Topo

Papo de vagina

Transar demais alarga a vagina? Especialistas explicam se é mito ou verdade

Boato existe há muito tempo, mas será que é cientificamente comprovado? - Getty Images/iStockphoto
Boato existe há muito tempo, mas será que é cientificamente comprovado? Imagem: Getty Images/iStockphoto

Jacqueline Elise

Da Universa

28/01/2019 04h00

Rumores e afirmações antigas ainda cercam a vida sexual das mulheres. Com a quantidade de cirurgias plásticas de reconstrução da região íntima feminina e o lançamento de produtos que prometem "tornar as mulheres virgens novamente", fica a dúvida: fazer muito sexo pode alargar a vagina?

A frase, apesar de datada, ainda pode ser ouvida na atualidade. Mas hoje já é sabido isso não é verdade. O ginecologista e obstetra Alberto d'Áuria, da Maternidade Pro Matre Paulista, em São Paulo (SP), diz que não há argumentos científicos que confirmam a informação.

"Isso não procede, muito pelo contrário. A vagina, quando exercitada durante o sexo, tem uma musculatura melhor, portanto, quem tem atividade sexual satisfatória, quando exercitam a contração e o relaxamento da vagina, tende a ter mais tônus".

A ginecologista e obstetra paulista Ana Maria Massad Costa também confirma que isso é um mito. "Entre minhas pacientes, eu não tenho esse tipo de questionamento, ainda bem. Nem o comprimento nem a largura da vagina são comprometidos em virtude da frequência de relações", diz. Além disso, ela garante que a quantidade de transas não interfere na obtenção de prazer. "O que garante uma relação sexual boa é a transparência e honestidade entre o casal".

Se é mentira, de onde veio essa história?

Ambos os especialistas contam que este pensamento surgiu durante períodos da história da humanidade no qual certos mitos foram criados para controlar o comportamento social --a vida sexual foi um dos aspectos mais afetados.

"O mito de que a vagina alarga por conta da frequência sexual nasceu quando os homens queriam controlar as filhas, então ameaçavam dizendo: 'se tiver relação vai ficar com a vagina flácida', afirma Alberto. "Existia uma frase grotesca, que já ouvi várias vezes: 'Essa moça não é de família porque ela está arrombada'. O termo foi colocado na mente dos jovens entre as décadas de 1930 e 1970 para desmerecer mulheres de atividade sexual livre, para que nós, homens, pudéssemos desvalorizá-las por sua vida sexual".

Mas a vagina pode mudar de tamanho?

Os únicos fatores que podem influenciar no tamanho do canal vaginal são malformações genitais e parto normal. No caso das malformações, Ana Maria diz que, mesmo assim, a mulher pode ter uma vida sexual normal. "É uma situação específica que pode ser tratada com moldes de tamanhos progressivos".

Já no parto normal, Alberto explica o que acontece com o corpo da mulher. "O assoalho pélvico e a cavidade vaginal sofrem lacerações. Mas a vagina fica nove meses sendo preparada, recebendo infusões altíssimas de estrógeno e progesterona. Na maioria dos casos, ela se regenera naturalmente".

Ana Maria recomenda exercícios para uma recuperação mais eficaz. "Com fisioterapia pré-parto e pós-parto, o tônus vaginal volta praticamente por completo a ser como era antes".

Papo de vagina