Relacionamento abusivo: como ajudar mulheres vítimas de violência
Quase todos nós, infelizmente, conhecemos mulheres que sofrem agressão - física e psicológica - do companheiro, e ficamos, por vezes, sem saber como ajudar. Muito questionou-se, por exemplo, onde estavam vizinhos e amigos da advogada Tatiane Spitzner, morta após ser espancada pelo marido, Luís Felipe Manvailer, no Paraná. Por que ninguém apareceu quando ela gritou por socorro? E por que a amiga que sabia do comportamento dele não denunciou?
Até onde, e de que forma, afinal, testemunhas e amigas, podem interferir? No dia em que a lei Maria da Penha completa 12 anos, a professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) Ana Flávia d'Oliveira, pesquisadora sobre os temas de violência de gênero, serviços de saúde da mulher e atenção primária, ensina que em briga de marido e mulher, mete-se, sim, a colher.
Principalmente quando a situação já parece estar fora de controle há algum tempo. Aliás, o momento em que a mulher decide sair de uma relação abusiva e dizer "não" ao parceiro costuma ser a hora de maior risco para as mulheres.
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Pergunte o que ela quer
Falar simplesmente para a vítima sair do relacionamento não ajuda. Então, pergunte o que ela quer e provoque nela a seguinte reflexão: como será sua vida daqui a cinco anos? Isso a fará refletir sobre suas atitudes hoje. Segundo Ana Flávia, pesquisas comprovam que perguntar para a vítima o que ela quer tem mais resultado do que simplesmente falar para ela se separar.
Apoio incondicional
Independentemente da resposta, diga que está no lado dela. Tudo que a vítima precisa, neste momento, é sentir que tem amigos, alguém ao seu lado, e não de julgamentos. Senão ela pode se calar para sempre. A melhor ajuda, apontam pesquisas, é falar "sou contra isso, isso está errado, mas você não é culpada e estou do seu lado".
O que sua amiga realmente sente pelo companheiro?
Talvez pelo instinto materno, a mulher acredita que vai conseguir mudar, melhorar o companheiro, por ser a única que conhece sua intimidade. Pergunte, então, o que faz a vítima pensar que isso vai acontecer. Pode ajudá-la a entender o que de fato sente e enxergar que suas expectativas não serão alcançadas.
Entenda o lado dela
Quem está de fora pode não avaliar corretamente o que a vítima está sentindo: se é amor, medo, se há uma dependência afetiva. E, para quem tem filho, há ainda o temor de perder a guarda da criança. Fora as ameaças que ela deve sofrer. Então, tenha paciência e jamais faça acusações ou a julgue.
Ajude a avaliar os riscos
Em situações de extrema violência, chega a ser arriscado a mulher simplesmente pedir a separação, ir embora. O maior risco do feminicídio é na hora em que a mulher tenta sair, aponta a pesquisadora. Por isso a importância de tentar entender o lado da vítima.
Enfrente e denuncie
Se você presenciou a agressão, pode denunciar. Ou mesmo enfrentar o agressor, o que não significa apenas partir para cima. Se precisar, peça ajuda quando o caso é de agressão física. E quando ouvir, por exemplo, piada de cunho machista, presenciar comportamento inadequado, corrija a pessoa. Seja clara com o agressor de que aquilo não pode ser feito.
Você não é responsável pela vítima
Por mais que sofra com a agonia da sua amiga, você não é responsável por ela, ensina a especialista. Então, não sofra caso ela não faça exatamente o que parece ser óbvio e correto. Tenha paciência.
Nunca pergunte o motivo da agressão
Agredir, verbal ou fisicamente, não pode. Ponto! Então para que perguntar o que a vítima fez para apanhar?
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