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Tesão de ver o par usando fraldas: conheça as fantasias do ageplay

infantilismo - Getty Images
infantilismo Imagem: Getty Images

Carolina Prado

colaboração para Universa

13/07/2018 04h00

Você já ouviu falar no ageplay? É um jogo de BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo) em que os participantes agem, durante a brincadeira, como se tivessem uma idade diferente. “É uma troca de papel e tem a ver com gostar de dominar ou ser dominado”, explica a sexóloga Carla Cecarello.

Eles podem ser bebês ou crianças e daddy ou mommy (os termos usados para se referir a alguém que cuida e também domina). “Para quem domina, ver o parceiro ou parceira de fraldas é prazeroso porque indica que aquela pessoa está entregue à situação. Tem menos a ver com as vestimentas e mais com o comportamento”, explica a sexóloga.

A seguir, alguns praticantes de ageplay contam sobre as próprias experiências.

“O que me dá prazer é a dominação, quando ele me castiga se eu faço algo errado”

“Voltei a usar chupeta, mamadeira e outras coisas infantis aos 12 anos. Minha família achou que era uma fase, só que nunca passou. Fui estudar sobre o assunto e, quando conheci meu marido, apresentei a ele o ageplay e ele se interessou muito, quis fazer de imediato. Hoje, todas as nossas relações são assim. O que me dá prazer é a dominação do meu cuidador, quando ele me põe para dormir, coloca regrinhas, castigos se eu faço algo de errado etc. Eu me comporto como uma menina de uns cinco anos, e me sentir o centro das atenções, cuidada, me deixa muito feliz.”  
Louise Maranhão, 21 anos, autônoma

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“O tesão sempre surge na parte de trocar a fralda”

“Sou casada e pratico o ageplay com meu marido, pois nós dois curtimos o mesmo fetiche. Na maioria do tempo, eu me comporto como uma criança de um ano e meio, uso fralda, chupeta, chocalhos, mamadeira e até falo com voz infantilizada. E ele cuida de mim. Em alguns momentos, também já fui eu cuidando dele. Mas o que eu mais curto mesmo é me comportar como uma bebê brincalhona e indefesa.”
Ana Andrade, 32 anos, professora

“O que eu mais gosto é a sensação de cuidado e proteção, quando a mamy está comigo”

“Estou em um relacionamento há mais de um ano e a primeira conversa com a atual parceira foi no mercado, quando ainda estávamos no início do namoro. Eu pedi uma chupeta de presente. Recentemente, comentei que gostaria de ser cuidada como uma criança de mais ou menos sete anos e ela aceitou numa boa. Ela sempre foi carinhosa comigo e, agora, está mais ainda. Para nós, é algo normal, um dia comum eu acordo, cuido dos meus afazeres de adulto e a mamy vem me ver e ficamos em casa assistindo TV, ela me fazendo cafuné, me dando chocolate na boca... Sou uma little que não se importa em ter contato sexual, inclusive, até curto ter reações sexuais. Mas a prática nem sempre precisa envolver sexo. O que eu mais gosto é a sensação de cuidado e proteção quando a mamy está comigo.”
Elisa Santos, 24 anos, estudante e taróloga

“Quando ela aparece usando fraldas, para mim, é o ápice”

“Desde a pré-adolescência tenho tesão por fralda e só aos 14 anos descobri que isso não era doença e que havia grupos de pessoas que curtiam esse fetiche. Foi assim que conheci minha mulher. Na transa, eu e ela somos bebês e brincamos juntos, trocamos carinhos, às vezes tomamos mamadeira e comemos papinha também. Em geral, chupamos chupeta, vestimos fraldas e temos roupas de bebê do nosso tamanho, que gostamos de usar durante as brincadeiras. Na encenação me sinto bem, me sinto querido como uma criança mimada de quatro ou cinco anos. Mas ver a minha parceira como bebê também me excita, quando ela aparece usando fraldas, para mim, é o ápice! Sempre começamos brincando como bebês e, depois de um tempo, acabamos trocando beijos. Aí é que o sexo se desenrola. Mas, para mim, o infantilismo não é apenas um fetiche, é um estilo de vida. Eu pratico sempre que posso, acho bom ser criança quando estou com tempo, me traz boas lembranças e ajuda a aliviar o stress da vida adulta.” Danilo Aggi, 28 anos, professor

“Adoro ser travessa para que ele me corrija com uns tapas na bunda”

“O foco do ageplay não é o sexo, isso acontece naturalmente entre os parceiros, se decidido antes. No meu caso, tem que ser naturalmente, pois quando estou como baby não tenho relações. Mas, dependendo das atitudes do daddy, posso pular para middle (que tem entre 10 e 17 anos) e aí a cena muda, eu serei uma adolescente que gosta de provocar e esse será meu prazer. Para mim, não depende muito da caracterização, mas do psicológico mesmo. A palavra-chave é liberdade. É muito gostoso você deixar todos os problemas adultos de lado por algumas horas, é revigorante. Se eu estou como baby, a casa pode cair que não vou me importar. Já quando estou de middle, adoro provocar e deixar o daddy excitado, ser travessa para que ele me corrija com uns tapas na bunda. Quando comecei a me aprofundar mais no mundo do ageplay foi como se eu houvesse achado um outro pedaço de mim mesma que estava perdido.”
Barbie Roberts, 21 anos, autora

“O cuidado e a dependência gerados na relação me agradam muito”

“Sou infantilista há cerca de 13 anos. Comecei numa outra vertente do fetiche, que lá fora é conhecida por ABDL (Adult Baby Diaper Lover). No início, eu era apenas diaper lover, ou amante de fraldas. O começo é algo bem nebuloso, lembro de uma situação em que brincava de casinha com uma vizinha, e sua irmã mais nova era nossa bebê. Quando estávamos trocando a fralda dela, fomos surpreendidos pela babá, que nos deu uma bronca. A brincadeira parou ali, mas eu nunca mais parei. O que me inspira é poder cuidar e oferecer carinho de forma mais paternal. Adoro ver e cuidar de mulheres adultas vestidas em trajes e com atitudes de primeira infância. Meu trabalho é zelar por elas em todos os aspectos da vida: alimentação, estudos, higiene, disciplina. Minha bebê chupa chupeta, usa fraldas sempre que está comigo e toma mamadeira três vezes ao dia. Não sei exatamente explicar o porquê que isso me dá tesão, mas o cuidado e a dependência gerados na relação me agradam muito.” 
Nicolai Lisi, 28 anos, gerente comercial e proprietário da Little One Brasil - loja de acessórios e moda para ageplay e infantilismo

“Durante a prática, me desvencilho de qualquer preocupação”

“Meu fetiche não é transar com roupas infantis, o que me excita é a dominação. Para mim, o ageplay anda junto com o BDSM. Então, dependendo do momento, me comporto como bebê, criança ou adolescente. Para além disso, o sexo acontece como para qualquer casal, também envolve cuidado e carinho. Atualmente, não tenho parceiro e devo dizer que é muito complicado encontrar um que aceite essa parafilia com naturalidade, a comunidade fetichista é marginalizada e sofre com muitos preconceitos. As pessoas costumam associar à pedofilia e à inaptidão mental, mas somos pessoas com valores morais e autonomia intelectual para tomar nossas próprias decisões e dirigir as nossas vidas como adultos, apenas escolhemos nos comportar como crianças em uma parte do tempo, sem ferir ninguém e de forma consensual. Durante a prática, eu me sinto confortável me desvencilho de qualquer preocupação.”
Karina Dim, 18 anos, estudante