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Estupro e morte de motorista de Goiás teria motivação homofóbica, diz amiga

Vanusa da Cunha Ferreira - Reprodução/Instagram
Vanusa da Cunha Ferreira Imagem: Reprodução/Instagram

Mariana Gonzalez

Da Universa, em São Paulo

23/01/2019 16h30

A morte da técnica de enfermagem e motorista Vanusa da Cunha Ferreira, 36, após ter desaparecido no sábado (19), em Aparecida de Goiânia (GO), teria relação com homofobia, segundo a técnica de enfermagem Greyce Martins, amiga da vítima. Vanusa tinha um relacionamento com outra mulher há três anos e fazia "bicos" dirigindo: queria economizar R$ 10 mil e construir uma casa para morar com a companheira. O empresário artístico Parsilon Lopes dos Santos, 45, confessou nesta quarta-feira (23) os crimes de tentativa de estupro, homicídio, vilipêndio a cadáver e ocultação do corpo, e está preso na Delegacia de Investigações Criminais. 

Na noite em que desapareceu, Vanusa teria sido chamada pelo suspeito para fazer uma corrida por fora do aplicativo -- segundo Greyce, há cerca de três meses eles costumavam fazer esse tipo de combinado. O corpo da motorista foi encontrado na tarde de domingo (20), perto de um motel no Jardim Copacabana, em Goiânia, com sinais de traumatismo craniano. A delegada Mayana Rezende disse à Universa que o suspeito confessou ter tentado estuprar a vítima. "Ao ouvi-la dizer que não se relacionava com homens, a jogou para fora do carro e bateu sua cabeça mais de uma vez contra o meio-fio. Quando percebeu que Vanusa estava sem vida, tirou sua roupa e praticou atos libidinosos com o cadáver, pouco antes de escondê-lo."

Greyce, que trabalhava com Vanusa no Hugol (Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira), disse à Universa que a amiga vivia um relacionamento com a corretora de imóveis Juliana Pereira, 40, há mais de três anos. "Ele (o agressor) conhecia Vanusa e sabia que ela tinha uma companheira. Mesmo assim, tentou agarrá-la. Quando viu que minha amiga não ia ceder, justamente por ser homossexual, decidiu matá-la", acredita Greyce. Para a delegada, no entanto, isso não configura homofobia. "Ele sentiu raiva porque ela não cedeu a ele e cometeu o crime, não porque ela era homossexual", defende.
Vanusa ao lado de Greyce, durante o trabalho - Arquivo pessoal/Greyce Martins - Arquivo pessoal/Greyce Martins
Vanusa ao lado de Greyce, no Hugol
Imagem: Arquivo pessoal/Greyce Martins
Vanusa com a filha Jaqueline, de 18 anos - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Vanusa com a filha Jaqueline, de 18 anos
Imagem: Reprodução/Instagram

Vítima queria construir casa para morar com companheira

Segundo Greyce, Vanusa trabalhava como motorista para complementar a renda de técnica de enfermagem e economizar cerca de R$ 10 mil -- que seriam destinados a construir uma casa em que ela pretendia morar com a companheira, na cidade de Caldas Novas (GO), onde elas tinham parentes, e ajudar a pagar a faculdade da filha, Jaqueline, de 18 anos.

"A Juliana está muito fragilizada. Vanusa estava perto de bater a meta e já pensava em parar [de fazer corridas]. Os amigos e a família ficavam preocupados de ela sair à noite, mas ela não tinha medo", conta a amiga da vítima.

A expectativa é a de que o inquérito policial seja concluído em dez dias -- após a emissão do laudo pelo Instituto Médico Legal. Segundo a Polícia Civil, não há um advogado acompanhando o suspeito, que teria se apresentado sozinho para confessar o crime. Nem mesmo familiares de Santos teriam aparecido na delegacia. 

Caso seja condenado, Santos poderá ficar preso por 40 anos, pelos crimes de tentativa de estupro, homicídio, vilipêndio a cadáver e ocultação do corpo. O suspeito tem outras cinco passagens pela polícia por crimes como ameaça, injúria e danos -- todos praticados contra mulheres.