Governo da Arábia Saudita defende uso do aplicativo que rastreia mulheres
O Ministério do Interior da Arábia Saudita divulgou uma nota neste sábado (16), respondendo às críticas contra o aplicativo Absher, criado pelo próprio governo, que seria usado por maridos para controlarem suas mulheres. O senador democrata dos Estados Unidos Ron Wyden e as organizações Anistia Internacional e Human Rights Watch chegaram a pedir que Apple e Google tirassem o app de suas respectivas lojas.
Na nota, a justificativa é de que as críticas não passam de uma tentativa de "desabilitar os benefícios de mais de 160 serviços processuais diferentes" que são facilitados pelo aplicativo e usados por "todos os membros da sociedade, incluindo mulheres, idosos e pessoas com necessidades especiais".
De fato, o Absher oferece uma série de serviços aos cidadãos sauditas, que podem renovar documentos por meio do aplicativo. Mas tem também a função de controlar o uso desses documentos por pessoas que estão sob a guarda do chefe da família, como os filhos menores de idade. No caso da Arábia Saudita, a regra vale também para mulheres -- a "lei de guarda" estabelece que toda cidadã saudita terá um homem como seu "guardião", cargo normalmente ocupado pelo pai ou pelo marido.
Por isso, ao usar o aplicativo, o homem consegue rastrear o uso, por exemplo, do passaporte da mulher. Ele recebe notificações por mensagem de texto com um alerta avisando que uma mulher sob sua tutela está em um aeroporto. Segundo o jornal "The New York Times", o app foi desenvolvido pelo Centro Nacional de Informação, um órgão do governo da Arábia Saudita.
Para o senador Ron Wyden, o país pode até restringir e reprimir mulheres, mas as empresas americanas, no caso da Apple e do Google, "não devem permitir ou facilitar o patriarcado do governo saudita". Por isso, pede que as gigantes da tecnologia tomem alguma atitude frente ao caso.
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