Reforma econômica: reaproveitar o que já tem é bonito, barato e sustentável
A ideia de reformar um imóvel ou um cômodo da casa pode ser desanimadora quando se pensa no custo e no trabalho de retirar e descartar as estruturas e móveis já existentes para substituir tudo por materiais novos. Embora esta ainda seja a escolha da maioria das pessoas, existe uma alternativa que ganha cada vez mais espaço no Brasil, que é reformar com o menor desperdício possível, reaproveitando materiais que já estão disponíveis no imóvel e dando uma nova roupagem para pisos, revestimentos, mobília e até para os itens de decoração.
A preocupação de resgatar materiais ou móveis que já existem nos ambientes tem crescido tanto entre os clientes comerciais quanto os residenciais, segundo o arquiteto especializado em sustentabilidade Rafael Loschiavo, do escritório Ecoeficientes. "Claro que no geral as pessoas ainda querem consumir produtos novos, mas já temos clientes vindo até nós interessados em soluções de reaproveitamento", conta. Em alguns casos, o aproveitamento de materiais pode ser total, dependendo que já existe no imóvel.
Revestimentos originais
No caso dos pisos, por exemplo, há quem encontre tacos de madeira embaixo de carpetes ou pisos laminados, o que permite lixar e tratar o taco antigo, sem a necessidade de investir em um novo material. "Se você não gosta dele no aspecto natural, pode pintar, clarear ou escurecer, tem muitas técnicas disponíveis até na internet que mostram várias possibilidades", explica a designer de interiores sustentável Erika Karpuk, que tem um canal próprio no Youtube.
O mesmo acontece com revestimentos de parede. "Existem construções em São Paulo que têm três revestimentos colados um em cima do outro, então a gente faz o trabalho de retirar e lixar tudo", conta Loschiavo. Outro exemplo são os forros de gesso no teto, que podem ser removidos para deixar as vigas e a fiação à mostra. "Mostrar as características naturais da construção é uma estética que está em alta hoje", afirma Loschiavo.
Portas e azulejos ficam
Portas de madeira são outro item que pode ser reaproveitado. Segundo Erika, é possível transformar uma porta de madeira em mesa de jantar ou prateleiras, ou então dar uma nova pintura para mantê-la na função de porta. "Já tive muito cliente que queria trocar as portas, mas se pintar já faz toda diferença", diz a designer. Armários também são patinhos feios das reformas tradicionais, mas ela destaca que é possível trocar apenas as portas ou o fundo do armário, além de dar uma nova pintura.
Erika ficou mais conhecida na internet depois de ensinar uma técnica de cobertura de azulejos com massa acrílica, que pode ser pintada de qualquer cor, ou finalizada com aspecto de cimento queimado. Neste caso, a economia pode ser de 80%. Outras alternativas para paredes de azulejo são trocar apenas a parte superficial do rejunte ou pintar toda a superfície com tintas específicas.
Também é possível colar azulejo sobre azulejo, o que gera economia de pelo menos 40% no processo. Segundo Erika, a maior economia vem da ausência de entulho, já que uma caçamba pode custar R$ 250 em São Paulo. "Em uma cozinha média você pode precisar de uma caçamba inteira, fora a mão de obra para retirar o azulejo. Quanto você coloca um sobre o outro, economiza muito", afirma. Para quem mora em casa e precisa nivelar o seu jardim, utilizar os azulejos descartados podem ser uma boa solução, segundo a especialista.
Impacto Ambiental
Além do custo, outra vantagem é relativa ao impacto ambiental. O entulho proveniente da construção civil no Brasil chega a 123 mil toneladas por dia, segundo dados de 2017 da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). De acordo com Erika, apenas 30% deste volume é destinado para a reciclagem.
Para destinar corretamente os resíduos da sua reforma, é importante buscar uma caçamba que seja cadastrada na prefeitura da sua cidade. Outra dica é perguntar para o responsável pela caçamba qual é a destinação do resíduo, pois existem aqueles que enviam o material para usinas de reciclagem.
Decoração sustentável
Não é apenas a estrutura original dos imóveis que pode ser aproveitada neste tipo de obra. Móveis e itens de decoração também podem ser repaginados para dar outra cara ao ambiente. Esta foi a escolha da empreendedora carioca Rossana Castro, de 37 anos. Formada em engenharia e pesquisadora na área de sustentabilidade, ela decidiu reformar dois dormitórios e um escritório da sua casa, no bairro de Moema, em São Paulo. Nos moldes tradicionais, a reforma custaria mais de R$ 25 mil, mas com o reaproveitamento dos móveis ela conseguiu gastar apenas R$ 12 mil. "Eu queria economizar porque sabia que meus móveis e objetos estavam em bom estado", conta.
Com a pintura das paredes e a reforma dos móveis, ela conseguiu uma maior harmonia e organização nos ambientes. No processo, dois criados-mudos se transformaram em uma cômoda, móveis foram adesivados ganhando novas cores, e a cabeceira da cama foi revestida com um piso laminado que havia sobrado da reforma anterior. Outro item que ganhou nova personalidade foi o rack, que virou um nicho de parede. Novos itens de decoração foram comprados no bazar das Casas André Luiz, em Guarulhos, e reformados para ganhar uma nova identidade. "Com criatividade foi possível reduzir os custos", conta.
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