Apaga, guarda ou compartilha? Adeptos dizem o que fazer com nudes recebidos
Se cada vez mais a vida real embola com a virtual, nada mais óbvio que as provocações sexuais estarem a uma conexão de internet. Nessa atmosfera online, o ato de mandar nudes nunca fez tanto sucesso. Enviar e receber vídeos e fotos íntimas tornou-se prática corriqueira.
Motivações e reações à parte, cada pessoa adota um comportamento diferente depois que se deleita com a surpresinha recebida do crush. Algumas guardam para consultas futuras, outras preferem apagar o mais rápido possível, evitando qualquer tipo de exposição.
Conversamos com fãs declarados da prática, que contam o que fazem com os nudes que recebem.
Lembrar a provocação
A advogada Sandra* tem 38 anos e costuma receber e enviar nudes com certa frequência. "Acho a coisa mais normal do mundo, principalmente dentro do meu relacionamento, porque é uma maneira de dizer que, mesmo com a agenda cheia, pensei nele e em nós e tive vontade de estar junto", avalia. "Sei que ele gosta do meu corpo e uma foto o deixa muito excitado, ainda mais se chega no meio de uma reunião ou de um dia tenso", acrescenta. Por segurança, Sandra mantém uma pasta com senha no computador, onde guarda as fotos enviadas e recebidas. "Gosto de olhar de tempos em tempos, de lembrar o momento. Mas, às vezes, deixo o TOC me dominar e apago um monte de imagens", ri.
O risco das saias-justas
Marta*, pesquisadora de 40 anos, guardava tudo o que recebia, mais por conta da preguiça do que qualquer outro motivo. Até o dia em que, querendo mostrar determinada imagem para a amiga do trabalho, acabou exibindo o close de um pênis que havia recebido do paquera da vez. "Só disse 'ops, não é essa' e mostrei a foto certa. Ela caiu na risada e eu saí de perto para não passar mais vergonha", relata. Hoje, Marta só mantém alguns cliques seus, para serem enviados aos crushes. "Dá uma preguiça danada ficar tirando uma foto nova toda vez", diz.
"Consultas" futuras
É no computador que o consultor Ronaldo*, 35 anos, esconde todas as fotos e vídeos que recebe, organizados em pastas identificadas pelas iniciais da dona. "Por anos, jogava fora. Ultimamente, guardo para estimular minha imaginação quando preciso", conta. Ele jamais abre os arquivos no celular, evitando risco de qualquer situação embaraçosa. "Além disso, sempre pego o nude sem rosto, porque se acontece alguma invasão, não compromete a pessoa que me enviou", afirma.
Cuidado com os filhos
Até certo tempo atrás, a farmacêutica Cristina*, 44 anos, preferia apagar qualquer nude que chegava por mensagem ou aplicativos. "Tenho filhos. Tinha medo que alguém pegasse meu celular e visse algo", lembra. Agora, como cada um tem seu aparelho e o da mãe tem desbloqueio com a impressão digital, ela se sente mais relaxada para guardar as imagens e vídeos que mais gosta. "Recebo várias vezes por semana e envio também. Mando para provocar. Quando nos encontramos, a coisa pega fogo", garante.
Até nas redes sociais
O terapeuta tântrico Rodrigo, 43 anos, não só troca quase que diariamente nudes com a esposa, como não vê problema algum em expor a nudez nas plataformas e redes sociais, já que são adeptos do naturismo. "Sempre gostamos de tirar fotos nus ou provocantes, desde o tempo das máquinas analógicas. Hoje, mandamos um para o outro para apimentar a relação, com provocações do tipo: 'estou te esperando desse jeito'", comenta.
Ver, comentar e apagar
Tão logo recebe e responde um nude, o editor Carlos*, 50 anos, deleta rapidinho o arquivo no celular. "Acho complicado guardar. Compromete muito, não só a mim, como à garota", avalia. Ele tem experiência em "climão". "Estava usando o computador, recebi a imagem, cliquei para deletar e, em vez disso, abriu a foto, e minha mãe apareceu. Ela ainda perguntou se era a garota que tinha ido em casa - e era", relata. Como a foto era um tanto quanto ousada, a mulher ficou muda. Carlos começou a rir e, por fim, a mãe relaxou e deu risada da situação também. Depois dessa, ele toma todo cuidado do mundo.
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Quero receberGrupinho de amigos
Os nudes recebidos pelo consultor de projetos Rafael*, 32 anos, costumam virar meme no grupinho de WhatsApp que ele mantém com três amigos para este fim. "A gente compara, conta as historinhas que rolam, mas nunca dizendo quem é a pessoa. Nossa única regra é o nude ser sem rosto", revela. Só fotos e vídeos vindos de alguém conhecido ou do crush é que ficam de fora do compartilhamento e guardados em uma pasta oculta no celular. Apesar disso, Rafael não escapou de apuros: "Deixei o web WhatsApp aberto no PC da empresa e fui pegar café. Nisso, o grupo começou a bombar com nudes e eu estava vendo no celular. Quando cheguei na mesa, o chefe estava na minha cadeira, falando com minha colega, e vários nudes estavam aparecendo na minha tela. Ainda bem que virou piada, pois fiquei gelado", conta.
*Os sobrenomes foram excluídos a pedido dos entrevistados.
**Com matéria publicada em 11/11/2018
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