'Criei uma empresa para ajudar quem precisa de maconha medicinal'
"Imagine uma criança que tem 80 convulsões por semana e precisa de um remédio que não está à venda por aqui e é difícil de conseguir uma receita", provoca Viviane Sedola. A rotina difícil é uma velha conhecida para quem usa maconha medicinal no Brasil.
Para lutar contra essa dificuldade, Viviane não ficou só na imaginação. No ano passado, ela criou o "Dr. Cannabis", uma plataforma para conectar médicos a pacientes em busca deste tipo de medicação.
Na lista entram histórias de quem precisa tratar fibromialgia, autismo, crises de epilepsia, efeitos da esclerose múltipla e dores crônicas combatidas com medicamento à base de componentes da maconha -- como óleos, cremes e cápsulas.
A empresa de Viviane faz a ponte: mantém um registro e conecta médicos, pacientes e exportadores. A "Dr. Cannabis" fica com uma comissão em cima da importação.
Viviane também é um dos criadores da Kickante, uma das maiores plataformas de financiamento coletivo no País.
Quando recebeu investimento de um fundo para negócios sociais para tocar a empresa (sem revelar o valor), a reação do público foi diferente da imaginada. "Não percebi contato de haters, ao contrário. Contei com apoio de ativistas e pessoas interessadas em ajudar", diz.
Maconha medicinal ainda é pouco receitada no País
Segundo ela, o mercado de derivados da maconha cresce em um ritmo de 30% no mundo, apesar de o Brasil impor dificuldades peculiares. A importação de produtos com canabidiol é permitida apenas com laudo médico especial, um termo de responsabilidade, cadastro na Anvisa e espera pela análise e autorização da agência para a importação.
"Os médicos ainda têm certo receio ou desconhecimento de prescrever o que vem da cannabis", explica Viviane.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) ainda mantém restrições à medicamentos que possuem THC -- o componente da maconha dá "barato" -- em quantidades similares ao de canabidiol. Por essa restrição, somente neurologistas, psiquiatras e neurocirurgiões tem permissão do CFM para receitar medicamento de canabinóides.
Desde 2015, quando a Anvisa liberou a importação de canabidiol e produtos com componentes da cannabis sativas, apenas 321 pedidos médicos foram registrados no País. No ano passado, o número de receitas cresceu cerca de 60%, o que dá pouco mais que 500 prescrições em onze meses.
"A tendência é que sejamos lanterninhas no uso da maconha medicinal, mas o ritmo no mundo é acelerado e vamos avançar também por aqui", conclui.
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