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Agressões em realities: por que é tão difícil controlar a impulsividade?

Nadja no "Hoje em Dia" - Reprodução/Record
Nadja no "Hoje em Dia" Imagem: Reprodução/Record

Ana Bardella

Colaboração para Universa

10/11/2018 04h00

Há pouco tempo Nadja Pessoa, uma das figuras mais polêmicas da décima edição de “A Fazenda”, foi expulsa por ter agredido o participante Caique Aguiar. Durante uma discussão, o rapaz colocou os dois pés em sua cama, provocando a moça, que acabou revidando com chutes, visivelmente irritada.

Anos atrás, Ana Paula Renault (que também participou, mas foi eliminada de “A Fazenda 10”) passou por uma experiência parecida. Durante a 16ª edição do “Big Brother Brasil”, a jornalista foi expulsa do reality após dar tapas em um de seus colegas de confinamento. O que chama atenção é que tanto Ana Paula quanto Nadja eram algumas das personalidades favoritas às finais quando os episódios de agressões ocorreram. Por que, então, elas colocaram tudo a perder infringindo as regras do jogo?

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A agressividade faz parte do ser humano

De acordo com Ana Paula Dias da Silva, psicóloga da plataforma Vittude, a agressividade é inerente à condição humana, uma vez que se trata de um mecanismo de defesa. A diferença está em como cada pessoa lida com essa tendência. Como exemplo, a profissional cita uma “fechada” no trânsito: há quem se sinta irritado, mas não extravase o sentimento. Há também quem responda de maneira explosiva, com xingamentos. “Cada pessoa tem uma história de vida e isso influencia na sua maneira de agir”, explica.

Fazer para depois pensar

Fora da casa, Nadja chegou a classificar sua atitude como “infantil”. Mas, no momento, não conseguiu se controlar. “Em geral as situações que precedem uma agressão despertam na pessoa sentimentos com os quais elas não conseguem lidar – e por isso sentem a necessidade de ‘devolver’ imediatamente, colocar para fora”, esclarece a psicóloga. É como se o filtro do pensamento estivesse desligado. A pessoa vivencia a experiência, se sente angustiada e logo em seguida age – sem refletir sobre as consequências.

Álcool agrava, mas não justifica

No caso de Ana Paula Renault, a cena aconteceu durante uma festa na qual a participante estava alcoolizada. Na visão da especialista, “o uso do álcool pode agravar uma situação de descontrole, mas não desencadeá-la”. Em sua linha de raciocínio, ele diminui o estado de consciência, deixando a pessoa mais livre para atuar. Mas a manifestação da agressividade só acontece se o sentimento (ou a propensão para agir dessa maneira) já estiver na pessoa.

Autoconhecimento é a chave para o controle

Ana Paula garante que, se os episódios agressivos são recorrentes, o melhor caminho para superá-los é a terapia. “É preciso perceber os gatilhos que poderiam passar batidos, mas que acabam provocando as explosões. E, principalmente, entender por que eles acontecem”, orienta. Através do autoconhecimento, explica, é possível nomear os sentimentos antes de agir e, dessa forma, evitar que eles tomem proporções que serão prejudiciais no futuro.