Pai de Instagram: "Ele posta que ama os filhos, mas nunca visita"
"Entre agora no Facebook do meu ex que você vai ver as fotos dos nossos filhos, com declarações de 'meus bebês', 'anjo do papai', mas a realidade é outra", queixa-se a babá Stephany, de 27 anos. Mãe de uma menina de 12 e um de 10, ela chama o pai das crianças, com quem foi casada por 7 anos, de "pai de Instagram", termo bastante difundido na web. Para proteger os filhos, preferiu que não divulgássemos seu nome.
Natural do Mato Grosso, Stephany conta que o primeiro marido escolheu morar a 65 quilômetros de distância quando o casal deu um ponto final na relação. Afirma que desde então ele colabora apenas com a pensão. Não se preocupa em como eles estão na escola ou se estão se divertindo nas férias. E ela e o atual marido que levam as crianças para visitar o pai, onde, aliás, eles não dormem. Preferem ficar com a avó paterna, segundo Stephany.
"Há três anos, nossa filha foi atropelada. Perdeu dente e trincou o dedão do pé. Liguei para avisar. Ele apenas disse que ela não iria morrer e não ligou depois para saber se a menina melhorou", reclama.
A menina hoje, por outros motivos, tem depressão. Segundo Stephany, o ex diz que não pode fazer nada porque mora longe. Então ela encontrou a solução: está de mudança para a cidade dele:
"Nas redes sociais estão várias fotos felizes dele com nossos filhos. Uma vez comentei que jogar na internet era fácil. Queria ver o papel de pai. Ele me bloqueou".
Filhos entendem o que está acontecendo
O pai, em muitas situações, não dá atenção para o filho, mas usa as redes sociais para mostrar o oposto. A superexposição chama mesmo atenção para alguma outra coisa que está acontecendo -- ou disfarça. A conclusão é da psicóloga, especialista em família e perita em Vara de Família Renata Bento.
Ela equilibra, entretanto, os dois lados: o pai fala uma coisa, a mãe fala outra. É difícil analisar ciúme, alienação parental, descaso, abandono quando o ex-casal não se suporta e um pode distorcer o que o outro faz . O importante é pensar nas consequências para a vida do principal interessado, que é o filho.
"Muita mãe se queixa de que o pai não age como ela gostaria. Mas há situações em que a relação dele com o filho até vai bem. Então, às vezes, a reclamação diz respeito à relação dela com o ex", pondera a especialista.
Evitar as redes sociais é quase impossível. Então, uma vez em que a criança já vive numa zona de conflito, a moderação aqui, ensina Renata, é a palavra-chave. Até porque os filhos entendem bem o que está acontecendo.
"Acontece da filha sair com o pai e a madrasta e postar na rede. Mas depois a mãe pergunta tanta coisa que a criança, para alegrá-la, diz que o passeio foi ruim", exemplifica a especialista.
"É importante para o desenvolvimento emocional da criança que ela possa se queixar do pai para a mãe e dela para o pai, e que os ouvidos estejam abertos, sem que suas palavras sejam usadas com uma arma".
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