"Igualdade entre gêneros é um ótimo negócio para empresas", diz ONU
As eleições se aproximam e a desigualdade salarial e de oportunidades entre homens e mulheres ganha destaque nos debates sobre o futuro do país. A questão também está no radar de várias empresas que vêm se beneficiando de políticas de inclusão, mas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), ainda há muito espaço para avanços. “A igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça e de direitos humanos, é importante para o desenvolvimento econômico e um ótimo negócio para as empresas”, defendeu Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil, durante o Fórum dos Princípios de Empoderamento das Mulheres, em São Paulo, que aconteceu nos dias 29 e 30 de agosto, em São Paulo.
O evento, que reuniu representantes de governos, empresas e instituições da América Latina, Caribe e Europa, foi palco do lançamento oficial do programa GanhaGanha: Igualdade de gênero significa bons negócios. A iniciativa foi criada pela ONU Mulheres em parceria com a Organização Mundial do Trabalho e a União Europeia para estimular e apoiar o setor privado no fortalecimento da liderança das mulheres nos negócios, aumento da participação na força de trabalho e igualdade de direitos e oportunidades.
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Apesar de reconhecer avanços como o aumento de mulheres no mercado de trabalho nos últimos anos, a Diretora Regional da ONU Mulheres, Luiza Carvalho, destaca que a desigualdade ainda prevalece. “O programa não é endereçado apenas às próximas gerações, é destinado às mulheres deste tempo em que vivemos. Buscamos mudanças aqui e agora”, disse.
Para Nadine, este é um momento decisivo para que os diversos setores se unam para fazer as escolhas certas que levarão às mudanças necessárias para a garantia dos direitos da mulher. “Algumas vezes, recai sobre uma geração ser grande e fazer grandes avanços”, completou Luiza, citando Nelson Mandela, ao convocar os empresários a assumirem um papel de agentes dessa mudança.
Obstáculos à vista
Atualmente as mulheres brasileiras ganham, em média, 76,5% do rendimento masculino e são minoria em cargos de liderança. Os desafios apontados por estudos especializados são muitos, como o preconceito, muitas vezes inconsciente, na hora de contratar ou promover funcionárias, carência de modelos, exposição a assédio, falta de flexibilidade, entre outros. Para João Gomes Cravinho, Embaixador da Delegação da União Europeia no Brasil, o rápido avanço tecnológico também pode ser uma barreira, pois dificulta o reingresso ao mercado de trabalho após alguns anos, o que prejudica mulheres que se afastam pela maternidade.
“É um absurdo que igualdade de gênero no trabalho ainda tenha que ser um tema em 2018, mas a boa notícia é que estamos trabalhando juntos para que isso não seja mais uma realidade no futuro”, comentou.
Algumas empresas já apresentam um quadro de funcionários equilibrado, mas isso não significa que o trabalho acabou. “Esse número é apenas um dos indicadores. Tem toda uma questão de postura, cultura e comportamentos que precisa ser observada para garantir a igualdade”, alerta Adriana Carvalho, gerente para os Princípios de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres Brasil.
Além da questão de gênero
O Fórum abordou ainda outros tipos de discriminação no mundo corporativo, como a questão racial e LGBTI. “O Brasil ainda é um país machista e racista, por isso, precisamos de ações afirmativas nas empresas para mudar esse quadro”, afirmou Carlo Pereira, secretário executivo da Rede Brasil Pacto Global.
A posição do ex-secretário geral da ONU, Koffi Annan, falecido no dia 18 de agosto, também foi destacada durante o evento. “Ele defendia que a igualdade de gênero não era um fim em si, mas um meio para diminuição da violência, o avanço da economia e o desenvolvimento de todos”, lembrou Carlo. Os benefícios de políticas de diversidade e inclusão também são percebidos no resultado financeiro de diversas empresas, que apresentaram seus casos de sucesso durante o evento.
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