Bruna Linzmeyer: "Não estou doente. Os que acham meu amor estranho estão"
Em entrevista à revista “Donna”, Bruna Linzmeyer falou sobre o fato de se assumir lésbica como uma atitude política.
A atriz, de 25 anos, reforçou que se considera “lésbica” para lutar pela causa, mas que, na verdade, se sente atraída por pessoas, independente de seus gêneros, e não pode ser colocada em uma caixinha, assim como diversas pessoas da comunidade LGBTQ.
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"É um ato político usar essa palavra. Porque eu, como ser humano, não quero ser reduzida por essa palavra em nenhuma esfera. Se fosse pensar na minha sexualidade, a minha sexualidade é livre: quero, posso e vou ficar com quem eu quiser. Existe até um nome para isso, que é pansexual ou panafetiva. Vou me relacionar com seres humanos, não importa o gênero deles, a sexualidade, com o que ele se identifica. Mas o uso da palavra lésbica, porque também sou lésbica, não sou só lésbica, é importante para o ato de luta. As pessoas falam pouco a palavra lésbica, né. Além de ser homoafetiva ou homossexual, eu ainda sou mulher. E é isso que a palavra lésbica traz. Há um preconceito, um machismo e misoginia porque é mulher e porque namora outras mulheres. Por isso o uso dessa palavra é importante. Mas considero a minha existência, o meu corpo e o meu prazer muito maior do que qualquer caixinha", contou.
Assumir para a família
Sobre se assumir para a família, Bruna revela sempre ter sido apoiada pelos seus pais, por mais que eles fossem “pessoas muitos simples do interior”, deixando ainda um recado para outros deles que lidarem com a mesma situação com seus filhos.
"Meus pais são maravilhosos, eles super me apoiam. Claro que, junto comigo, também enfrentaram algumas coisas, mas foi muito importante o apoio deles. Tanto de eles falarem: ‘Acho um pouco estranho, não estava preparado para isso, mas eu te amo, você é minha filha e quero que seja feliz. Vamos junto nessa caminhada, quero aprender junto com você’. Essa atitude é a mais importante e mais bonita. Se tiver algum pai que vai ler isso conseguir se conectar com o amor, com coisas que seu filho tenha para ensinar ou descobrir junto com você. Abrir o diálogo, e não ter uma atitude radical. E meus pais foram maravilhosos, por mais que sejam pessoas muito simples do interior."
Representatividade gay x lésbica
Por fim, a atriz falou sobre a diferença no tratamento de homens gays e mulheres lésbicas na sociedade.
"Tanto no cinema quanto na televisão, a representatividade homossexual ainda é muito sobre os homens gays, pouco sobre as mulheres lésbicas. Acho que a gente precisa falar mais sobre todas as minorias políticas e a gente também precisa dar mais espaço neste segmento específico para as mulheres lésbicas. Já tiveram outros, mas a maneira como está sendo tratada agora a história da Nanda (a atriz Nanda Costa, que interpreta uma personagem gay na novela Segundo Sol e também assumiu, neste ano, o relacionamento com a compositora Lan Lanh), é linda. É muito importante (...) O que representatividade traz é pertencimento. Não sou estranha, não estou doente. Não tem nada de errado comigo. Quem está doente são vocês que estão achando meu amor estranho. É isso que representatividade traz. É muito importante tanto na narrativa, quanto na vida, nas ruas. Eu boto a maior fé, tipo: “Galera, só vive feliz. Só anda na rua e faz o que quiser porque você pode”, concluiu.
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