Vale a pena namorar sem paixão? Casais contam suas experiências
Há quem jure que já se apaixonou à primeira vista e, do primeiro encontro, engatou direto um longo relacionamento. Mas nem todo mundo começa um romance seguindo esse script. Há também os que topam levar adiante uma relação meio morna, com pretensão zero, e acabam construindo uma história de amor. Aqui, casais que não sentiram o coração acelerar pelo par nas primeiras ficadas contam como perceberam que estavam fazendo a escolha certa, ao assumir um compromisso mesmo assim.
"Achei que poderia dar certo já que, sempre que ia sair, queria que ele estivesse junto"
"Conheci meu namorado, Caio, em um aplicativo de paquera há dois anos. Conversamos por um tempo até, finalmente, nos encontrarmos. Começamos a nos encontrar às vezes e, depois de alguns meses, decidimos viajar juntos. Descobrimos, com a convivência, que nos dávamos bem e decidimos namorar. Não me apaixonei, não foi intenso, mas o amor foi sendo construído. Agora, levamos o relacionamento para o trabalho e somos sócios de uma cafeteria", Mayara Carlis, 25 anos, empresária.
Segundo o coodernador do Serviço de Psicoterapia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Luiz Cuschnir, a etapa mais difícil na hora de engatar um namoro sem paixão é os dois estarem a fim de um compromisso juntos. Começam a surgir sentimentos como admiração, afinidade e companheirismo, e, pela boa convivência, o casal sente vontade de ficar junto.
"Não queria me envolver, mas ele me passou muita segurança"
A psicanalista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo Luciana Saddi, vale a pena investir quando os valores batem e as ideias são semelhantes. "O que faz dar certo é a pessoa mostrar como é e, quando não há paixão, é mais fácil não tentar impressionar. É mais fácil que um relacionamento funcione com estabilidade".
"Quando nos separamos, só queria voltar"
"Eu estava namorando quando conheci Cristiano em uma festa, em 2004. Trocamos telefone, mas só liguei depois de um mês, já solteiro. No primeiro encontro, transamos, já que a química não foi das piores. Continuamos saindo, mas nem beijo rolava mais. Ainda assim, mantivemos s os encontros de vez em quando por três anos. Tinha medo de namorar, afinal, o que eu esperava de um namoro era a paixão arrebatadora. Terminei, mas só pensava nele, só queria voltar. Ele topou e estamos juntos até hoje", Clayton Gallo, 41 anos, publicitário.
De acordo com a psicóloga clínicia Cláudia Ribeiro Sá Martins, é importante entender que não basta amar, mas ter vontade de investir na relação, buscar alternativas para estar junto. Se os dois estiverem a fim e se esforçarem, vai rolar. "Em muitos casos, a persistência é a chave para o relacionamento decolar até que o desejo se manifeste de forma espontânea".
"Quando perdi o bebê e ele cuidou de mim, o amor deu um salto imenso"
"Comecei a ficar com o irmão de uma amiga mesmo sem estar apaixonada, nos dávamos bem. Ficamos, sem compromisso, por três anos, até que engravidei. Perdi o bebê e sofri muito. Ele esteve do meu lado durante todo o tempo e o que sentíamos um pelo outro aumentou. Ele não me deixou sozinha em momento algum. Acredito que, ali, o amor floresceu. Estamos juntos há oito anos", Juliana de Fátima Bontorim, 36 anos, jornalista.
Ao contrário da paixão, o amor é uma construção, segundo psicóloga e especialista em psicodrama terapêutico Marina Vasconcellos. "Quando acontece algo ruim e o casal se apoia para superar, há uma aproximação e uma vontade natural de intensificar a convivência".
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