundo, a blogueira afirma que a liberdade sexual é algo recente e os obstáculos para tratar o assunto ainda são diversos.
“A religião tem um poder muito grande tanto na sociedade, quanto dentro de algumas famílias. Sexo é um tema proibido e acredito que demorará para ser um assunto totalmente livre para discutirmos. Mas gostaria de ajudar a espalhar a mensagem de que sexo é algo natural e não indecente, que precise ser escondido. As mulheres ainda precisam lutar por muitos outros direitos, como aborto, igualdade salarial e direito à educação. Eu escolhi lutar pelo conhecimento orgásmico feminino. Não devemos tratar nossas genitais como uma área suja ou degradante. Mas sim como um espaço limpo, saudável e sagrado.”
Em seu canal do YouTube e em sua coluna, Venus defende que o orgasmo é muito mais que um prazer sexual, mas sim um elemento terapêutico.
“Podemos ter múltiplos orgasmos, mas o problema é que muitas mulheres não conseguem atingi-los por conta de problemas emocionais, depressão ou pressão social. E minha intenção é justamente trazer conhecimento sobre como se obter orgasmo e usá-lo em casos de dores de cabeça, cólicas ou ainda, como curar uma depressão, tratar casos de insônia e trazer felicidade. O orgasmo é muito maior e útil do que as pessoas pensam.”
Carreira
A vegana tem três livros publicados - "Inglês Para Pervertidos"; "A Máscara de Venus: memórias eróticas de uma mulher entregue ao desejo" e "Love Me Like You Hate Me: Lessons in Pleasure and Pain" - e já não vive mais em um apartamento com ratos. Além de ter tempo livre, ela também criou seu próprio vibrador - o produto leva seu nome.
Após testar mais de 400 brinquedos, a inglesa decidiu que estava na hora de criar um que não tivesse tanta penetração. “Queria algo que focasse mais no clitóris e deixasse o orgasmo mais intenso. Me diverti muito durante a criação de ‘O Venus’ e de fato foi muito orgásmico.”
Os brinquedos mais bizarros
Em um post recente no seu canal, Venus listou os cinco "sex toys" mais estranhos que já testou até hoje. A listinha tem:
- Lubrificante com cheiro e textura de esperma;
- Vibrador esquisito com laser;
- Bombinha que parece de estetoscópio para estimular os lábios vaginais;
- "Fukuoko": uma luva bizarra com pênis sobressalente;
- Alien, o consolo (que também parece um dinossauro!).
Em sua trajetória como testadora oficial de produtos sexuais, Venus passou a se dedicar ao tantra, aprimorou seus conhecimentos sobre si mesma e passou a testar somente coisas que ela mesma usaria. Produtos feitos de materiais duvidosos e outros tidos como “vulgares”, como um pênis mais realista foram deixados de lado.
Sem rótulos
Encontrar um homem que não se sinta ameaçado pelos seus toys não é uma tarefa simples.
“Os que aceitam ficar comigo são bem fortes”, afirma ela, que costuma se relacionar tanto com mulheres, quanto com homens e não preza por quantidade, mas espiritualidade.
“Isso vai além do termo bissexual. O mais importante é a energia entre duas pessoas, independente do gênero. Tenho preferido me relacionar com homens, mas tenho fantasias e desejos com mulheres. Prefiro ter pouco sexo, mas de qualidade, do que muito sexo e de qualidade mediana.”
Adepta da beleza natural – ela evita maquiagem ou programas de tratamentos em suas imagens -- Venus se apropriou de sua sexualidade aos 16 anos e desde então vem seguindo sem amarras sociais relacionadas ao seu corpo. “O prazer sempre foi mais importante que qualquer tipo de pressão. Sempre me senti uma pessoa sexual e curto meu corpo”, afirma ela, que não aprecia pornôs, nem mesmo os feministas.
Meu orgasmo não requer que outras pessoas se arrisquem. Sou feliz de atingir meu orgasmo por meio da masturbação sem precisar do pornô
“Sexo e intimidade são as coisas mais bonitas que existem. E com certeza pornografia não está relacionada com intimidade e nem com a beleza do ato sexual. O pornô transforma isso em algo vulgar, não tem apelo comigo. Tem gente que se masturba não pelo o ato em si, mas pelo que vê. Quero promover novas maneiras de aproveitar seu corpo sexualmente”, conclui.
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