O pompoarismo é uma técnica milenar que teve origem na Índia e foi aperfeiçoada na Tailândia. No Ocidente, porém, o método ficou conhecido por conta das pesquisas do ginecologista americano Arnold Kegel (1894-1981) nos anos 1940 sobre a musculatura pélvica. Ele desenvolveu uma série de exercícios, que seriam batizados com seu nome, para fortalecer os músculos vaginais e, com isso, corrigir ou prevenir a flacidez local e ainda garantir mais prazer no sexo. Durante um bom tempo, porém, o pompoarismo ficou estigmatizado por conta de duas funções: 1) entreter, principalmente no Oriente, através de shows para turistas de pomparistas expelindo e absorvendo bolinhas de pingue-pongue pela vagina; e 2) "enlouquecer de prazer os homens na cama" com movimentos em torno do pênis.
Hoje, apesar de certos assuntos que permeiam a sexualidade ainda serem encarados como tabu, o pompoar é valorizado por se tratar, na prática, de um instrumento poderoso que incentiva o poder feminino, recomendado por diversos profissionais --ginecologistas, terapeutas, psicólogos-- para a melhoria da saúde e da autoestima da mulher. Se você se interessa pelo assunto e precisa de algumas justificativas para começar a praticar, que tal se inspirar na lista de benefícios abaixo?
Ao aprender a fazer de forma voluntária as contrações que acontecem de forma involuntária, você potencializa --e muito!-- a chance de der um orgasmo intenso. Isso acontece porque o fluxo de sangue na região é elevado, aumentando a sensibilidade de toda a região pélvica, ampliando a excitação.
O trabalho constante da musculatura pélvica faz com que ela se torne mais flexível. Assim, no momento da penetração, o pênis vai entrar com mais facilidade. Você também se sentirá menos ansiosa. O pompoarismo é uma ótima ferramenta para tratar a dor causada por vaginismo ou dispareunia.
Como você se torna capaz de controlar os movimentos da vagina ao redor do pênis --apertando, soltando e até massageando, num nível "expert"--, pode dar uma paradinha estratégica quando sentir que o cara está chegando lá, prologando o prazer para ambos.
As cólicas ocorrem por causa das contrações involuntárias do útero para expulsar a camada interna que não recebeu o óvulo fecundado. Os movimentos do pompoarismo amenizam bastante esse desconforto. Além disso, o períneo fica altamente irrigado, melhorando a regulação hormonal e, em alguns casos, atenuando a quantidade de sangue. Durante a menstruação, porém, o ideal é fazer os exercícios sem os acessórios por conta da higiene e da prevenção de infecções.
Os principais são a secura vaginal por conta da redução de hormônios, o enfraquecimento da libido e o desconforto durante o sexo.
O fortalecimento da musculatura pode ajudar na hora das contrações naturais, fazendo com que o bebê saia com mais facilidade durante o parto normal. Atenção: no início da gestação, a fisioterapia pélvica não deve ser praticada sob o risco de os movimentos provocarem contrações no útero e, consequentemente, o aborto. É imprescindível conversar com o médico a respeito.
O pompoarismo faz com que o trânsito intestinal seja estimulado, tanto pelo movimento em si quanto por aumentar a irrigação local, ajudando a combater qualquer ressecamento.
A técnica ajuda a prevenir e/ou reverter a incontinência urinária causada pela flacidez dos músculos devido à idade ou à gravidez, evitando ainda terrível "bexiga caída".
Vale lembrar que não é só o parto vaginal que pode causar esse problema. É claro que há uma sobrecarga maior na musculatura pélvica durante esse tipo de parto, mas o fato é que o tempo e certas situações cotidianas (tossir, espirrar, rir, fazer exercício físicos, levantar peso) aumentam a pressão intra-abdominal e sobrecarregam essa parte da anatomia.
As contrações promovem uma maior liberação de estrogênio e um aumento significativo do desejo sexual. E mais: ativam as Glândulas de Bartholin, que promovem um aumento ou regularização da lubrificação vaginal. O sexo fica mais gostoso e confortável.
A técnica é relativamente fácil e consiste em contrair e relaxar repetitivamente os músculos da região pélvica - você vai descobrir alguns que nem sabia que existiam! Com treino, é possível aprender movimentos que se assemelham às contrações que ocorrem de forma involuntária durante o orgasmo.
Antes de iniciar os exercícios, faça uma consulta com seu ginecologista para saber se está tudo bem com sua região íntima. Infecções e problemas como miomas e endometriose podem sofrer uma piora com a prática. Faça, primeiro, o tratamento adequado.
A sequência básica é comprimir a vagina durante 5 segundos, como se estivesse segurando o xixi (realize de bexiga vazia!). O ideal é fazer 3 séries de 30 repetições por dia. Você pode treinar deitada, sentada, em pé... De preferência, vista roupas confortáveis. Com o tempo, aumente a duração das contrações para 10 e 15 segundos. Com uma rotina diária de 10 minutos de exercícios, já é possível ver os primeiros efeitos após um mês.
Você pode variar a sequência e praticar por um tempo até dominar bem o movimento. Mais importante do que a quantidade de contrações, e o número de vezes que pratica ao dia, é manter a regularidade. Ou seja: pratique diariamente.
Conforme for se sentindo mais "fortalecida", adote acessórios próprios para pompoarismo, como as bolinhas Ben Wa e os cones vaginais à venda em sex shops. De diferentes tamanhos, eles são ótimos para melhorar a eficácia da prática.
Pratique primeiro sozinha --e bastante!-- para depois aplicar tudo o que aprendeu com alguém.
Você pode associar a prática das contrações com os seus exercícios físicos ou outra atividade. Assim, será mais fácil manter-se motivada a continuar.
FONTES:
Caroline Alexandra Pereira, ginecologista e obstetra da Clínica Viváter, de São Paulo (SP); Cátia Damasceno, especialista em sexualidade e ginástica íntima e criadora do site Mulheres Bem Resolvidas, e Fernanda Pauliv, consultora e palestrante de sensualidade de Curitiba (PR)