Após câncer do marido, ela assumiu os negócios e salvou família da falência
Claudia Torquato, 44, farmacêutica bioquímica e fundadora da rede de estética funcional Oligoflora, recebeu duas más notícias, em 2012, que mudariam sua vida e o rumo de seu negócio. O marido e sócio, Iram Torquato, 51, foi diagnosticado com câncer no rim e precisou se afastar das atividades financeiras e comerciais da empresa.
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Claudia, que até então trabalhava na pesquisa e desenvolvimento e gestão operacional das 60 franquias, assumiu o controle comercial, mas logo descobriu que a empresa tinha dívidas milionárias e talvez não conseguisse chegar até o fim daquele ano. Ela optou por manter o marido e os três filhos blindados da real situação da companhia. "O fluxo de caixa não estava bom e não íamos conseguir pagar as contas. Precisávamos ter outra estratégia de vendas, mas ele não tinha mais cabeça para nada. Eu assumi", relembra.
Muito mais do que finanças
Paralelamente a isso, Claudia se lembra que o mercado estava em transformação: profissionais de estética passaram a oferecer tratamentos a laser, o que se popularizou e acabou dragando o conceito naturalista de sua empresa.
Além de pensar em estratégias financeiras, Claudia precisaria mudar o próprio pensamento para conseguir recuperar o negócio de um naufrágio iminente. A Oligoflora nasceu no fim dos anos 1990, primeiramente como indústria farmacêutica, oferecendo estética funcional e tratamentos naturais. De repente, ela descobriu que precisaria adaptar muitas de suas convicções, se quisesse continuar no mercado.
O aprendizado de Claudia no período de quase um ano em que Iram se afastou dos negócios não se restringiu a habilidades financeiras e mercadológicas. "Tive que desenvolver a resiliência, controlar minha ansiedade, viver um dia de cada vez e adotar comunicação de maneira mais direta com a equipe".
Foi nessa época que ela passou a se reunir com todos os funcionários e se reaproximar dos clientes para buscar melhorias para o negócio. A prática se mantém até hoje. "Foi muito importante. Agora que voltamos a crescer não queremos perder a proximidade com as pessoas", afirma.
Corrida contra o relógio
Entre a descoberta do câncer e a cirurgia de Iram passaram-se quatro meses. Durante esse período, Claudia precisou equilibrar as contas com fechamento de lojas --de 60 ficaram apenas 25--, demissão de funcionários e enxugamento de custos.
Para conseguir pagar o décimo terceiro dos colaboradores remanescentes e as rescisões, recorreu a empréstimos bancários. "Lembro que a aprovação do crédito veio dez dias antes da cirurgia. Ele entrou na sala de operação e eu estava mais tranquila, pois sabia que as contas de dezembro e janeiro, pelo menos, se pagariam", diz.
Uma nova empresa
Claudia estudou formas de trazer tratamentos mais populares para as clínicas e, consequentemente, novos clientes. Ela precisou se especializar nas tendências, buscar desenvolvedores que a ajudassem a criar métodos a laser, sem perder a identidade da empresa, além de cuidar da burocracia necessária para colocar o projeto em pé.
Ela implementou o novo modelo na sua loja própria, em São José do Rio Preto (SP), e em pouco tempo começou a colher os frutos.
Quando Iram retornou, em agosto, quase um ano depois da descoberta do câncer, a Oligoflora já estava nos eixos novamente. O faturamento da unidade própria estava na casa dos R$ 35 mil e, três meses depois, subiu para R$ 145 mil, por conta dos novos processos.
Hoje, a empresa reabriu a expansão por franquias e terminará o ano com 50 unidades. O faturamento projetado para 2018 é de R$ 13,8 milhões.
Novos hábitos
Durante aquele ano, Claudia desenvolveu um hábito familiar que cultiva até hoje: cozinhar com mais frequência em família. "Fiquei quatro meses sem conseguir retirar nenhum valor da empresa para minha família. Atrasei escolas das crianças, mudei padrão de vida e precisei desenvolver novos hábitos, como cozinhar em casa, por exemplo". Com isso, ela diz que conseguiu proporcionar mais momentos em família, que acabaram se mantendo depois.
A farmacêutica enfrentou e venceu o maremoto, mas não sem consequências. "Em muitos momentos eu achava que não daria conta. Desenvolvi uma arritmia por estresse três meses depois que ele descobriu o câncer. Meu coração não aguentou com isso, foi um momento muito difícil", relembra.
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