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"Homens falavam que eu tinha que ficar com eles para crescer", diz Lexa

Lexa recebe mensagem de fãs em relacionamento abusivo - Patrícia Devoraes/Divulgação
Lexa recebe mensagem de fãs em relacionamento abusivo Imagem: Patrícia Devoraes/Divulgação

Luiza Souto

Da Universa

08/02/2019 04h00

Lexa (fala-se "lécha") acaba de pousar no aeroporto Santos Dumont e já avisa que está a caminho de um evento, no Rio de Janeiro. Mas dá tempo de falar sobre o lançamento do novo clipe, "Só depois do Carnaval". A cantora também se diz preocupada com denúncias de fãs que sofrem em relacionamentos abusivos e contas sobre propostas desrespeitosas que recebeu no início da carreira, aos 19 anos:

"Alguns artistas falavam que eu tinha que ficar com eles para crescer. Ficava apavorada. Doía escutar esse tipo de coisa. As pessoas queriam me massacrar porque era novinha".

Aos 23 anos, a cantora que nasceu Léa Cristina -- e tem um "x" no nome artístico em homenagem à Xuxa -- , e foi criada na zona oeste carioca é quem compõe o próprio enredo. Junto à mãe, a empresária Darlin Ferrattry, cuida pessoalmente dos cerca de 10 contratos publicitários, cria as coreografias que usa nos shows e supervisiona os mais de 30 funcionários -- 4 somente em casa -- que ajudam a colocar seu bloco na rua. "Tudo passa por mim hoje".

Lexa no início da carreira:

Foto especial especial para quem já está viciado em #PossoSer

Uma publicação compartilhada por Lexa (@lexa) em

Experiente com números -- ela cursou um período da faculdade de Engenharia Civil na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e foi aprovada em 5º lugar na mesma unidade, no curso de Matemática -- Lexa ainda administra suas contas.

"Sou boa com números. Mas não sou gastadeira: sei bem onde tem e onde não tem que gastar", avisa a cantora, que aos 16 anos trabalhou na padaria de um mercado.

Os números de Lexa estão cada vez mais no positivo, aliás. Os três hits lançados recentemente, "Sapequinha" (setembro), "Provocar'" (novembro) e "Só Depois do Carnaval" (janeiro) estão no top 50 da plataforma de música Deezer. Esse último, em uma semana de lançamento teve mais de cinco milhões de visualizações. Em parceria com o serviço de streaming, a cantora lançou, esta semana, um EP com as três músicas. 

Denúncias de relacionamento abusivo

No Instagram, Lexa acumula 5,2 milhões de seguidores, mas alguns não parecem fãs. Vira e mexe, pipocam críticas ao seu corpo ou comparações com a cantora Anitta. Dizem que ela tenta imitar a funkeira. Ela fala que leva numa boa:

"A gente vira um pouco refém das pessoas na internet, dos julgamentos. Ou eu faço disso algo positivo e mostro que educação e empatia resolvem as coisas, ou respondo aos mais abusados, porque ódio gratuito ninguém merece".

É nas redes também que Lexa tenta ajudar fãs vítimas de relacionamento abusivo.

"Elas mandam mensagens contando o que sofrem. Uma fã me mandou vídeo machucada e chorei com ela. Sempre falo para não temerem as ameaças e denunciarem". 

Casada há oito meses com MC Guimê, Lexa fala que nunca passou por situação parecida, mas não escapa de cantadas de cunho machista ou olhares preconceituosos por causa da roupa curta ou do rebolado. "No Insta, recebo ataque toda hora por causa disso. É um absurdo existir padrão para que haja respeito. Sou uma mulher que usa short curto e vivo da música, sim".

Lexa e Guimê se conheceram há quatro anos, quando cantaram juntos a música "Fogo", e subiram ao altar numa cerimônia de luxo celebrada pelo padre Fábio de Melo. Não há previsão de aumentar a família.

"Dez minutos após acabar a cerimônia, perguntaram quando viria o neném. Entendo essa curiosidade porque nosso relacionamento é exposto. Mas impor isso é chato. Eu tenho vontade de ser mãe, mas estou curtindo tanto minha carreira que não vejo momento agora. É uma coisa pessoal, é meu corpo", decreta ela.

Corpo esse que, aos 19 anos, perdeu 12 kg, passou por uma lipoaspiração e recebeu 240 mililitros de silicone em cada seio. E se precisar de mais 50 cirurgias, avisa Lexa, "tudo bem".

"Tudo que sempre fiz foi de forma muito consciente. Já me frustrei por um tempo com meu corpo, por causa de pessoas falando um monte de coisas que me magoaram, mas hoje estou feliz desse jeito, e se tiver que fazer ajuste, repuxo tudo. A mulher, se quiser, pode fazer 50 plásticas ou ter pelo na axila e está tudo bem".

Essa autoestima de hoje, ressalta a cantora, foi construída com ajuda de um psicólogo.

"Demorei para me amar. Sempre fui dependente do amor das pessoas, e a análise me ajudou nessa virada de chave", conclui ela.