Cristãos e advogados: quem vai cuidar de mulheres no governo Bolsonaro?
Representantes cristãos e pessoas vindas de áreas como o direito vão comandar as secretarias responsáveis pelos direitos da mulher, LGBT e da família do governo Bolsonaro. O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos é comandado por Damares Alves, educadora, advogada e pastora evangélica, que está prestes a oficializar cargos.
Entre os nomes anunciados para o ministério, Damares citou Eronildes Vasconcelos Carvalho. Mais conhecida como tia Eron, ela vai ocupar a secretaria de proteção e dos direitos da mulher -- e, durante seu último mandato, fez parte da chamada "Bancada Evangélica".
Saiba o que são e o que pensam os secretários que vão pensar pelas mulheres e LGBT no governo Bolsonaro.
A ministra
A paranaense Damares Alves é advogada e foi assessora do então senador Magno Malta (PR-ES), membro da chamada Bancada Evangélica. Damares contou à Universa que sofreu abuso sexual durante a infância, e fez de bandeira o combate à violência infantil já em seu primeiro pronunciamento.
Criada no nordeste, na década de 80 fundou um comitê de proteção à infância e de crianças em situação de rua em Sergipe. A ministra também estimulou a bandeira contra a pedofilia durante seu trabalho congresso; o tema foi uma das marcas registradas do senador Magno Malta com a instauração da CPI da Pedofilia.
Damares é pastora evangélica. As pregações que fazia antes de se tornar ministra vieram à tona após ela assumir o cargo. Em uma delas, ela defendeu que o cristianismo havia perdido espaço para a ciência ao deixar que a Teoria da Evolução, base da ciência biológica defendida por Charles Darwin, "entrar nas escolas".
Com três dias no cargo, Damares foi criticada ao falar que o novo governo daria início a uma "nova Era", em que "menino veste azul e menina veste rosa". Famosos, como Luciano Huck, protestaram contra a fala.
A fala também gerou uma confusão entre Damares e um atendente de uma loja em shopping em Brasília. O funcionário ironizou a ministra, que usava um vestido na cor azul. O funcionário moveu uma ação contra ela na Procuradoria-Geral da República, mas foi desligado da empresa.
Sérgio Queiroz
É procurador da Fazenda, engenheiro civil, direito, cientista social, mestre em filosofia, doutor em teologia e pastor à frente da igreja evangélica Cidade Viva, na Paraíba. Ele será responsável por cuidar dos Direitos Humanos e LGBTs do governo Bolsonaro.
Em entrevista à Universa, o secretário afirmou que serão mantidos direitos da população LGBT em se casar. No ano passado, dezenas de casais LGBTs correram para oficializar a união por medo de declarações feitas pelo Jair Bolsonaro de combate à chamada "ideologia de gênero. O secretário também diz que pretende mapear crimes de intolerância e incluir pautas como acesso à água no semiárido nordestino na pasta que ocupa.
Tia Eron
A deputada federal Tia Eron ganhou destaque ao dar o voto de Minerva na cassação de Eduardo Cunha em uma comissão ética da Câmara, em 2016.
A carreira política da parlamentar começou na Igreja Universal do Reino de Deus, de onde herdou o apelido "Tia" por ser monitora do grupo de crianças da igreja. Baiana, Eron é deputada federal pelo PRB e foi a primeira vereadora negra eleita em Salvador, em 2000.
Como parlamentar, Tia assinou projetos como a proibição do nome social para transgêneros que são funcionários públicos. No último, tentou aprovar uma cota de 10% do Fundo Partidário para partidos que incluíssem candidatos negros.
Apesar disso, não foi reeleita como deputada federal. Seu nome é ainda um dos que não foram anunciados oficialmente, apesar de ela já ter se reunido com secretários para debater o futuro do ministério.
Angela Gandra
A também advogada Angela Gandra ocupará a Secretaria da Família. É católica, e chamou a atenção da ministra Damares após discursar contra o aborto na sessão que discutiu o procedimento no Supremo Tribunal Federal no ano passado.
Em entrevista à Folha, Gandra afirmou que pasta vai cuidar da projeção da "família em termos sociais, econômicos e de sustentabilidade de relações", o que ela ressalta que não se trata apenas de homem e mulher. Sobre aborto, Gandra afirmou que a secretaria vai preservar "a vida".
Angela é mestre em filosofia do direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e é filha de Ives Gandra, jurista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
O Ministério
O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos tem cerca de duas dezenas de atribuições, que foram herdadas do antigo governo. Ainda não se sabe qual responsabilidades serão mantidas ou distribuídas.
Por ora, o órgão federal de Damares é responsável por campanhas e projetos relacionados a temas dos Direitos Humanos, direitos das mulheres, proteção e direitos dos LGBTs, idosos, crianças e adolescentes, população em situação de rua, refugiados, preservação da diversidade religiosa, combate ao trabalho escravo, combate à tortura, abrigo político e, por fim, igualdade racial.
O que faz um ministério?
Um ministério não aprova ou apresenta leis. Essa função é do Poder Legislativo. O ministério ajuda a colocar em prática leis aprovadas no Congresso, cria campanhas, conselhos nacionais e articula interesses do presidente ou de outros ministérios para determinado tema.
O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, por exemplo, é responsável pelo Ligue 180, central que recebe denúncias de violência doméstica e ajuda a compreender a violência doméstica no País. Bolsonaro também colocou a Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre o comando do Ministério e empossou o general Franklimberg Ribeiro de Freitas para a pasta.
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