Mulher com câncer é agredida ao ser confundida com um homem gay
A educadora Deborah Lourenço, 31, passeava ao lado da mãe quando foi intimidada e empurrada por um guardador de carros. “O homem deu um empurrão no meu ombro e passou a me xingar de ‘viadinho’, ‘viadinho de merda’”, relembrou à Universa após o episódio, do qual foi defendida também por outro guardador que assistiu à agressão.
Ela supõe que o xingamento teria acontecido por um motivo: desde o início deste ano, Deborah passa por um tratamento contra um câncer de mama. Com a quimioterapia, os cabelos caíram e ela suspeita ter sido confundida com um homem homossexual. O episódio aconteceu na manhã do último sábado (24), no Centro do Rio. Naquele dia, Deborah retornava de uma sessão de radioterapia.
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Relato viralizou nas redes
Um relato sobre o episódio foi publicado no Facebook pelo marido de Deborah, Jorge Lourenço, 32. Em três dias, a publicação ultrapassou os 55 mil compartilhamentos e recebeu mais de 110 mil reações. Além de narrar o episódio, o jornalista fez um desabafo. “Infelizmente, vivo no meio de gente imbecil que relativiza machismo, homofobia e transfobia. Que ainda fala de ‘mimimi’, que ainda fala que o Brasil é sim um país tolerante”, escreveu na rede social. Os dois estão casados há seis anos.
A agressão aconteceu quando a educadora tentava manobrar o carro na avenida Passos, na região central do Rio. Na ocasião, ela e a mãe decidiram mudar um pouco a rotina de exames e, após a sessão de radioterapia, foram a uma cafeteria na região. O agressor teria cobrado R$ 20 pela vaga, mas elas já haviam combinado com outro guardador. Irritado, o agressor começou intimidar Deborah e foi afastado por um outro guardador de carro. No final, filha e mãe desistiram e procuraram uma outra vaga nas redondezas.
Tratamento contra o câncer começou no início deste ano
Em abril, Deborah passou pela cirurgia de mastectomia para a retirada da mama direita. No mês seguinte, foi submetida à quimioterapia. Foi quando seus cabelos crespos --"cheios, cacheados e que morro de orgulho” -- começaram a cair. “Naquele sábado, saí de cara lavada, sem maquiagem, sem brincos”, diz.
Deborah buscou refletir diante da agressão. “É injusto o que aconteceu comigo e é injusto que isso aconteça com quem ama uma outra pessoa ou aparenta para a sociedade. Muitos comentários disseram que era ‘mimimi’, mas nos surpreendemos com a enorme empatia das pessoas”.
“O câncer tem me dado uma visão para lidar com a vida e compreender como as coisas são passageiras. Estou tranquila diante de minha aparência. As coisas boas da minha vida continuam comigo. Sou uma pessoa amada, foram 30 segundos de um momento difícil em uma vida incrível inteira”. A educadora diz que prestará queixa sobre o caso nos próximos dias.
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