"Tinha 9 anos": como a BBB Isabella, metade das vítimas de abuso é criança
Recentemente a participante Isabella Cecchi, do BBB, contou aos colegas que foi vítima de abuso sexual na infância. A estudante de medicina explicou que tinha apenas 9 anos quando estava se mudando com a família e ganhou de presente da tia um guarda-roupa. "O rapaz chegou para montar e eu fiquei olhando. Aí ele começou a tirar da carteira umas fotos totalmente pornográficas. Eu não sabia nem o que era sexo", disse.
Em seguida revelou que o homem tentou ver partes do seu corpo e a jogou na cama, proferindo ameaças: "Eu fiquei sem reação e ele em cima de mim, eu nunca me esqueço dessa cena". Por fim, disse que estava pálida quando procurou a ajuda da irmã -- e que o responsável pelo crime saiu algemado da casa, preso em flagrante.
Crime é recorrente no país
Infelizmente, violências como essa são comuns no Brasil. De acordo com o Ipea, 50,9% das vítimas de estupro tem até 13 anos. "Em geral, o crime é cometido por pessoas de convívio próximo, no próprio ambiente familiar", explica Karina Lira, assessora de proteção da ONG Visão Mundial. De acordo com a especialista, por este ser um espaço considerado seguro e por existir confiança entre as pessoas, pode ser difícil identificar os abusos.
Responsáveis devem estar atentos aos sinais
"Para as crianças e adolescentes costuma ser difícil falar sobre os episódios", ressalta Karina. Principalmente nos casos em que o abusador é uma figura de convívio diário, como pai, padrasto, tio ou avô. "É comum que pensem que os demais não acreditarão na história. Além disso, muitas vezes o abusador faz de tudo para que a criança mantenha o silêncio. Para atingir esse objetivo, pode ameaçá-la de morte ou dizer que vai machucar seus entes queridos", diz.
Logo, a identificação do crime deve ser feita com base no comportamento dos menores. "Na maior parte das vezes, eles mudam a maneira de ser. Passam a dormir e se alimentar mal, ficam mais agressivos e retraídos", aponta Karina. Em alguns casos, podem haver hematomas pelo corpo e sangramento nas roupas. Esses fatores, isoladamente, não confirmam a possibilidade de abuso, mas devem levantar a suspeita dos responsáveis para que o caso seja investigado.
Quando é possível denunciar?
Na dúvida, o primeiro passo é conversar com a criança ou adolescente, ressaltando que é seguro se abrir sobre o assunto. "Ainda assim, há casos em que a vítima continuará em silêncio", pontua a especialista. Se a desconfiança persistir, a recomendação é denunciar. "Dessa maneira, o órgão de proteção mais próximo (Conselho Tutelar ou uma delegacia especializada na infância) pode investigar a situação", assegura. Não é preciso que o abusador seja pego em flagrante ou que existam fotos ou vídeos comprovando a violência. Basta uma denúncia (que pode ser feita anonimamente por qualquer pessoa através do Disque 100) para que a averiguação se inicie.
Vítimas necessitam de uma rede de apoio
Vítimas de abuso sexual precisam passar por atendimentos médico e psicológico. "Gravidez, doenças sexualmente transmissíveis e lesões na região genital são algumas das condições que precisam ser descartadas ou tratadas nas crianças", exemplifica Karina. No âmbito emocional, as consequências variam. "No futuro, elas podem ter dificuldade de se relacionar socialmente, ansiedade, depressão e até dependência química", completa. Por isso a importância de receber os dois tipos de suporte.
Medidas de proteção
Karina ressalta ainda que é possível trabalhar, no ambiente doméstico, formas de autoproteção. "Trata-se de ajudar a criança a identificar o que é uma violência e para quem pode pedir ajuda quando sentir que precisar", detalha. Dessa forma, a criança pode reconhecer situações de desconforto envolvendo o corpo e dar nome aos sentimentos, manejando as emoções. "É importante explicar, por exemplo, quais segredos podem ser guardados e quais precisam ser revelados. Se causa sofrimento, não deve ser escondido", finaliza.
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