"Quero inspirar pessoas", diz modelo de 20 anos após vencer câncer 3 vezes
Nos últimos dias, famosos e anônimos inundaram o Instagram com o Desafio dos 10 Anos (o #10YearChallenge, em inglês), ao comparar fotos atuais com outras de uma década atrás. Para a modelo e estudante Anna Luiza Nicolau Evangelista, de Vitória (ES), a brincadeira tem um significado especial: em 2009, havia acabado de passar por sua primeira leucemia. De lá para cá, ela, que também é influenciadora digital e se prepara para estudar Nutrição, enfrentou o câncer outras duas vezes -- com uma nova leucemia e um linfoma -- e, há seis meses, está curada pela terceira vez. À Universa, ela conta como foi crescer passando por tratamentos médicos e como isso mexeu com sua autoestima:
"Entrei na brincadeira e postei duas imagens que não comparam se eu era mais feia ou mais bonita, mas que representam dois momentos importantes da minha vida. Em abril de 2008, descobri que tinha câncer: leucemia linfoide aguda. No mês seguinte, eu faria 10 anos. Não me lembro com detalhes do primeiro tratamento, nem consigo lembrar muito bem de como era a minha vida antes. Os psiquiatras dizem que sofri uma 'amnésia' por causa do estresse pós-traumático. Pelo que minha família fala, sempre fui muito tranquila e enfrentei tudo com sorriso no rosto. Quando se é criança, tudo é mais fácil, pois não há medo, ansiedade ou problemas emocionais. Tanto que eles me contam que meu cabelo não caiu todo -- mas eu quis raspar porque achava o máximo ficar careca. Fiz até um book fotográfico!
Em 2012, aos 14 anos, descobri que a leucemia havia voltado. Passei pelo tratamento novamente e os médicos queriam que eu fizesse transplante de medula. Achamos um doador rapidamente e fui a São Paulo para uma consulta. Porém, aconteceu um milagre: a médica que era chefe do setor de transplantes disse que eu não precisaria realizar o procedimento, pois estava curada. Estava com minha mãe e minha avó. Ficamos perplexas e tivemos toda a certeza de que Deus estava ali.
Minha mãe é mãe solo e, na época, morávamos com meus avós. Nunca tive muita proximidade com meu pai biológico, mas isso nunca me faltou em nada, pois desde pequenininha eu chamava meu avô de pai e assim é até hoje. Tenho uma família maravilhosa. Minha mãe, meus avós, e minhas tias sempre foram muito presentes.
Por volta dos 15 anos, sofri um impacto forte na minha autoestima. Além do câncer, eu tive osteonecrose nos dois fêmures, por ter tomado muito corticoide. Então tive muitas mudanças físicas, com inchaço e ganho de peso. Tive distúrbios de distorção de imagem, mas consegui superá-los ao me aceitar como sou. Apareceram muitas estrias que, no começo, me incomodavam bastante, mas hoje sei que são minhas marcas de vitória.
Em 2017, apareceu um nódulo na minha sobrancelha esquerda: era um linfoma. Ele acabou sumindo e em 2018 voltou a aparecer e crescer. Passei por tratamento com radioterapia: fiz 23 sessões, que terminaram em agosto do ano passado.
Nas duas últimas vezes que tive câncer, foi bem mais difícil para mim, pois eu já entendia o que era. Com o linfoma, meus pelos da sobrancelha caíram e me sentia bem mal ao me olhar no espelho, mas consegui superar e hoje me sinto muito melhor.
Criou-se um estereótipo de 'corpo perfeito', em que as meninas sempre têm que estar magras, malhadas e bonitas, mas, pra mim, hoje isso não existe mais! Um corpo perfeito é aquele em que você se ama, não importa como seja. A cada dia eu procuro me aceitar mais. É um longo processo, e toda mulher passa por isso. Infelizmente há uma cobrança excessiva em cima de nós, e temos de ter a cabeça muito boa para nos esquivar disso.
Desde quando eu tive o primeiro câncer, sentia a necessidade de ajudar as pessoas com a minha história. E hoje estou muito feliz por ver que meu propósito de vida está se cumprindo por meio das redes sociais. Tenho sonhos muito grandes: quero inspirar milhares de pessoas e mostrar para elas o quanto a vida é maravilhosa e que devemos ser gratos por tudo para sermos bem-sucedidos em todas as áreas. Quero muito poder falar para todos o poder da fé e da gratidão. E que devemos ter perseverança. Sempre."
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