Dá para se relacionar com alguém muito diferente de você? Elas dizem como
Encantar-se por um parceiro muito diferente de você é tão comum que criou-se uma crença: a que os opostos se atraem. Mas, conforme o tempo passa e ganha-se intimidade, o que era encantador no início pode se transformar em conflito. Sabendo disso, estes casais aceitam e trabalham as diferenças no dia a dia, de modo que a vontade de ficarem juntos prevaleça. Veja os depoimentos:
Ela é feminista, ele vai votar no Bolsonaro
“Eu sou feminista e socialista. Já fui filiada ao PT (Partidos dos Trabalhadores) e frequentei eventos do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Ele é conservador e, atualmente, trabalha cuidando das mídias sociais de um candidato a deputado federal do PSL (Partido Social Liberal), o mesmo do Bolsonaro. A convivência tem sido um aprendizado, mas eu só vejo vantagens. A começar por sair da própria bolha. Conviver com pessoas parecidas me dava a falsa impressão de que eu tinha muita calma e eloquência para conversar sobre política, mas não era bem assim –só descobri ao namorar com o Mário. Eu tive que aprender formas de discutir pacificamente e aprender a ouvir ele até o fim. Em temas como porte de armas, imigração, cotas e privatizações sempre divergimos. Mas aprendemos a evitar certas palavras que soem ofensivas, porque ofender não é debater. Eu tinha uma visão distorcida das pessoas de direita, assim como ele também tinha uma visão distorcida da esquerda e das feministas. Por exemplo, já convivi com homens de esquerda que eram machistas comigo, coisa que o Mário nunca foi. Não vemos nossas divergências como algo que gera crises, vemos como algo que ensina os dois a serem mais compreensivos e tolerantes.” Amanda Freitas, 20, estudante. Namora Mário Meireles, 29, produtor audiovisual.
Ela é espírita, ele é ateu
“Ele é ateu e eu sou espírita. Eu frequento dois centros diferentes. Ele entende que religião é uma opção de cada um. A gente conversa muito a respeito, ele pergunta sobre, sem sarcasmo. Eu faço tratamento espiritual para um problema na coluna e, na véspera do tratamento, eu preciso seguir algumas regras, como evitar alguns alimentos, algumas conversas e também não posso fazer sexo. Mesmo se estivermos juntos neste dia, ele entende a minha posição. Por outro lado, conviver com um ateu tem me ensinado que existem outras maneiras de enxergar a vida, inclusive sem ter fé. Muitos questionamentos que ele levanta, por conta do ateísmo, tem me feito refletir. Por exemplo, sobre a importância de haver um estado laico. Cada vez mais eu tenho a consciência que precisamos lutar para que o estado não tenha religião, porque ninguém é obrigado a agir conforme a fé do outro. A grande questão não é ter ou não diferenças, é ter ou não respeito. Não adianta você pensar igual ao outro, mas não se respeitarem. Eu acho que toda diferença é válida, desde que você tenha liberdade para conversar.” Danielly Dafne de Carvalho Gomes, 34, esteticista. Namora Pedro Henrique Santos, 27, chef de cozinha
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Ela é do dia, ele é da noite
“Já aconteceu algumas vezes de marcamos de sair à noite e eu furar, por estar morrendo de sono e não conseguir ficar acordada. Aí já aviso: pode ir sem mim, sem problemas. Às vezes ele vai, às vezes, fica comigo. Em compensação, ele tem bastante dificuldade de acordar cedo e eu tive que adotar uma estratégia para cumprirmos compromisso pela manhã: eu sempre falo que é meia hora mais cedo do que realmente é. Se está marcado para as às 8h, eu falo 7h30. Ainda assim, chegamos em cima da hora. Eu não sei se é muito certo fazer isso, mas foi a única solução que encontrei. Moramos em um estúdio, ou seja, quase não há paredes. Então, também precisamos encontrar estratégias para a luz ou o barulho de quando um está acordado, não incomodar o outro. Se eu estou dormindo, por exemplo, e ele vai usar a cozinha, ele acende a área de serviço, que ilumina para ele e não me atrapalha. Quer dizer, para tudo encontramos um meio termo.” Mayara Galizia Seterval, 28, bancária. Mora junto com Cássio Siqueira Nepomuceno, 28, autônomo
Ela é prática, ele é romântico
“Ele é do tipo que faz declarações, que eu recebo envergonhada. No nosso noivado, ele me pediu em casamento no pôr do sol, se declarou para mim, segurando minha mão. E eu fiquei com uma cara de pateta. Quem via de fora pensava ‘aquela mulher é sem coração’. Mas é que eu fico bem sem graça e nunca sei como reagir. Eu queria ser igual a ele em muitos momentos, não sou, mas tenho aprendido a ser mais cuidadosa. Já aconteceu muitas vezes de ele dizer ‘ah, amor eu te amo’, e eu, na pressa, responder ‘arrã, tá bom’. Aí ele rebate: ‘Pô, amor!’ e chegamos a brigar, às vezes. Eu me desculpo, digo que estava na pressa e devolvo dizendo que amo também. Mas com o nosso filho, de 4 anos, a minha praticidade é aliada. No começo, ele era muito sensível para lidar com a criança, tinha medo de magoar. E eu tinha de intervir, para resolver algumas situações. Mas eu vejo que nossas diferenças se complementam. Quando eu estou sendo insensível demais, ele entra para dar aquela amaciada. Nós dois ganhamos aceitando o jeito de ser do outro.” Marcelle Chagas, 34, assessora de imprensa. Noiva de Gabriel Gontijo, 32, jornalista
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