Grupo punk feminista Pussy Riot invade campo durante final da Copa
A final da Copa do Mundo entre França e Croácia, no estádio Luzhniki, em Moscou, foi interrompida neste domingo (15) por causa da invasão de campo de três mulheres e um homem, em ato reivindicado pelo grupo punk feminista russo Pussy Riot.
A paralisação aconteceu aos 7 minutos do segundo tempo, com entrada no gramado por diferentes lados do campo.
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Os invasores vestiam peças de roupas semelhantes às utilizadas pelos seguranças. Uma das pessoas tentou abraçar o croata Dejan Lovren, que chegou a ser puxado pelo braço, enquanto outra cumprimentou o jogador Kylian Mbappé, da França.
Olga Kurachyova, um dos membros do grupo, disse à Reuters, por telefone, ser um dos quatro invasores e que eles estão detidos em uma delegacia nas proximidades do estádio. Além dela, estão detidos Olga Pakhtusova, Nika Nikulshina e Pyotr Verzilov. Essa informação é do site de notícias russo "MediaZona".
Em um vídeo publicado na conta de Waldemar Moskovsky, major-general das tropas de infantaria, no Twitter, dois dos jovens aparecem detidos. É dito a eles que por culpa da invasão sofrerão multa pela FIFA, e Verzilov retruca, dizendo que eles "estão em prol da Rússia". Na publicação foi usada a legenda "Aqui estão os idiotas".
Por meio de suas redes sociais, o Pussy Riot assumiu a autoria da invasão. O grupo é conhecido pelo ativismo político, de oposição ao governo de Vladimir Putin.
Em nota divulgada no Facebook, o grupo diz ter escolhido a roupa como crítica à postura da polícia russa. Na Copa, ainda segundo a nota do Pussy Riot, os policiais "observaram cuidadosamente" as regras de convívio e "assistiram gentilmente" as multidões nas ruas do país. Mas durante a rotina russa, "perseguem prisioneiros políticos" e mostram "desprezo pelas regras".
O Pussy Riot pede a "liberdade de todos os presos políticos" e cita nominalmente o cineasta ucraniano Oleg Sentsov, em greve de fome há mais de 60 dias numa prisão russa. O grupo também pede o "fim das prisões aleatórias em protestos", da "fabricação de provas" contra opositores do governo e "permissão para oposição política" na Rússia.
Ao explicar o protesto, o grupo lembrou que neste domingo a morte de Dmitri Prigov, poeta dissidente nos tempos de URSS, completa 11 anos. Prigov, em suas obras, mencionava frequentemente a figura do "policial", uma representação do aparato repressivo do Estado soviético.
Outros protestos
O Pussy Riot é uma banda punk que se tornou conhecida em 2012, quando fazia performances em locais públicos contra o presidente russo Vladimir Putin -- que foi ao estádio para ver a final da Copa -- e a repressão de minorias na Rússia, especialmente em relação à comunidade LGBT.
Além de se oporem ao governo, os integrantes do grupo também criticam a Igreja Ortodoxa russa. Em 2012, após uma apresentação na principal catedral de Moscou, a Catedral do Cristo Salvador, três integrantes -- Nadejda Tolokonnikova, Ekaterina Samutsevitch e Maria Alyokhina -- foram condenadas a dois anos de prisão por vandalismo motivado por ódio religioso. O Pussy Riot chegou a ser considerado propagador do satanismo por representantes do Rússia Unida, partido que forma a base política do governo Putin.
Em agosto do ano passado, duas integrantes foram presas depois de realizarem protesto no presídio onde o cineasta ucraniano Oleg Sentsov está detido.
Neste ano, Maria Alyokhina, de 30 anos, uma das integrantes do grupo, foi detida e condenada a serviço comunitário por atirar um avião de papel contra o prédio da FSB, a agência federal de segurança russa, durante protesto contra o bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram.
*Com informações da EFE e da Reuters
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