Mãe com múltiplas personalidades conta como fala com filhos sobre distúrbio
A americana Jane Hart, de 28 anos, foi diagnosticada em 2016 com o transtorno dissociativo de personalidade, antigamente conhecido como 'transtorno de dupla personalidade'.
Mãe solo de dois meninos, Daniel, de 8 anos, e Remington, de 5 anos, ela explicou à revista "People" como conversa com os filhos em casa sobre a questão.
"Eu digo a eles que a mamãe tem um cérebro único porque algumas coisas aconteceram comigo quando eu era pequena que afetaram o jeito como ele funciona agora. Sou tão aberta quanto posso ser, ajudando-os a entender, sem transformar [o transtorno] em um fardo."
Segundo ela, os filhos ainda não conseguem detectar os momentos em que suas personalidades se alternam.
Jane desenvolveu o transtorno em decorrência de uma série de abusos físicos e sexuais que sofreu na infância, mas afirma que sua situação 'não é como Hollywood a retrata'.
"Quando as pessoas olham para alguém com transtorno dissociativo de identidade, imediatamente pensam 'aquela pessoa tem alguém dentro dela que quer matar os outros. Mas não é assim que funciona."
Para ela, suas identidades a ajudaram a lidar com o trauma dos abusos. "O transtorno literalmente me protegeu e salvou minha vida. É o jeito que minha mente encontrou de proteger a psique. Mas também é uma sentença para a vida toda."
De acordo com o psiquiatra Richard Chefetz, especialista do país no assunto ouvido pela revista, pacientes como Jane que recebem acompanhamento médico podem chegar a ser 'excelentes pais e mães'. Suas personalidades, segundo ele, se tornam compartimentos que isolam as partes saudáveis da pessoa e dificultam o acesso às experiências traumáticas sofridas.
"Pessoas que foram machucadas tendem a ser protetoras de seus filhos. Aqueles que chegam à terapia -- e há muitos que não chegam -- tendem a ser pais efetivos. Porque eles querem o melhor para os seus filhos", afirma o médico.
As personalidades de Jane começaram a se revelar nos últimos quatro anos e, desde então, seu terapeuta identificou nove delas.
Entre suas personas estão Janie, de 6 anos, que não tem memórias dos abusos; Beth, de 10 anos, que protege a personalidade mais nova; Jayden, de 11 anos, que lida com as dores físicas dos abusos; Alexis, de 17 anos, que é uma jovem autoconfiante e impetuosa; e Madison, de 28 anos, uma mulher lésbica que se apresenta como protetora de todas as outras personalidades.
Quanto maior o nível de estresse a que é submetida, mais provável é que alguma de suas diferentes identidades se apresente por alguns minutos ou horas, até quinze vezes por dia. No entanto, ela diz que a maternidade é uma 'força estabilizadora' para ela.
"Quanto meus filhos nasceram, era como se todas as minhas partes, de repente, tivessem algo diferente para proteger e em que focar toda a sua energia. Pessoas com o transtorno têm um acesso único às suas versões mais jovens, o que dá a elas 'uma janela de empatia' que as outras pessoas frequentemente não possuem para que possam enxergar seus filhos através dela. O transtorno me dá a habilidade de sentar com eles no chão quando estão chateados e realmente entender como é ter cinco ou seis anos", acredita.
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