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10 famosos militares LGBT que entraram para a história humana

Harvey Milk, ativista dos direitos dos gays nos anos 1970 e o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA - Divulgação/AP
Harvey Milk, ativista dos direitos dos gays nos anos 1970 e o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA Imagem: Divulgação/AP

Léo Marques

Colaboração para Universa

08/10/2018 04h00

Alexandre, Júlio César e Ricardo Coração de Leão foram alguns dos grandes líderes militares que se relacionaram sexualmente com outros homens – sem ninguém para censurá-los. A repressão à homossexualidade só ganhou força, mesmo, com o advento e a expansão da Igreja Católica, que passou a associá-la a pecado, crime e motivo de vergonha. Veja 10 famosos militares LGBT:

1. Alexandre, O Grande

Um dos comandantes militares mais bem-sucedidos da história, Alexandre seria visto hoje como bissexual. Os registros do historiador Diodoro Sículo e do estrategista grego Eliano sustentam que, além de quatro mulheres, o guerreiro também teve um amante, Heféstion, seu braço direito no exército. A relação dos dois era tão intensa que, quando Heféstion morreu, Alexandre ficou devastado, sem comer nem beber por dias e decretou luto em todo seu reino.

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2. Leonard  Matlovich

Veterano da Guerra do Vietnã, instrutor de relações raciais e condecorado duas vezes por seus atos de bravura e méritos, Matlovich foi também o primeiro militar gay em serviço ativo a declarar sua orientação sexual. Sua atitude, nos anos 1970, contribuiu para combater o veto à presença de homossexuais nas Forças Armadas dos Estados Unidos e, por essa razão, tornou-se um símbolo para milhares de defensores da causa LGBT, dentro e fora dos batalhões.

3. Barão Von  Steuben

Friedrich Wilhelm Von Steuben foi um nobre do século 18 que fugiu da Prússia por causa de sua homossexualidade, considerada naquela época uma infração. Na América, ingressou nas tropas do então líder George Washington e se consagrou como major-general depois de transformar frágeis e desorganizadas milícias que combatiam os ingleses na Guerra Revolucionária em um exército continental que levou os Estados Unidos à independência.

4. Frederico, O Grande

Foi um rei e líder militar da Prússia que obteve grande notoriedade por ter fortalecido seu exército e vencer três guerras. Porém, seus interesses não se limitavam às batalhas. Era amante das artes, em especial das homoeróticas, e mantinha uma forte amizade com o escritor francês Voltaire, que teria publicado anonimamente o livro A Vida Privada do Rei da Prússia, que revelou sua homossexualidade e expôs seus casos com homens da corte.

5. Ernest Röhm

O temido capitão do exército nazista e amigo de Adolf Hitler era um gay assumido que defendia que somente os homossexuais hipermasculizados, isto é, em sua visão, sem empatia pelo sexo feminino ou traços relacionados a ele, é que tinham coragem de exercer atos de violência extrema que outros homens não eram capazes. Porém, quando Hitler percebeu que a maioria dentro de seu partido era contrária à homossexualidade, permitiu que Röhm fosse executado. 

6. Júlio César

Busto do imperador Julio César feito em mármore branco - Lucas Lima/Folhapress - Lucas Lima/Folhapress
Busto do imperador Julio César feito em mármore branco
Imagem: Lucas Lima/Folhapress

Até hoje o imperador e líder militar romano é lembrado por seu envolvimento com Cleópatra, a rainha do Egito. Porém, no livro do século 2, As Vidas dos Doze Césares, o historiador e escritor Suetônio relata que Júlio César, aos 19 anos, teve um relacionamento com o rei Nicomedes 4º, da Bitínia. Na época, os rumores eram de que César era o parceiro passivo da relação. Para a sociedade romana, o sexo gay em si não era problema, mas a submissão de um líder, sim. Motivo pelo qual, anos mais tarde, seus adversários políticos o caçoavam como “Rainha da Bitínia”. 

7. Ricardo Coração de Leão

A valentia desse rei inglês como guerreiro e líder militar rendeu a ele o apelido de Ricardo Coração de Leão. Porém, segundo Fernando Bruquetas, historiador e autor do livro Reis Que Amaram como Rainhas, o fato de o rei ter se relacionado com homens foi censurado pela historiografia com a introdução do conceito de família patriarcal. Um registro do século 12 revela que Ricardo teve como amante Filipe 2º, rei da França: “Comiam os dois todos os dias à mesma mesa e do mesmo prato, e à noite as suas camas não os separavam. E o rei da França amava-o como à própria alma".

8. Hubert Lyautey

Alto Comandante das Forças Armadas Reais da França e um dos construtores do Império Colonial Francês do século 20, o marechal Lyautey teve sua homossexualidade omitida por biógrafos que queriam preservar sua reputação, argumenta o historiador Arnaud  Teyssier, da Universidade de Paris. Lyautey gostava de se envolver com artistas e escritores, apreciava desenhos homoeróticos e via nas colônias africanas uma fuga para suas aventuras sexuais.

9. Harvey Milk

Harvey Milk, ativista dos direitos dos gays nos anos 1970 e o primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA - Divulgação/AP - Divulgação/AP
Harvey Milk, ativista dos direitos dos gays nos anos 1970
Imagem: Divulgação/AP

Poucos sabem, mas Milk, que era ativista em prol dos direitos LGBT e o primeiro gay assumido a vencer uma eleição nos Estados Unidos, teve antes uma carreira militar. Ele ingressou na marinha americana durante a Guerra da Coreia, onde serviu como oficial mergulhador a bordo de um navio de salvamento de submarinos. Mais tarde, transferido para uma base naval da Califórnia, atuou como instrutor de mergulho e, em 1955, foi dispensado do posto de tenente.

10. Filipe 1º, Duque de Orléans

O nobre de família real foi também um comandante militar do século 17, tendo obtido vitórias na Guerra Franco-Holandesa contra Guilherme 3º, rei da Inglaterra. Filipe também ficou conhecido por exibir seus amantes masculinos publicamente na corte e por se comportar de forma abertamente extravagante e afeminada. O seu mais famoso e polêmico caso foi com Filipe, Cavaleiro de Lorena e filho de um grande escudeiro francês.

Fontes: Livros Born to Be Gay: História da Homossexualidade, de William Naphy; Reis Que Amaram como Rainhas, de Fernando Bruquetas; O Amor Entre Iguais, de Humberto Rodrigues; documentário Homens, Heróis, Gays Nazistas, de Rosa von Praunheim; e filme Milk: A Voz da Igualdade, de Gus Van Sant; America – The Story of Us, History Channel.