Mulher tem que fazer a unha toda semana? Elas dizem que não; saiba por quê
Desde a adolescência você pinta(va), tira(va) as cutículas e lixa(va) as unhas em longas sessões na manicure. Já era ou é um hábito, uma rotina semanal. Claro, não tem problema amar e investir no esmalte, mas tem quem deixou esse ritual para lá.
E quem "largou mão" não é contra quem faz as unhas. A diferença é que, para elas, hoje só importa cortar e higienizar sem enfeitar demais por obrigação.
A decisão pode ser para questionar padrões de beleza, por saúde, sustentabilidade ou por simplesmente achar um saco perder tanto tempo com vaidade.
Ela publicou no Instagram as unhas naturais. E o post teve mais de 8 mil curtidas
É o caso da consultora de moda e ativista sustentável Giovanna Nader, 32. O que a fez desistir do ritual na manicure foi um combo de motivos.
"A maioria dos esmaltes não são biodegradáveis", escreveu no Instagram na última semana.
E falou mais."Nada de radicalismos e não estou aqui pra dizer que não devemos fazer as unhas nunca mais, mas será mesmo que precisamos estar sempre com elas feitas?", questionou. Mais de 500 mulheres comentaram ter abandonado o hábito.
Poderia usar o tempo para fazer outra coisa, né?
À Universa, Giovanna conta que parou logo que a filha nasceu, há um ano. Ela foi a um salão e viu que gastou muito tempo lá. "Eu me perguntava: o que eu estou fazendo aqui? Eu poderia estar com a minha filha, trabalhando ou ter esse tempo para mim", lembra.
De lá para cá, ela não fez mais as unhas e se orgulha de não gerar mais resíduos como o algodãozinho, o palito da cutícula e até a embalagem do esmalte e da acetona.
Claro. Largar esse hábito não é fácil e pode rolar uma pressão. A social media Mariana Marques, 26, por exemplo, já trabalhou em um lugar que as unhas eram fiscalizadas. "Unha pintada com defeito não podia", relembra.
"Se eu trabalhasse em um ambiente que todo mundo tinha unha feita, eu me forçava para me sentir mais 'mulher'. Eu pintava 30% por gostar e 70% por pressão dos outros", conta. Hoje, não faz mais as unhas.
Ser mulher = fazer a unha (?)
Já a universitária Ana Beatriz Lima, 19, começou a fazer a unha aos 10 anos. E a história dela é a mesmo de outras garotas: o ato de fazer as unhas foi o marco entre a infância e o ato de "se tornar mulher".
Lembro de ter sentido que pintar minhas unhas queria dizer que estava virando 'mocinha'. Que era coisa de 'mulher'. Foi na mesma época em que menstruei, então foi aquele peso enorme
Há anos, Ana não pisa em uma manicure, por não querer aplicar produtos químicos nos dedos ou cortar as cutículas. Ela mesma faz as unhas, mas só às vezes. "Sem pintar, eu sinto que minha mão está feia, mas estou tentando lidar com isso", diz.
'Descontruí naturalmente e não faço mais'
"Normalmente, há uma tradição quando se é adolescente. Eu nunca tive apreço em fazer unha, nunca gostei e sempre o achei o ato doloroso, como tirar a cutícula", explica a jornalista Marina Spindola, 25.
Marina bem que tentou obedecer o ritual, mesmo incomodada. Tentou usar unhas de acrílico, e uma delas caiu em meio à sua festa de formatura da faculdade: "um desastre". Já são três anos sem pintar as unhas.
"O estalo em deixar de fazer foi simples. Mas há todo um histórico de desconstrução -- que aconteceu sem perceber -- de me livrar de amarras e cobranças de como as pessoas me veem", diz.
Brasileiro consome muitos produtos de beleza
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) mostram que o brasileiro é um dos maiores consumidores de produtos de beleza no mundo. Só perdemos para Estados Unidos, China e Japão. A instituição não oferece dados específicos sobre esmaltes, mas o mercado de beleza brasileiro gerou 31,2 bilhões de dólares em 2017.
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