Por que a masturbação jamais deveria causar ciúme em você ou no par?
Por muito tempo --digamos que durante boa parte da história da humanidade-- a masturbação foi tida como algo pecaminoso e errado. Com a revolução sexual no Ocidente, nas décadas de 1960 e 1970, começou a ser discutida e até mesmo encorajada --mais entre os homens do que entre as mulheres, por herança cultural e patriarcal.
Hoje, a masturbação é tida como um instrumento não só de prazer como de autoconhecimento, fundamental para uma sexualidade sadia, mas ainda é um tabu para muita gente. E, apesar de ser um tipo de preliminar excitante para muitos casais, principalmente quando ocorre de maneira mútua, o fato é que, quando é feita a sós, ainda é motivo de desconforto em relações estáveis.
Vibrador não é rival
Falando claramente, muitos homens se incomodam com os sex toys da parceira e até os encaram como "rivais" --afinal de contas, eles se perguntam, por que a mulher precisaria de um vibrador se tem um pênis de verdade à disposição? Em contrapartida, não são poucas as mulheres que --situação das mais comuns-- se chocam ao flagrar o cara se masturbando no banho e se ressentem da prática, julgando que o parceiro não está satisfeito ou, pior, está pensando em outra enquanto se estimula.
A verdade é que o vibrador costuma proporcionar, sim, sensações diferentes que a da penetração do pênis e que talvez o sujeito esteja mesmo entregue a fantasias no chuveiro. Nada disso, de acordo com os especialistas, é motivo para ficar com a pulga atrás da orelha por conta de insegurança ou deve ser encarado como uma espécie de infidelidade.
"Se há algum conflito, ele não tem nada a ver com a pessoa que se masturba, mas, sim, com quem vê algo errado nisso. Ninguém deveria se incomodar em saber que o par encontre prazer no próprio corpo", diz Breno Rosostolato, psicólogo, educador sexual e cofundador do projeto de imersão para casais LovePlan.
Masturbação faz bem
De acordo com Nelly Kim Kobayashi, sexóloga e parceira da butique erótica Innuendo, em São Paulo (SP), a masturbação do par é considerada como uma espécie de traição por falta de informação sobre os benefícios da prática --maior conhecimento do próprio corpo e do que propicia prazer, relaxamento e exploração de zonas erógenas, entre outros-- e por dificuldade de diálogo na relação. "Quando a pessoa se sente amada, o casal conversa abertamente sobre a sexualidade de cada um e sabe-se que a masturbação não afetará negativamente a relação a dois", aponta.
Para não magoar o outro, por vergonha ou medo de despertar suspeitas, há quem faça tudo às escondidas. Muita gente prefere a masturbação, mas quando a culpa permeia algo que deveria ser motivo apenas de deleite é possível que logo surja um "elefante na sala de estar" --algo que ambos sabem ou pressentem, porém fingem desconhecer.
Segundo Nelly, tanto os brinquedos eróticos quanto as fantasias sexuais são recursos benéficos para a masturbação e, claro, para a sexualidade. "O parceiro pode ficar enciumado, mas quando perceber que isso é totalmente saudável e que vai melhorar a vida sexual do casal e, assim, fortalecer o vínculo entre os dois, todos os conflitos podem se amenizar", explica.
Conversem, conversem, conversem
O caminho é conversar. E, ainda, praticar a dois, assim um pode descobrir o que agrada o outro e vice-versa, melhorando a comunicação e trabalhando qualquer tipo de inibição que possa acontecer na cama. Um motivo real para desconforto é quando a masturbação passa a se tornar a única forma de prazer para alguém, ou seja, quando a pessoa evitar o contato a dois. Nessa situação, buscar ajuda de um psicoterapeuta é imprescindível.
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