Quem foi a rainha decapitada após se apaixonar e assumir um trono disputado
Mais de 400 anos após ser executada, Maria Stuart ainda é conhecida como "A rainha dos escoceses". Sua história é reescrita, com o passar dos séculos, como uma mulher de grandes responsabilidades que teve coragem para seguir seus sentimentos, mas que também foi vítima ao longo de toda a vida de um ardiloso jogo de poder.
Maria tornou-se rainha com apenas seis dias de vida, e já tinha casamento marcado antes mesmo de aprender a falar ou andar. Com a morte do rei escocês Jaime V, Maria foi enviada à França aos cinco anos de idade para crescer ao lado da mãe, Maria de Guise e, aos 18 anos, retornou para a Escócia para assumir o reinado.
Em uma era em que o casamento era uma formalidade política, Maria permitiu-se apaixonar e assumir o comando de um reino diante de uma sociedade dividida entre católicos e protestantes. A ambição, a influência, bem como a paixão, levaram à prisão e morte. Maria foi decapitada a pedido da rainha inglesa Elizabeth I em 1587.
Dezenas de romances, poemas, ensaios, peças de teatro e filmes buscam retratar esta vida turbulenta de Maria Stuart. O mais recente é o filme "Maria, Rainha dos Escoceses", lançado nos cinemas nesta quinta (17). A editora José Olympio também lança neste mês "Maria Stuart", biografia assinada pelo conceituado biógrafo austríaco Stefan Zweig (1881-1942).
Casamentos
Maria era conhecida pela habilidade na escrita, poesia e era considerada inteligente e bonita devido aos cabelos ruivos. A perspicácia para admirar as belezas do mundo era notória durante a adolescência.
Apesar disso, nesta altura do campeonato, sua mão para um casamento já havia sido protestada duas vezes, e gerado batalhas e assassinatos.
Aos seis meses de idade, Maria teve a mão pedida por ingleses ao herdeiro do trono inglês, Eduardo. O casamento iria unificar Inglaterra e Escócia sob o domínio protestante. Acontece que o regente escocês David Beaton, de tradição católica, foi contra a união.
O racha gerou batalhas sangrentas entre os dois reinos. O saldo foi a morte de Beaton, assassinado por nobres protestantes. Mesmo com a carnificina à solta, os regentes escoceses saíram vitoriosos e conseguiram um tratado para casar Maria com o herdeiro do trono francês, Francisco.
Ela tinha apenas três anos de idade quando casou-se oficialmente. Aos 18 anos, com a morte de Francisco, já era viúva.
Uma história de amor? Mas nem tanto
Com a morte de herdeiro francês, Maria retornou para a Escócia e seguiu seu coração. Apaixonou-se e casou-se com Henry Stewart, conde de Darnley. O sentimento foi o início de sua destruição.
Em uma era de uniões burocráticas, o amor por Darnley fugia de grandes acordos e tinha um agravante: ele era primo da rainha da Inglaterra, Elizabeth I.
Isso significa que o casamento poderia acabar por dar poderes demais para Maria -- e a Darnley, que já tinha pretensões de tornar-se poderoso entre os dois reinos. Acabou que Darnley morreu em uma explosão misteriosa. O suspeito pela morte foi Jaime Bothwell, recém-divorciado às pressas. E aí vem uma outra reviravolta: Maria anunciou pouco tempo depois que estava apaixonada por ele.
O biógrafo Stefan Zweig afirma que a paixão do casal é uma "das mais singulares da história". As pretensões de Bothwell era usar a união para ganhar influência política.
"Maria dificilmente pode ser responsabilizada pelos seus atos, pois seu agir demente naquele tempo foge à sua vida habitualmente normal e até comedida; tudo é feito pelos seus sentidos embriagados sem e até contra a sua vontade. De olhos fechados e ouvidos surdos, atraída por aquela força magnética, ela segue como sonâmbula para a desgraça e o crime", escreve.
Morte
O visceral relacionamento terminou com o exílio de Bothwell, inocentado pelo assassinato do ex-marido da rainha escocesa mas acusado de conspirar contra a Coroa Inglesa. Maria também foi presa, e a união conturbada foi vista com maus olhos pelos católicos, já que Bothwell era um homem divorciado.
Maria Stuart foi decapitada em 1587, aos 44 anos, sob autorização de Elizabeth I. Ingleses e escoceses a retrataram como uma mulher desregrada e impulsiva. Só décadas depois sua história foi resgatada e demonstrada com de uma mulher poderosa, mas vítima do poder.
Segundo Zweig, que adiciona certa licença poética, a rainha dos escoceses falou a uma de suas criadas antes de morrer: "Pois devias alegrar-te, porque cheguei ao fim de meu sofrimento".
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