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Vó Sônia fatura R$ 210 milhões vendendo bolos simples e fresquinhos

A Casa de Bolos produz cerca de 1,2 milhão de unidades mensalmente - Divulgação
A Casa de Bolos produz cerca de 1,2 milhão de unidades mensalmente Imagem: Divulgação

Simone Cunha

Colaboração para Universa

15/03/2019 04h00

Na casa de Sônia Maria Napoleão Ramos, 73, reunir a família em torno da mesa para comer bolos simples, que saíam quentinhos e perfumados do forno, era uma tradição. Mas o grande feito da vó Sônia, como é conhecida pela família, foi transformar isso em um negócio de sucesso.

Com dez anos, a rede Casa de Bolos fechou 2018 com um faturamento de R$ 210 milhões, uma alta de 16% em relação a 2017. O valor foi registrado no total das 370 lojas, espalhadas por 16 estados do País.

"Começamos em 2009, quando meu filho caçula, Rafael, foi desligado do trabalho. Ele teve a ideia de alugar uma sala no centro de Ribeirão Preto (SP) para vender os bolos que eu fazia. Preparávamos de noite e, logo cedo, pegávamos duas conduções para ir até o ponto comercial. Eu ficava na loja e ele saía pelas redondezas, com o uniforme, para promover degustações e entregar cartões de visita", diz a matriarca.

No primeiro dia de produção, 21 bolos saíram do forno. Já nos meses subsequentes, os produtos passaram a acabar antes do horário de fechamento da loja. "Notamos que seria preciso aumentar a produção, mas fomos fazendo isso gradualmente", conta Sônia.

Nessa época ainda não existiam outras lojas de bolos caseiros que colocassem à disposição dos clientes sabores variados, comercializados de maneira mais profissional. "Fomos pioneiros em investir nesse segmento e, depois, a inovar: a primeira versão de bolo caseiro no pote saiu da minha loja", diz.

Em 2009, a família juntou suas reservas financeiras e até pediu dinheiro emprestado para expandir, desenvolvendo o modelo de franquia. Dois anos depois, em 2011, as primeiras lojas franqueadas finalmente se tornaram uma realidade, ainda restritos à região de Ribeirão Preto. "Quem não acreditava passou a perceber que o bolo era um negócio lucrativo. Meus filhos se uniram para organizar e estruturar um negócio que fosse capaz de chegar ao máximo possível de pessoas".

Segundo Sônia, o sucesso do negócio tem a ver com o poder que um bolo simples, caseiro, feito na hora, tem de nos remeter a boas lembranças e a momentos de prazer e afeto.

"Era hábito, em muitas famílias, as avós fazerem bolos para os netos, em dias normais. Com a rotina de trabalho e os afazeres domésticos, não sobra mais tempo para esse carinho. Suprimos, de certa forma, essa lacuna", avalia.

Hoje, a rede faz 40 mil bolos por dia, alcançando uma produção mensal de 1,2 milhão de unidades. E ela garante que não se incomoda com a concorrência, que veio depois. "Isso é natural, os bons negócios são copiados".

Vó Sônia - Mapa da Mina 2 - Divulgação - Divulgação
Sônia e seus filhos, com quem comanda os négocios da Casa de Bolos
Imagem: Divulgação

Sônia prefere focar toda a sua energia em aprimorar o modelo desenvolvido. "Procuramos ouvir os clientes para entender seus reais desejos e necessidades", conta. Para atender às diferentes demandas, atualmente, o portfólio de produtos oferece mais de 70 sabores.

De acordo com a fundadora, o Brasil tem uma extensão territorial muito grande, com uma cultura alimentar bastante distinta, que é preciso conhecer e explorar: "As Cucas são um exemplo disso. Primeiro lançamos na região Sul, mas logo elas foram sendo apresentadas a todo o País, com sucesso". Porém, os bolos mais pedidos continuam sendo os tradicionais: fubá, milho e cenoura.

Hoje, a gestão do negócio é compartilhada com os quatro filhos: Rafael, Eduardo, Daniel e Fabricio. Mas são as receitas de Sônia que continuam se espalhando pelo Brasil.

Receitas espalhadas por todo o Brasil

A expansão da marca foi acontecendo de forma orgânica, conta a empresária, e hoje muitas lojas são administradas por mulheres.

Pelo sucesso do empreendimento, ano passado, a Casa de Bolos entrou na lista das 50 maiores redes de franquias da Associação Brasileira de Franchising. Para se tornar um franqueado, há três modelos de negócio: quiosque, com investimento de R$ 120 mil a R$ 150 mil; loja standard - formato mais procurado pelos franqueados; e loja Fit, as duas últimas exigindo investimento que varia entre R$ 150 mil e R$ 250 mil.

Para não perder a essência, a Casa de Bolos investiu em um Centro de Treinamento em Ribeirão Preto, onde se aprende a base do negócio: as receitas originais da Vó Sônia, a serem fielmente replicadas nas lojas. Além disso, a marca conta com um Centro de Distribuição dedicado aos franqueados, para dar todo o apoio necessário em matérias-primas e na implantação de novas lojas.

Em 2019, a rede quer atingir a marca de 400 lojas de rua e crescer 15% no faturamento em relação ao ano passado. "Meu maior desejo é que a Casa de Bolos seja um investimento atrativo mas, principalmente, um negócio prazeroso, que envolva a família toda", afirma.