Desempregada e grávida, ela transformou renda em negócio de R$ 300 milhões
A cada cliente que sentava à sua frente para a simulação de um seguro e era recusado, a ex-corretora Sibele Vaz de Lima, 37 anos, via um potencial de negócio. Isso já faz dez anos, mas ela ainda lembra que, durante muito tempo, recolhia esse sentimento, o guardava para si e continuava com seu trabalho em uma grande instituição financeira. Nem pensava em empreender.
Com o tempo, porém, ela pensou que talvez fosse possível conciliar um novo negócio para atender a esses clientes que saíam da agência em Severínia, no interior paulista, sem ter seu problema resolvido, com o emprego atual. "Era um sonho ter um negócio próprio, mas não podia deixar de ter um emprego, pois tinha uma filha pequena", explica.
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Bem em frente ao seu trabalho, um pequeno espaço de 15 m² ficou disponível e ela entendeu que era um sinal. Sibele teve a ideia de criar uma corretora para atender aos clientes rejeitados pelo banco. Os seguros que ela não tinha credencial para vender eram comercializados por um amigo. E assim nascia a Vazoli.
Banco não gostou da ideia
Com o tempo, a empresa recém-nascida começou a prosperar e Sibele viu a oportunidade de aumentar a carteira de produtos: além de seguros, começou a trabalhar com oferta de crédito a negativados, aposentados e pensionistas -- um público, até então, carente de oportunidades do mercado financeiro.
No entanto, isso era mais do que o empregador de Sibele poderia suportar: a demitiram por considerar que o novo negócio era um concorrente. Para completar a situação, o marido de Sibele, Eric Vaz de Lima, também estava desempregado há cerca de três meses. Mesmo assim, eles resolveram apostar e abriram outra unidade na cidade vizinha, Olímpia, na qual moravam.
Teve que aprender a ser chefe
Entre todos os desafios que enfrentou na gestão do negócio próprio, Sibele ainda se lembra da primeira demissão que precisou fazer. "Chorei durante uma semana". Sem experiência como dona de empresa, a ex-corretora contratou uma funcionária que não tinha o perfil para a vaga e não sabia como orientá-la.
Se Sibele visse algo por fazer, preferia resolver por conta própria, para não precisar delegar e ter que explicar. "Eu tive que aprender tudo, não tinha conhecimento nenhum. O mais difícil, sem dúvida, foi a gestão da equipe".
Começou do zero
Uma vez sem renda e com a Vazoli dando seus passos iniciais, as portas começaram a se fechar para o casal. Ela não conseguia crédito nem mesmo para o mobiliário do novo escritório.
No entanto, uma empresa em São José do Rio Preto (SP) acreditou na proposta de Sibele e forneceu tudo que era necessário com pagamento parcelado. "Eles abriram as portas quando a gente precisava e, depois, quando crescemos, se tornaram fornecedores homologados de toda a nossa rede", diz.
Tudo parecia conspirar a favor da prosperidade da empresa. O casal apostou todas as suas fichas e, enfim, parecia que ia decolar. No entanto, uma notícia pouco oportuna aumentou o grau de urgência para o negócio dar certo.
Correndo contra o tempo
Quando tudo parecia ter se encaminhado para entrar nos eixos, Sibele descobria sua segunda gravidez. "Tínhamos que fazer dar certo, tinha que vingar. Eu não ia conseguir um emprego grávida".
Aquele primeiro ano foi de grande dificuldade para a Vazoli, mas Sibele não perdeu a esperança. Ela não tinha opção. Agora tinha mais uma razão para lutar e fazer seu sonho acontecer. E esse motivo estaria em seus braços em poucos meses.
"Estávamos conseguindo melhorar as coisas quando saí para dar à luz". Ela conta que trabalhou até um dia antes do parto: o bebê nasceu em um sábado.
Mais de cem franquias
As duas unidades começaram a crescer, principalmente após uma parceria com um banco conhecido por empréstimos consignados. A instituição cedia uma loja montada para empreendedores, em troca de produção. Isso ajudou a Vazoli a se desenvolver. Eles abriram mais duas lojas, em Viradouro e José Bonifácio, ambas no interior paulista.
Pouco tempo depois, um amigo de Eric, que estava em dificuldades financeiras, foi convidado pelo casal a abrir uma loja em Pindorama (SP), que viria a se tornar a primeira franquia da marca. Ele permanece até hoje na rede.
Atualmente, a Vazoli tem 103 unidades franqueadas e movimenta mais de R$ 300 milhões por ano. Quando Sibele olha para trás, entende que as intempéries foram, na verdade, impulsionadoras do seu sonho.
"Aprendi que se acontece algo de ruim, é porque logo virá algo de bom. Temos sempre que acreditar que vai dar certo e era assim que eu pensava naquele momento. Eu não tinha a alternativa de desistir", afirma.
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