Guia da maquiagem com glitter (e como tirar depois da folia sem sofrer)
Glitter. A procura pela palavra começa a subir no Google em janeiro. Hoje, a três dias do início do Carnaval, sua busca é o dobro de dezembro. A explicação é óbvia: a época é de chamar atenção durante o dia e noite. Mas o pó colorido pode gerar controvérsias e colocar a saúde em risco. Veja tudo o que você precisa saber sobre o produto que faz todo mundo brilhar nessa época do ano.
Pra não prejudicar a natureza
O ponto brilhoso é uma micropartícula de plástico, e leva muitos e muitos carnavais para que a decomposição aconteça. Quando você morrer, a sujeira de todo o glitter que já usou na vida ainda ficará por aqui por pelo menos mais 300 anos.
"Não existem estudos conclusivos específicos sobre o impacto do glitter, mas eles são microplásticos e, assim como todas essas micropartículas, escoam para as lagoas e baías e, uma hora ou outra, acabam entrando na cadeia alimentar. Em um primeiro momento, os prejudicados são os peixes, e, em um segundo, somos nós, que comemos cada vez mais peixe plastificado", explica o biólogo Mario Moscatelli.
Mas isso não é motivo para deixar de brilhar. Já existem inúmeras marcas que produzem bioglitter, que tem em sua composição alga e pó de mica, reabsorvidos de forma muito mais rápida pela natureza. Uma rápida busca pela hashtag #bioglitter no Instagram leva a lojas que prometem entregar em todo o Brasil. Vale lembrar, no entanto, que essas são opções bem mais caras. Mas há também opções bacanas de descarte para não impactar o oceano. Com um pouco de criatividade, a natureza não precisa sofrer com a festa.
Como escolher a purpurina certa
Há muitas opções no mercado, com formatos, cores e preços muito variados, a partir de R$ 1, podendo passar de R$ 100. Para áreas sensíveis, é sempre melhor investir em marcas que você já conheça.
"Os de marcas de maquiagem geralmente são mais seguros, porque são testados dermatologicamente", alerta a dermatologista Claudia Sá.
Além disso, o ideal para os olhos são os pigmentos finos, que têm a textura de pó. As purpurinas maiores, como aquelas em formato de estrela e coração podem representar uma verdadeira tragédia para os olhos. E isso não é alarmismo. A expert em carnaval Amanda Britto, do blog Starving, dedicado ao tema, teve problemas em 2018.
"No final do carnaval do ano passado, algum glitter maior entrou no meu olho e arranhou a minha córnea. Tive uma conjuntivite, fui ao oftamologista cinco vezes em um mês, usei óculos por dois meses", lembra.
O oftamologista Edvalcio Nunes explica que poderia ter sido até pior. "Pode causar inflamação nos olhos, conjunvite, processo alérgico, dependendo do tipo de componente do glitter. Ceratite (inflamação da córnea), fotofobia. Pode acontecer uma úlcera, no caso de inflamação não tratada. Em casos extremos, até a perda do olho, caso não receba tratamento".
Use filtro solar
Antes de qualquer coisa, vale o lembrete de sempre: use protetor solar. No começo do ano, a arquiteta Renata Parucker, de 26 anos, que toca trompete no carnaval, acabou esquecendo esse passo.
"Foi o dia da abertura do carnaval não-oficial, fizemos sessão de fotos e eu não passei protetor. Quando lembrei, já estava toda com o glitter pronto e não dava mais. Aí, fiquei tirando as fotos no sol e depois fui tocar no bloco", conta.
Prepare sua pele
Agora, vamos lá: para o look durar o bloco inteiro (e depois o próximo), a preparação da pele faz diferença. Os flocos aderem melhor em superfícies úmidas. É preciso ter em mente, no entanto, que o melhor jeito de fixar o glitter nem sempre faz bem para a pele, como explica Tatiana Baumworcel, dona da Purpurine, marca especializada em glitter e serviços de make glitterinada.
"Acho que é preciso avaliar o quanto você se preocupa com a sua pele. Se você cuida muito bem da pele o ano inteiro, não vale chegar no carnaval e estragar. Os métodos mais leves para fixar são com manteiga de cacau, pomada de criança (tipo Bepantol) ou gel sem álcool. Cola de cílios ou Acrilex e finalizar com laquê não é recomendado", explica.
A maquiadora Monica Reis aposta no gel de cabelo. "Gosto muito de gel de cabelo, sempre sem álcool, para não prejudicar a pele. Pra mim, é a melhor coisa para colar glitter, porque ele fixa muito bem, mas sai fácil na hora de retirar. E dá um excelente acabamento", diz.
A blogueira Amanda Britto prefere a segurança de produtos pensados para a função, especialmente para a área do rosto.
Na falta das opções anteriores, vale vaselina, gloss ou um hidratante para fazer a purpurina durar.
Para brilhar perfeita, sem erros
Se você deseja fazer aquele look de glitter bem certinho e desenhado, reserve um tempinho para se arrumar antes de começar a folia. Deixar tudo perfeito leva tempo e requer um pouquinho de paciência.
Para deixar o glitter uniforme, sem falhas, uma boa estratégia é, antes, usar uma maquiagem por baixo e fazer duas camadas, para garantir a cobertura completa.
A ordem também faz diferença. "Comece aplicando do maior para o menor. Os de partículas maiores devem ir primeiro, caso contrário, os mais finos grudam em toda a base que você passou (seja o gel, o primer, a vaselina, a cola) e depois não há aderência para os maiores", explica a expert Tatiana.
Para exorcizar o glitter
Todo mundo que usa glitter já ficou com aquela impressão de que nunca mais conseguiria tirar todos os pontinhos brilhosos. Eles se espalham com facilidade e há algumas dicas pra conseguir remover cada grão. Também é importante ter em mente que, no momento do descarte, na água, é que há o risco de contaminação dos oceanos.
"Passar um hidratante ou um óleo e retirar com lencinho de papel, antes do banho, ajuda a tirar o excesso", explica a maquiadora Monica. O método também é consciente do ponto de vista ambiental, já que o descarte das partículas não será feito na água.
A dermatologista Claudia Sá indica os demaquilantes bifásicos para a remoção. "São seguros porque são testados e têm menos chances de causar irritação", afirma.
Passar condicionador infantil com o corpo ainda seco e ir tomar banho é outro truque para tirar o glitter biodegradável. Óleo de coco em algodão também costumam funcionar.
E evite tirar com fita crepe."As fitas autoadesivas tiram a camada superficial da pele, então, junto com o glitter, você acaba fazendo um peeling, retirando a camada de cima. Aí, no dia seguinte, você vai expor aquela pele mais sensível ao sol, colocar glitter de novo, não é recomendado", alerta Cláudia.
Quer garantir que os pedacinhos da sua festa não parem no oceano? A especialista em glitter Tatiana desenvolveu um método. "Na hora de tomar banho, basta colocar um coador de café de pano no ralo, assim, todas as partículas ficam presas ali. Depois é só esperar secar e bater no lixo. Já na pia, é só colocar um filtro de papel de café e fazer a mesma coisa, que dá certo", garante.
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