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Mulheres protagonizam um mundo em evolução


A Sandy tem muito mais a oferecer do que a ingenuidade da "Maria Chiquinha"

Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Gustavo Frank

Da Universa

14/03/2019 16h52

Nessa semana, uma novidade tomou conta dos que viveram a adolescência ou infância no fim dos anos 90 e começo dos anos 2000: o retorno de Sandy, Júnior - não mais "Sandy & Junior", para sustentar a individualidade de ambos como artistas, como eles mesmos disseram na coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira (12).

Aos 36 anos de vida, Sandy Leah Lima hoje é mãe, cantora, compositora, atriz e instrumentista. Hoje, aquela "Maria Chiquinha" ficou para trás -- isso sem tirar todo o mérito da sua carreira na infância - e o "símbolo de inocência" hoje tem muito a dizer, como artista e mulher.

A Sandy também transa, assim como qualquer outro ser humano

Em 2011, muita gente ficou chocada quando a Sandy falou abertamente sobre sexo à revista "Playboy". Sexo anal, masturbação, filme pornô e sex shop foram alguns dos tópicos abordados por ela, que reforçam a sua imagem como mulher adulta e sobretudo com sua liberdade.

Em tempos de discussão sobre o feminismo, é importante que uma figura pública, como ela, coloque um ponto final no tabu de que a mulher precisa ser "recatada" para ser respeitada.

"É completamente válido. Temos de conhecer o nosso corpo antes de querer que os nossos parceiros conheçam!", disse ela à publicação.

A maternidade agrega, não reduz

Desde que se tornou mãe de Théo, Sandy tem aberto o jogo sobre a realidade da maternidade, inspirando outras mães a não romantizarem a situação e se sentirem desvalorizadas com o que não é dito por aí.

Uma das pautas abordadas por ela foi a amamentação, como contou em entrevista à Xuxa Meneghel: "Eu precisava de uma certa ajuda. Para eu ter mais leite, o médico falava para eu dormir à noite. Ele falava: 'Uma mamada você fala para o Lucas ou para a babá dar. Você tira o leite e eles dão por você. Depois, você dorme um pouquinho mais e, quando acordar, você vai estar mais descansada e com mais leite'. Eu tinha pouco leite e fazia isso às vezes".

Sandy e Lucas Lima - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Sandy e o marido Lucas Lima
Imagem: Reprodução/Instagram

Na mesma entrevista, a cantora disse que foi difícil voltar a cantar, mas priorizou sua individualidade como mulher.

"Foi muito difícil voltar. Eu tive que tirar força nem sei da onde, acho que do futuro. Fiquei pensando: 'É melhor eu voltar, porque depois, quando o Theo crescer um pouco, vou ficar com vontade de trabalhar e não vai ter espaço para mim'. Foi uma decisão racional mesmo, pensando no que seria melhor para a minha carreira, para o meu futuro como pessoa. Tive que pensar com a cabeça, com toda minha racionalidade para decidir que eu queria voltar, porque vontade, de dentro assim, não tinha. Fiquei pensando: 'Como é que vou compor uma música agora? Porque minha cabeça está preocupada se o Theo fez cocô, se comeu, se tirou a sonequinha da tarde, se ele dormiu bem à noite, se tem o tempo dele para brincar e ser criança, a casa, o marido'. Minha vida pessoal tomou conta do meu tempo e da minha cabeça".

Reinvenção como artista

Quando terminou a dupla com o irmão, muita gente ficou se perguntando como seria a carreira dos dois a partir de então. Muitos questionaram inclusive se algum deles daria certo. O que foi confirmado com o sucesso dos seus três álbuns solos: "Manuscrito" (2010), "Sim" (2013), e "Nós, Voz, Eles" (2018).

Sandy no palco - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

"A gente sentiu que as possibilidades para nós dois juntos estavam se esgotando um pouco. A gente não tinha mais para onde ir, criar e fazer coisas diferentes. Então, a gente quis explorar o caminho individual para ver o que mais a gente poderia conhecer (...) Logo que acabou a dupla, eu me dei um tempo fora dos palcos, dois anos, terminei a faculdade, casei... Depois comecei a olhar para dentro e ver o que eu poderia tirar dali. Quando o disco ficou pronto, a coisa tomou forma e eu ainda estava um pouco insegura, porque eu não sabia qual seria o meu público", disse ela no programa "Altas Horas".

Sandy confessou ainda que sabia que a carreira solo agora teria outra dimensão e abraçou essa nova fase, se reinventando como artista.

"Fui muito de coração aberto, sabendo que não ia retomar da onde parei, que eu ia descer uns degrauzinhos. Mas eu também escolhi ser uma artista um pouco menor. Era uma artista que fazia show para 70 mil pessoas em estádio, e fui fazer show em teatro, em casa de show. É um outro tipo de realização, que me preenche muito até hoje. Uma escolha que eu fiz e que me deixa realmente feliz."