App de segurança privada oferece escolta para sair à noite em São Paulo
Depois que uma amiga foi assaltada no bairro do Morumbi, em São Paulo, a advogada Denise Campielo, de 57 anos, ficou quase um ano sem ter coragem de frequentar festas e eventos noturnos na região. Embora a violência na capital paulista continue alta -- foram 136 mil roubos e furtos e 80 latrocínios em 2018, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo --, nos últimos quatro meses ela voltou a circular pelo bairro em qualquer horário e afirma sentir menos medo de sair à noite. A mudança foi possível graças a uma novidade tecnológica semelhante ao Uber.
Mas em vez de chamar um carro, este aplicativo permite solicitar o acompanhamento de um segurança privado para fazer a escolta do seu carro durante os trajetos que ela percorre na noite de São Paulo. O segurança chega de moto, em média, de 10 a 20 minutos depois do chamado, e acompanha o cliente até ser dispensado. Batizado de Anjo 55, o aplicativo cobra R$ 2,70 por minuto e funciona de quarta a domingo, entre 18 horas e 4 horas da manhã.
Para percursos mais longos, segurança na sua cola
Hoje, Denise utiliza o serviço quatro vezes ao mês. "Vou muito a festas, shows, cinema, e sempre tive muito medo de ir com meu carro ou mesmo de Uber ou táxi. Agora se vou a um lugar um pouco mais distante, já chamo o segurança", conta a advogada, que mora em Moema. Ela conta que nunca foi assaltada, mas que seu ex-marido já sofreu um assalto dentro do carro com seus dois filhos, no estacionamento de um supermercado. "Foi bem traumático, isso me marcou. Por isso eu tento me prevenir", afirma.
Os seguranças que atuam por meio do sistema são todos funcionários da empresa de segurança Gocil, que atua em 12 estados do país e conta com 12 mil colaboradores. Segundo o fundador do aplicativo, Fernando Braga, a Gocil tem três motoqueiros para atender os chamados do Anjo 55, além de oito seguranças que ficam em estado de alerta caso sejam necessários mais profissionais.
Seguranças armados e uso de GPS
Os vigilantes do aplicativo não carregam armas e atuam com o intuito de prevenir a abordagem de criminosos, acompanhando de perto o carro do cliente. Todos são uniformizados e vestem uma jaqueta com identificação da Gocil. O trajeto é acompanhado pela Central de Segurança da Gocil por meio de sistemas de GPS do segurança e do celular do cliente. A central também se comunica com o segurança por meio de um fone sem fio e faz alertas para que o cliente não entre em áreas consideradas perigosas.
Caso o cliente e o segurança se afastem, a central é alertada. O mesmo ocorre em caso de alguma ocorrência, para que a polícia seja chamada rapidamente. O aplicativo realizou cerca de 125 corridas, mas nenhuma sofreu tentativa de assalto.
"Este tipo de serviço era só pra ricos, mas isso mudou"
Até o momento, são atendidos chamados de clientes que saem de bairros da zona sul e região central de São Paulo, como Brooklin, Moema, Jardins, Morumbi, Alto de Pinheiros e Lapa. O acompanhamento do segurança, no entanto, não tem limite geográfico dentro da cidade. A única restrição são as rodovias, pois a alta velocidade do carro neste tipo de via torna desnecessário o acompanhamento, segundo o empreendedor.
De acordo com Braga, a intenção é ampliar o atendimento para outras regiões e estados conforme o aumento da demanda. "Este tipo de serviço era só para os muito ricos, mas sabemos que todo mundo tem medo de andar de carro em cidades violentas", conta o empreendedor, que já teve seu carro roubado com bagagens dentro, ao voltar de uma viagem de ano novo.
"Moro em São Paulo desde que nasci e tive que me acostumar com a sensação de medo que a gente vive, e foi assim que tive a ideia de criar este aplicativo", afirma. Além do sócio Rafael Barros, especializado em tecnologia, o empreendimento contou com a participação de três investidores pessoas físicas que aportaram R$ 950 mil no negócio, e está em negociação com outros três investidores para uma nova rodada de investimentos.
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