Estou grávida? Todos os métodos contraceptivos podem falhar, dizem médicos
Foi durante uma reconciliação com o namorado que a estagiária Suellem Pereira, de 23 anos, engravidou – e não foi por falta de prevenção. “Tomava anticoncepcional há cinco anos e, na semana seguinte à pausa, usava camisinha”, explica. Nada mudou nesse dia. “Usamos camisinha, mas estourou. Não percebi, mas, por algum motivo, senti que deveria tomar a pílula do dia seguinte. Ingeri o comprimido seis horas após o sexo. Engravidei”.
Hoje, Israel tem um ano e meio. “Meu sonho sempre foi ser mãe, então não fiz desse acidente um pesadelo. Agora, imagina uma mulher sem estabilidade para criar um filho? Deve ser desesperador”, afirma.
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Segundo a ginecologista e especialista em reprodução humana Renata de Camargo, o único método 100% seguro para não engravidar é não transar. “Todos os métodos contraceptivos têm índices de falha e, por menores que sejam, não garantem a segurança total da mulher quando o assunto é gravidez.
Por isso, Renata e a ginecologista e doutora pela Escola Paulista de Medicina Ana Maria Massad ajudaram a Universa a explicar detalhadamente como funcionam os principais contraceptivos e quanto de falha cada um apresenta. Ana Maria dá um spoiler: “Os métodos naturais, como temperatura, tabelinha e coito interrompido, são os mais arriscados”.
Camisinha
Apesar de ser essencial nas relações sexuais para impedir a transmissão de DSTs, (doenças sexualmente transmissíveis) a camisinha não é das mais seguras para quem não quer engravidar. “O índice de falha do preservativo comum varia entre 2% e 21%. A alta taxa se dá devido aos acidentes que a envolvem: sair do pênis, no caso da masculina, e rasgar são as principais”, explica Renata.
Parece óbvio, mas a ginecologista recomenda que nunca se reutilize preservativo. Se teve que tirar por algum motivo, jogue fora, mesmo que ainda não tenha gozado. Ana Maria orienta: “Se utilizado corretamente, as chances de falha ficam entre 2% e 3%. Se não, aumentam para 21%”.
Pílula anticoncepcional
Mesmo inibindo a ovulação, a pílula anticoncepcional tem índices de falha que variam entre 1% e 8%. “Para tomar a pílula, o principal método de prevenção, é necessário que a mulher seja regrada em relação à frequência. Os comprimidos precisam ser ingeridos todos os dias, de preferência no mesmo horário”, diz Renata.
Caso a mulher esqueça de tomar a pílula, pode ingerir dois comprimidos no dia seguinte. “Contudo, se ela voltar a esquecer, deve fazer uso de camisinha por, no mínimo, 14 dias. Mulheres fumantes, com problemas de circulação sanguínea e portadoras de doenças cardíacas devem procurar outro método”.
Ainda, há substâncias que podem cortar o efeito do método contraceptivo. “Alguns antiepiléticos, antibióticos, antifúngicos, antirretrovirais e diuréticos, por exemplo”.
Injeção
A primeira injeção hormonal deve ser aplicada no primeiro dia da menstruação. “As aplicações seguintes devem acontecer sempre no mesmo dia do mês, independentemente de a injeção ser mensal ou trimestral. Tomou a primeira no dia 2 de janeiro, a segunda deve acontecer em 2 de fevereiro (se for mensal) ou 2 de abril, no caso da trimestral”, explica.
No entanto, poucas mulheres tomam esse cuidado. “Se aplicada corretamente, a taxa de falha das injeções é de 0,2% apenas. No entanto, se não houver essa preocupação, o índice sobre para 6%”.
Pílula do dia seguinte
Segundo Renata, a pílula do dia seguinte é um método emergencial que deve ser ingerido em até, no máximo, 72 horas após o sexo – a eficácia diminui de acordo com o tempo. "Os índices de falha são de 2% a 21%". A especialista orienta: "Os efeitos colaterais são muitos, por isso, a pílula do dia seguinte deve ser evitada".
Diafragma
O diafragma é um método contraceptivo inserido na vagina antes da relação sexual. Segundo Renata, ele bloqueia a entrada de sêmen no útero. "E só pode ser retirado seis horas após o sexo", explica.
Ainda assim, não é dos mais seguros: “A porcentagem de falha é de 6% a 20%, porque pode sair do lugar durante a penetração”, afirma.
DIU (Dispositivo Intrauterino)
Com durabilidade de 3 a 5 anos, o DIU (Dispositivo Intrauterino) hormonal é um dos métodos mais eficazes contra a gravidez. Segundo Ana Maria, apenas duas mulheres em cada mil que utilizam o método engravidam — 0,2% de falha.
Quando se trata do DIU de cobre, o número aumenta. “O índice de falha chega a oito mulheres em cada mil”.
Laqueadura (Esterilização feminina)
A laqueadura é o procedimento ideal para mulheres que não querem mais ter filhos. “Para isso, as Trompas de Falópio são ligadas ou cauterizadas para evitar a passagem do ovo para o útero”, explica Renata.
Ainda assim, há falhas. “A cada mil mulheres que fazem laqueadura, cinco voltam a engravidar”, afirma a especialista.
Vasectomia (Esterilização masculina)
Assim como a laqueadura, a vasectomia é um procedimento indicado para homens seguros de que não querem ser pais. “Com a cirurgia, o esperma deixa de realizar o caminho dos testículos até o pênis”, explica Ana Maria.
Apesar de ser um dos procedimentos mais seguros para evitar a gravidez, a falha acomete, em média, um homem em cada mil.
Implante hormonal
O implante subcutâneo é uma cápsula de silicone inserida sob a pele. Por meio dele, a progesterona é liberada diretamente na corrente sanguínea.
Renata afirma que a cápsula tem durabilidade de três anos e falha em apenas uma mulher em mil. “Mas falha”, ela afirma.
Temperatura e tabelinha
Os métodos naturais, como temperatura e tabelinha, são os mais arriscados, segundo Renata. “Consistem na abstinência de relações sexuais durante o período fértil da mulher – calculado pela temperatura e pelo muco vaginal. As taxas de falha podem chegar a 25%”, explica.
Coito interrompido
“Gozar fora” parece uma opção viável, mas pode ser bem arriscada. Ana Maria afirma que as chances de ocasionar uma gravidez podem chegar a 25%.
*Todos os índices de falha foram relatados pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Organização Mundial da Saúde e Ministério da Saúde
**Os métodos contraceptivos apresentados não substituem o preservativo para a proteção contra DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis).
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