Maria Flor fala de racismo sofrido por namorado negro: "Jamais entenderei"
A atriz Maria Flor, conhecida por filmes e séries como "Cazuza - O Tempo Não Para" e "3%" (Netflix), fez um relato sobre seu namoro de três anos com o também ator Jonathan Haagensen, famoso pelo longa "Cidade de Deus".
"Ele é negro, eu sou branca. A gente se conheceu em um filme e se apaixonou. E lá atrás, eu com 19 e ele com 20 anos, a gente não pensou sobre isso", escreve no começo do seu post no Instagram.
Na sequência, falou sobre como foi notando o racismo enfrentando cotidianamente pelo namorado e o estranhamento que a relação dos dois causava nas pessoas. "A gente foi percebendo que não era normal a gente junto em um restaurante, que não era comum fazendo compras no mercado, que não era tranquilo ele dirigir o carro porque seríamos parados na blitz se ele estivesse dirigindo e não eu", escreveu.
Lembrou, ainda, um episódio em que ambos foram parados por policiais, que mandaram Jonathan descer do carro para revistá-lo. "Aquilo era humilhante", diz Maria Flor, que se revoltou. "Eu na minha jovem arrogância gritei com o policial. O Jonathan pediu para eu parar, mas perdi a mão. E o policial nos levou para a delegacia por desacato", escreveu.
Ela continua com uma reflexão bastante atual sobre a dificuldade de brancos compreenderem o racismo. "Eu, branca, garota da zona sul do Rio de Janeiro, achei que podia fazer justiça. Mas não, eu não podia, e eu só fiz ele passar por uma humilhação que eu jamais entenderia. E mesmo tendo visto e vivido a experiência de ser olhada nos lugares por estar de mãos dadas com um negro, eu jamais entenderei."
Maria Flor conclui seu texto falando sobre como brancos deixam de enxergar a ausência de negros nos espaços públicos e de convívio social, o que mostra que o racismo estrutural é uma marca fortemente presente na sociedade brasileira. "Temos que olhar para o lado e perceber que a não existência de um negro na escola do nosso filho não é normal, que não ter um negro no cinema ao nosso lado não é normal, não ter um negro num restaurante não é normal, não ter um negro no ambiente de trabalho não é normal. Não percebemos nosso próprio descaso diário", finaliza.
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