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Aborto: Como Claudia Alencar e outras 15 famosas se posicionam sobre o tema

da Universa, em São Paulo

24/08/2018 08h49

No Brasil, aborto é crime — a não ser em casos específicos, como quando a mãe foi estuprada ou quando carrega um feto anencéfalo.

No entanto, o assunto voltou a ser amplamente discutido no país após a aprovação por uma comissão na Câmara dos Deputados da PEC 181, um projeto de lei que pode proibir o procedimento mesmo nestas situações em novembro e depois da audiência pública no STF no início de agosto que avaliou argumentos de representantes da sociedade civil contra e a favor da descriminalização.

Na esteira destas movimentações no legislativo e no judiciário, mulheres famosas como Claudia Alencar admitiram já ter feito um aborto e voltaram a se posicionar sobre o tema que, certamente, interessa a todas. Veja o que elas pensam sobre isso:

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Claudia Alencar

Claudia Alencar - Luiza Dantas / Carta Z Notícias - Luiza Dantas / Carta Z Notícias
Claudia Alencar
Imagem: Luiza Dantas / Carta Z Notícias

Em entrevista ao programa "Sensacional" da RedeTV! nesta quinta (23), a atriz admitiu já ter se submetido ao procedimento. "Eu fiz o aborto sem anestesia. Ele colocou um ferro dentro de mim, que eu me lembro a dor até hoje. Fez assim [gesticula mostrando o ato], raspou e jogou no lixo de metal, que eu ouço o som e [sinto] a dor até hoje".

Claudia ainda não disse não ter arrependimentos. "Nunca me arrependi porque eu sei que eu não seria a mãe que eu fui porque não tinha maturidade. Eu não teria dinheiro, não teria a possibilidade de criar e dar para ele o melhor. Eu sei da dor das mulheres em fazerem um aborto. Eu sei da dor e sei que nenhuma mulher é monstro".

"Nós tínhamos muito medo de ter filho. A gente só namorava, transava, ficava junto, fazia amor, sem penetração. Quando a gente viu que eu estava grávida, a gente [falou]: 'Como? Tudo o que a gente menos queria era isso'. A gente tinha muito cuidado. Isso não é raro, isso não se fala".

Ela ainda se posicionou pela descriminalização da prática no país. "Que o Brasil legalize o aborto como os Estados Unidos, para que nós possamos ter os filhos nas melhores condições e dar a eles o nosso melhor, nosso maior amor", defendeu.

"A mulher está desprotegida, completamente desprotegida. Nós mulheres somos vilipendiadas por essa sociedade machista, nós mulheres somos realmente donas do nosso corpo, porque todo mundo é dono do seu corpo".

Betty Faria

Sem Filtro - Betty Faria (capa desktop) - André Rodrigues e Eduardo Muruci/Universa - André Rodrigues e Eduardo Muruci/Universa
Betty Faria
Imagem: André Rodrigues e Eduardo Muruci/Universa

Sem fugir de possíveis repercussões polêmicas, a atriz Betty Faria contou à Universa em julho que também fez um aborto — e que acredita que outras mulheres é que deveriam legislar sobre o assunto.

"Fiz, e esse é um assunto que tem que ser falado. Quem tem que resolver de aborto é a mulher. Inclusive na política. As deputadas e senadoras é que têm de votar essa causa, não os políticos homens e machistas. Uma mulher estuprada, uma mulher que teve uma noite ou um relacionamento que não lhe serviu, tem que carregar um filho nove meses e criar pro resto da vida aquilo? Que é isso?", perguntou.

"Abortos são momentos que traumatizam, que você se lembra. Momentos da sua vida que foram violentos. Mas que bom que eu fiz. Que bom que eu fiz. Eu não queria ter aquele filho. E eu sempre tive bons médicos. Caros. Competentes. E-fim-de-pa-po."

Malu Mader

Malu Mader - Roberto Filho/Brazil News - Roberto Filho/Brazil News
Malu Mader
Imagem: Roberto Filho/Brazil News

Na última quarta, 6, Malu Mader falou sobre o que pensa sobre o tema no programa "Encontro", da apresentadora Fátima Bernardes. "Estou aflita. Ninguém é a favor do aborto, não existe uma questão de ser a favor ou não ser. É uma questão de que ele existe. Muitas mulheres fazem aborto, muitas mulheres morrem e sobretudo as mulheres pobres, então mais uma vez é a sociedade criminalizando apenas a mulher pobre. É uma questão de discutir isso, realmente, de fato, porque na verdade a mim me parece que não importa muito a vida dessa mulher, se ela vai morrer ou não", disse.

Ela ainda complementou. "Estava tão inflamada aqui, parecia que eu estava defendendo o aborto. De fato, eu acho uma coisa horrível também. Eu quando comecei minha vida sexual, antes mesmo, quando eu previa que aquilo ia começar — mas aí já é uma visão privilegiada — eu tinha um ginecologista me acompanhando, uma mãe conversando em casa podendo me dar atenção, pude falar com ele [sobre] 'o que é 99%, 100% de chances de não poder engravidar?', porque eu também tinha pavor dessa ideia".

"Mas a mulher que está nesta situação, ela está em desespero. Acredito que toda a mulher que tenha essa questão esteja em desespero. Então ela devia ter sido atendida antes com quem está tão preocupado com a vida alheia. O governo ao invés de abandonar ali à sua sorte, devia prestar atenção, informar, dar camisinha. A gente não falou de homem, né? Como se o filho nascesse só da mulher. Aquela carga, decisão, fica sempre pra mulher ser penalizada com essa decisão", completou.

Cleo Pires

Cleo Pires - Agnews - Agnews
Cleo Pires
Imagem: Agnews

"Não sou a favor do aborto por dois motivos. É contra os meus valores e é muito traumatizante. Mas acho que as mulheres têm o direito e o dever de saber o que fazer com o próprio corpo. E as pessoas vão continuar fazendo aborto sem o mínimo preparo, o que é horrível", disse a atriz à revista Marie Claire em 2010.

Camila Pitanga

Camila Pitanga  - AgNews - AgNews
Camila Pitanga
Imagem: AgNews

"Uma vez que o aborto é praticado, penso ser inadmissível que o Estado seja alienado desse problema. Eu pessoalmente não faria o aborto, mas entendo que é uma realidade que precisa ser cuidada. É uma questão de saúde pública, gente! Mulheres pobres e negras estão morrendo – já mulheres que têm condições fazem e não morrem. Respeito as religiões, no entanto isso é algo do foro íntimo de cada pessoa, disse a embaixadora nacional da ONU Mulheres à revista "Glamour" em 2015. 

Ainda em um papo com o UOL em novembro de 2017 sobre a PEC 181 — projeto de lei que pode criminalizar o aborto em qualquer caso no país — Camila disse: "Não consigo entender a falta de solidariedade com mulheres que foram estupradas ou correm risco de vida. É um assunto sério, extenso, delicado e sensível sobre autonomia do corpo e que não pode ser decidido por uma 'canetada' de homens”. 

Anitta

Anitta - AgNews - AgNews
Anitta
Imagem: AgNews

"Olha... Eu não faria, mas acho que as pessoas têm que ser livres para fazer o que elas quiserem. Não adianta legalizar e nem proibir, você precisa informar. Você tem que ensinar os motivos das coisas. Mas isso leva tempo, dinheiro e dedicação. Então é muito fácil proibir", afirmou a cantora à revista "Women's Health".

Bruna Marquezine

Bruna Marquezine - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Bruna Marquezine
Imagem: Reprodução/Instagram

"O que eu acho que falta no mundo hoje é empatia. Tento sempre me colocar no lugar do outro. Não tive nenhum caso de aborto na minha família e nunca vivi isso [de perto]. Então não sei o que leva uma mulher, em que condições ela se encontra para desejar abortar. Para mim, filho é uma bênção. Mas quem sou eu para julgar o outro? Acho que falta respeito com a decisão do outro, com a vida do outro, o corpo do outro. Sou a favor de respeitar o próximo", afirmou Bruna.

A atriz ainda revelou que o tema é difícil para ela. "É uma questão que, para mim, é conflituosa porque sou cristã e o meu maior sonho é ser mãe. Fico pensando que eu não conseguiria. Mas o outro talvez precise. É uma questão em que fico muito dividida. E se for um estupro? Eu não sei o que eu faria. Então como vou julgar a decisão do outro? Não tenho uma resposta certa para isso", explicou.

Cássia Kis Magro

Cássia Kis Magro - Manuela Scarpa/Photo Rio News - Manuela Scarpa/Photo Rio News
Cássia Kis Magro
Imagem: Manuela Scarpa/Photo Rio News

Cássia já fez um aborto, quando tinha 30 anos, mas hoje se posiciona contra a descriminalização do procedimento. "Eu já me perdoei, mas às vezes fico contando a idade desse filho que eu teria tido”, disse em 2015 em entrevista ao jornal "O Globo".

Sophia Abrahão

Sophia Abrahão  - Divulgação - Divulgação
Sophia Abrahão
Imagem: Divulgação

A apresentadora do "Vídeo Show" afirmou à revista "Glamour" de dezembro de 2017 que acredita na liberdade quando o assunto é terminar uma gravidez. "Falar de aborto é complicado, mas importante neste momento [na semana da entrevista, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados havia aprovado a PEC 181]. Cada mulher deve ser livre para decidir o que fazer, seja qual for a circunstância. Pessoalmente, tenho muita vontade de ser mãe, mas ainda tenho tanta coisa para plantar antes disso".

Bruna Linzmeyer

Bruna Linzmeyer  - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Bruna Linzmeyer
Imagem: Reprodução/Instagram

Bruna participou em 2015 da campanha "Meu corpo, minhas regras", uma resposta às agressões que o filme "O Olmo e a Gaivota" — que tocava no tema aborto — recebeu à época de seu lançamento. Por isso mesmo, Bruna foi chamada de "assassina" e "hipócrita" nas redes. Desde então, ela continuou defendendo a autonomia da mulher sobre seu corpo em seu perfil e em manifestações.

Luiza Brunet

Luiza Brunet - Fernando Louza/Divulgação - Fernando Louza/Divulgação
Luiza Brunet
Imagem: Fernando Louza/Divulgação

A modelo e atriz Luiza Brunet se diz favorável à legalização do aborto. "Principalmente em caso de estupro ou risco de vida. A educação sexual é muito importante e a gravidez precoce tem a ver com a falta dela em casa. Não sei o grau de educação sexual na escola, mas acho fundamental falar deste assunto o mais cedo possível, já que os adolescentes começam a vida sexual aos 12/13 anos. Eu abortei em 1979. Na minha casa não havia espaço para falar do assunto, existia um tabu. Casei com 16 anos e engravidei enquanto estava trabalhando e estudando. A decisão foi solitária. Não poderia ter um filho na época, ajudava minha família”, contou à "Glamour" em novembro de 2017.

Deborah Secco

Deborah Secco - Reprodução/Instagram/@rodrigogrunfeld - Reprodução/Instagram/@rodrigogrunfeld
Deborah Secco
Imagem: Reprodução/Instagram/@rodrigogrunfeld

No mesmo papo à "Glamour" em novembro, Deborah Secco também se posicionou. "Não sou a favor do aborto em todos os casos porque acredito que também temos que respeitar a vida. Mas sei que casos específicos devem ser avaliados porque são necessários, principalmente quando falamos de mulheres que foram aviltadas, violentadas. O que também é outro desrespeito à vida. No entanto sei que é, sim, inadmissível que políticos decidam o direito ao aborto mediante preceitos religiosos sem, mais uma vez, ouvir a sociedade que eles servem e que deveriam funcionar como espelho", ponderou. 

Sonia Braga

Sonia Braga - Susana Vera/Reuters - Susana Vera/Reuters
Sonia Braga
Imagem: Susana Vera/Reuters

Em entrevista à revista "Elle", Sonia contou que já abortou mais de uma vez. "No primeiro, eu era muito criança. Tinha 17 anos. Se não tivesse um médico de confiança, eu poderia ter morrido. Crime é o aborto não ser legal no Brasil", acredita.

Taís Araújo

Taís Araújo - AgNews - AgNews
Taís Araújo
Imagem: AgNews

"Se sou a favor do aborto? Sou a favor da saúde da mulher. Não dá para as meninas e mulheres ficarem morrendo a torto e direito. Aborto é um problema de saúde pública e educação. Não dá para ignorar que as pessoas o fazem. O grande problema é que alguns fingem que ele não existe e colocam a religião na frente e, enquanto isso, mulheres estão morrendo", disse Taís ao jornal "O Dia" em março de 2017.

Sandy

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Sandy

"Aborto, sob o ponto de vista jurídico, é crime. Eu defendo a descriminalização, principalmente quando a gravidez representa risco para a mulher ou para o bebê", disse a cantora ao jornal O Globo em 2012, quando também afirmou que é "muito retrógrado não usar camisinha".

Elba Ramalho

Elba Ramalho - Marco Antonio Teixeira/UOL - Marco Antonio Teixeira/UOL
Elba Ramalho
Imagem: Marco Antonio Teixeira/UOL

Apesar de já ter feito um aborto no passado, Elba se posiciona contra o aborto em qualquer situação. "O que me levou a participar do Movimento Pró-Vida e me tornar uma Pró-Vida atuante foi a experiência na carne a na alma do aborto. Quando uma mulher passa por isso, isso deixa marcas profundas na mulher. Então, foi a minha forma de ressurgir, de me remodelar, de me reestruturar, de ganhar confiança e capacidade de produzir a vida, quando num momento da minha vida eu produzi a morte. A gente não está aqui para produzir a morte. O mundo precisa de pessoas que produzam a vida, produzam a paz, produzam o bem, o bem comum", disse no documentário "Blood Money - Aborto Legalizado".

"Qualquer mulher é mais feliz se não abortar. Existe sempre uma sequela que fica. Tem gente que toma drogas ou tenta o suicídio para esquecer. Liberar o aborto é abrir um precedente complicado: uma sociedade que investe contra a própria espécie. São crianças inocentes no ventre de uma mãe", afirmou ainda em 2016 à revista "Época".