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Senadoras eleitas querem nova postura de Bolsonaro a respeito de mulheres

Camila Brandalise

Da Universa

08/11/2018 04h00

Universa conversou com cinco das sete senadoras eleitas no pleito de 2018: Daniella Ribeiro (PP-PB), Eliziane Gama (PPS-MA), Mara Gabrilli (PSDB-SP), Selma Arruda (PSL-MT) e Soraya Thronicke (PSL-MS). As senadoras eleitas Leila do Vôlei (PSB-DF) e Zenaide Maia (PHS-RN) foram procuradas pela reportagem, mas não responderam aos pedidos de entrevista até a conclusão desta matéria.

Nenhuma das eleitas consultadas se posicionou como oposição, mas três delas discordam do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), em relação a posturas sobre algumas pautas especificamente femininas, como equidade salarial - ele já afirmou ser contra a interferência nas empresas para que isso seja garantido - e o maior número de mulheres no governo - Bolsonaro já afirmou não se preocupar com o sexo das pessoas que irão compor sua equipe.

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Veja, abaixo, o que elas esperam do novo governo e quais propostas pretendem levar ao Senado.

Daniella Ribeiro senadoras eleitas - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Daniella Ribeiro
(PP-PB)

O que espera do governo de Bolsonaro em relação às mulheres?
Espero que ele tenha flexibilidade e reveja sua posição sobre não ser necessário haver algumas políticas segmentadas. São necessárias pautas específicas para a população feminina, como fiscalização sobre a lei que já garante equidade salarial. Não é uma proposta minha, mas quero contribuir para essa discussão. Ele já declarou que não deveria ser exigido salário igual para homens e mulheres e espero que mude essa visão.

Que propostas a senhora terá para mulheres?
Farei audiências públicas onde possa ouvir mulheres que desejem ou tenham tentado entrar para vida pública. Quero saber quais foram e são as principais dificuldades delas para fazer um projeto e ajudá-las nesse desejo. Também pretendo retomar a discussão sobre a possibilidade de delegados pedirem medidas protetivas a mulheres em situação de violência doméstica. Esse projeto foi barrado pelo presidente Michel Temer em 2017, voltou à pauta da Câmara dos Deputados neste ano e agora está no Senado.

Eliziane Gama senadoras - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Eliziane Gama
(PPS-MA)

O que espera do governo de Bolsonaro em relação às mulheres?
Ele teve falas em relação a mulher que foram preconceituosas e excludentes, e isso é preocupante. Espero que possa ter um compromisso com as causas e colocar o tema da igualdade como prioridade. Também gostaria de ver uma participação equitativa no governo. Se ele for fiel à sua postura pessoal, que já demonstrou anteriormente, essa pauta da igualdade não existirá, e será desastroso. 

Que propostas a senhora terá para mulheres?
Vou propor um projeto de lei para tipificar, criminalmente, o assédio. No assunto violência, nós evoluímos com a Lei do Feminicídio e a Lei Maria da Penha. Mas estamos aquém quanto aos casos de assédio. Precisamos criar o crime e endurecer as penas. Também quero fazer audiências públicas para falar sobre as leis que já existem e como trabalhar com juízes e autoridades policiais para que elas sejam cumpridas devidamente. 

Mara Gabrilli senadoras - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Mara Gabrilli
(PSDB-SP)

O que espera do governo de Bolsonaro em relação às mulheres?
Espero que ele venha a conhecer mulheres competentes para colocar na equipe de governo. Porque elas existem, precisam ser incluídas, e não vejo esse esforço da parte dele. Se Bolsonaro quer fazer um governo para o povo brasileiro, fazer correções na política como vem dizendo, acho que a participação feminina na política é um dos pontos principais.

Que propostas a senhora terá para mulheres?
Pretendo criar um projeto de lei para tornar nacional o programa Tempo de Despertar. Esse projeto existe hoje em São Paulo, ligado ao Ministério Público, e consiste em fazer grupos de reflexão para homens agressores. É uma espécie de reabilitação e tem bons resultados: enquanto o índice de reincidência, no geral, é de 67%, entre os que frequentam esses grupos, ele cai para 2%.

Selma Arruda senadoras eleitas - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Selma Arruda
(PSL-MT)

O que espera do governo de Bolsonaro em relação às mulheres?
Como ele disse em sua campanha, sabe-se que não vai abortar políticas públicas já estabelecidas, como a rede de atendimento criada pela Lei Maria da Penha. Portanto, não espero nada além disso.

Que propostas a senhora terá para mulheres?
Não tenho propostas para mulheres, pois não é meu foco. Vou trabalhar pelo combate à criminalidade e à corrupção.

Soraya Thronicke - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Soraya Thronicke
(PSL-MS)

O que espera do governo de Bolsonaro em relação às mulheres?
Ele é extremamente radical contra a violência e sou ferrenha defensora dessa postura. Acredito que ele vai ser firme na defesa da mulher, protegê-la contra violência. A meu ver, ele respeita as mulheres e as minorias mais do que qualquer outro candidato respeitava.

Que propostas a senhora terá para mulheres?
Não tenho projetos de lei. Mas pretendo trabalhar junto ao meu estado, Mato Grosso do Sul, para melhorar a efetividade das leis que já existem. Nossa legislação é farta para proteção das mulheres, há a Lei Maria da Penha e a questão das medidas protetivas. Mas muitas vezes não há oficiais que possam colocá-las em prática. Falta gente para intimar o agressor, por exemplo, quando ele é denunciado. Isso depende do orçamento do estado, e vou conversar com o governo para investir mais nessa área. Também pretendo fazer palestras para falar às mulheres como entrar para a política.