João de Deus: 45 anos de estupros e vítimas menores de 13 anos
Centenas de vítimas e mais de 40 anos de impunidade marcam um relatório que expõe os crimes sexuais atribuídos a João de Deus.
O documento foi criado pelo Ministério Público de Goiás na última quinta (21) e mostra o trauma das vítimas que acusam o médium de diversos tipos de violência sexual. Segundo o MP, o médium violentou pacientes espirituais ao longo de 45 anos.
310 vítimas: um número que pode ser maior
Entre 1973 e 2018, foram identificados 310 casos pelo Ministério Público. Ao menos 15 meninas alegam terem sido vítimas antes dos 13 anos. A maioria das denúncias formalizadas é de mulheres com idades entre 18 e 30 anos.
Nem todos os casos que chegaram ao MP continham informações suficientes, como explica o promotor Augusto César Borges Souza.
"Nós recebemos e-mails, telefonemas e contatos de pessoas que não conseguimos informações suficientes para mapear quando abrimos um canal para denúncias. Foram casos de vários estados e MPs espalhados do país", diz. Os promotores compilaram as denúncias que tinham mais detalhes no gráfico (abaixo)."
Quase um terço das vítimas agredidas por meio de penetração tinha até 17 anos
O relatório mostra os ataques dos quais João é acusado. As vítimas foram divididas por idade. Por exemplo: 39% das mulheres na faixa dos 31 aos 45 anos acusam o médium de terem sido obrigadas a tocá-lo ou foram atacadas com toques sexuais sem consentimento.
Já 30% das vítimas que tinham de 14 a 17 anos foram estupradas por meio de penetração -- é o perfil com a maior porcentagem de ataques desse tipo.
Cerca de 30% das vítimas relatam terem sido vítimas de ejaculação. De acordo com relatos feitos ao MP, seguidores eram levados a acreditar que o sêmen era ectoplasma, ou uma manifestação sobrenatural.
As vítimas desse tipo de ataque vão dos 0 aos 45 anos, e concentram-se particularmente na faixa dos 18 a 30 anos de idade. De crianças a idosas há registros de toque, penetração e masturbação forçados.
Estupro de vulnerável e o aumento da pena
As vítimas são, em sua maioria, de Brasília, e dos estados São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul que iam até Abadiânia (GO) para receber uma 'cura' espiritual ministrada por João de Deus. O médium está há dois meses preso, e nega todas as acusações.
O Tribunal de Justiça de Goiás, e o Superior Tribunal de Justiça nesta quinta (28), negaram pedido de liberdade e habeas corpus pedidos pela defesa.
O relatório produzido pelo MP-GO será capaz de aumentar ainda mais a pena do suspeito em um futuro julgamento. Isso porque, desta vez, João Teixeira de Faria foi denunciado à Justiça por estupro de vulnerável.
Os procuradores goianos apresentaram as denúncias à ministra Damares Alves, líder do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, e continuam a apurar mais relatos. "Os dados são atualizados quase toda semana na medida que recebemos novos relatos", explica o promotor Augusto.
Indenizações e apoio às sobreviventes dos abusos sexuais
Agora, os procuradores tentam conseguir na Justiça uma indenização no valor de R$ 20 milhões, em "caráter pedagógico", para projetos de acolhimento a vítimas de violência sexual.
A Justiça já havia bloqueado R$ 50 milhões do médium, sendo R$ 30 milhões para indenização das mais de 300 vítimas.
A Universa tentou contato com o advogado responsável pela defesa do médium, mas ele não respondeu as perguntas até o fechamento da matéria.
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